Neste espaço de formação estamos abordando as reflexões catequéticas elaboradas por Reinaldo Beserra dos Reis para a Novena de Pentecostes. A cada semana, apresentaremos a reflexão catequética correspondente a um dia da novena.

Dizia o Evangelho de João, na leitura que vimos em nosso encontro anterior (Jo 7, 37-9), que o “Espírito ainda não tinha sido dado porque Jesus não tinha ainda sido glorificado.”

Depois da catequese sobre o Espírito Santo – também já vista por nós (capítulos 14, 15 e 16 de São João) – , Jesus se dirige ao Pai em oração e pede que seja removida essa barreira: “Pai, é chegada a hora: glorifica o teu Filho, para que o teu Filho possa glorificar-te…” (Jo 17, 1). E nós sabemos em que consiste a glorificação de Jesus, descrita nos capítulos seguintes (18 e 19):
prisão, julgamento, paixão, morte e ressurreição!

Após esses fatos (capítulo 20), naquele que é considerado o “Pentecostes apostólico”, já vemos os efeitos da glorificação de Jesus: embora as portas estivessem fechadas, Jesus aparece no meio deles, mostra-lhes suas chagas gloriosas, deseja-lhes a paz, sopra sobre eles (retomando uma imagem do Espírito muito conhecida deles,o ruah) e diz: “Recebam o Espírito Santo! ( Jo 20,19-21). Como a dizer: “Sim, recebam-no; agora Ele pode ser dado (como Eu vos disse!), agora Ele é dom para vocês…”

Na outra descrição de Pentecostes registrada por Lucas (Atos 1 e 2), temos outras evidências do novo modo de o Espírito Santo estar presente. Jesus, já ressuscitado e prestes a ascender aos céus (glorificado, portanto), instrui os apóstolos a aguardarem em Jerusalém, pois agora iria se cumprir-se a promessa do Pai. “Vocês vão receber o poder do Espírito Santo, que virá até vós” (cf. At 1,8), dizia.

Na seqüência, acontece o prometido. Os apóstolos, com Maria e algumas outras mulheres, estavam em oração no Cenáculo quando um vento impetuoso tomou conta do lugar, e umas como que línguas de fogo pousaram sobre eles, que logo começaram a se expressar com manifestações carismáticas, “falando em diferentes línguas conforme o Espírito lhes concedia que falassem.” E sendo entendidos por “pessoas de diferentes línguas e nações” (cf. Atos 1,12-
14, Atos 2, 1ss).

Quando o povo, atônito com aquela manifestação espiritual, pergunta a Pedro o que fazer, ele diz: “Arrependam-se, sejam batizados em nome de Jesus para o perdão de vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo; pois a promessa que foi feita a respeito dele é para vós, para
14 vossos filhos e para todos aqueles que estão distantes, e que Deus está chamando a Ele,” (cf. Atos 2, 37-39)

Cumpriu-se a promessa. Com Jesus glorificado, o Espírito é dado para todos os que ouvem o chamado do Senhor nosso Deus. O Pai e o Filho – como doadores – se doam a nós na Pessoa do Espírito Santo. Ele é uma Pessoa-dom, para nós de agora em diante. Inicia-se aí, em Pentecostes, uma possibilidade de relacionamento com Deus, no Espírito Santo, como nunca fora possível antes. Privilégio dos tempos messiânicos, privilégio nosso.

Agora o Espírito se doa a todos, vem para estar em nós (“Acaso não sabeis que sois templo do Espírito?”, cf. 1Cor 3, 16), vem para estar “eternamente conosco” (cf. Jo 14, 16), como Pessoa divina ( e não como uma coisa!), de modo não apenas natural mas, pela graça dos sacramentos, de um modo que supera admiravelmente a nossa natureza humana (cf. 1Cor 2, 4-5.10-14). E nosso Catecismo da Igreja Católica nos confirma: “O Espírito Santo está em ação com o Pai e o Filho do inicio até a consumação do Projeto da nossa Salvação. Mas é nos ‘últimos tempos’, inaugurados pela Encarnação redentora do Filho, que Ele é revelado e dado, reconhecido e acolhido como Pessoa.” (n.686). Buscar, pois, ter para com a Pessoa Divina do Espírito Santo um relacionamento pessoal íntimo, é corresponder aos dom (ao presente) que Deus faz de Si mesmo, a nós, em Pentecostes. Há como recusar isso?!
 

(BESERRA DOS REIS, Reinaldo. Celebrando Pentecostes: fundamentação e novena. Editora RCC BRASIL. Porto Alegre-RS) Para adquirir este livro clique aqui.