Hoje, na festa de Nossa Senhora de Guadalupe trazemos a homilia do papa Francisco, feita durante a missa na Basílica Vaticana, em 2016. A meditação apresenta a importância dessa solenidade, assim como da devoção e confiança na Virgem Maria.

 

Celebrar Maria é, em primeiro lugar, fazer memória da mãe, recordar que não somos nem nunca seremos um povo órfão. Nós temos uma mãe! E onde está a Mãe há sempre presença e sabor de casa. Onde está a mãe, os irmãos poderão desentender-se, mas triunfará sempre o sentido da unidade. Onde está a mãe não faltará a luta em benefício da irmandade. Sempre me impressionou ver, em diversos povos da América Latina, aquelas mães lutadoras que, muitas vezes sozinhas, conseguem criar os filhos. Assim é Maria. Assim é Maria em relação a nós, pois somos os seus filhos: Mulher lutadora diante da sociedade da desconfiança e da cegueira, perante a sociedade da indolência e da dispersão; Mulher que luta para fortalecer a alegria do Evangelho. Luta para dar «carne» ao Evangelho.

Olhar para a Guadalupana é recordar que a visita do Senhor passa sempre através daqueles que conseguem «transformar em carne» a sua Palavra, que procuram encarnar a vida de Deus nas próprias vísceras, tornando-se assim sinais vivos da sua misericórdia.

Celebrar a memória de Maria significa afirmar, contra todos os prognósticos, que «no coração e na vida dos nossos povos pulsa um forte sentido de esperança, não obstante as condições de vida que parecem ofuscar toda esperança» (V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, Documento de Aparecida, 29 de junho de 2007, 536).

Maria amou porque acreditou; porque é serva do Senhor, é serva dos seus irmãos. Fazer memória de Maria significa celebrar que nós, como Ela, somos convidados a sair e ir ao encontro dos outros com o seu olhar, com as suas vísceras de misericórdia, com os seus gestos. Contemplá-la quer dizer sentir o forte convite a imitar a sua fé. A sua presença leva-nos à reconciliação, infundindo em nós a força para gerar vínculos na nossa abençoada terra latino-americana, dizendo «sim» à vida e «não» a qualquer tipo de indiferença, exclusão e descarte de povos ou de pessoas.

E não tenhamos medo de sair e fitar o próximo com o seu olhar. Um olhar que nos faz irmãos. Tornamo-lo porque, como Juan Diego, sabemos que aqui está a nossa Mãe, sabemos que estamos sob a sua sombra e a sua proteção, que constitui a fonte da nossa alegria, que estamos no seu colo (cf. Nicam Mopohua, 119: « Não estou aqui, que sou sua mãe? Você não está sob minha sombra e abrigo? Eu não sou a fonte de sua alegria? Você não está no debaixo do meu manto, no cruzamento dos meus braços? Você precisa de algo mais?»).

Concede-nos a paz e o trigo, nossa Senhora e Menina,
uma pátria que una casa, igreja e escola,
um pão que seja para todos e uma fé que arda
através das tuas mãos postas, dos teus olhos de estrela. Amém!

 

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