Aplausos, beijos e abraços acolheram no final da tarde da Quinta-feira Santa o Papa Francisco no complexo penitenciário de Rebibbia, zona leste de Roma, onde celebrou a Missa da Ceia do Senhor, com o rito do Lava-pés. Francisco chegou à Penitenciária pouco depois das 17h locais (meio-dia no Brasil) e se deteve por alguns momentos na parte interna do complexo, antes de entrar para celebrar a Santa Missa. No pátio o aguardavam mais de 300 detentos, o pessoal da polícia penitenciária, pessoal administrativo, os voluntários e capelães. O Pontífice cumprimentou quase um por um dos detentos, abraçando-os e beijando-os.
“Agradeço a todos vocês pela acolhida tão calorosa e sincera, muito obrigado!”, disse Francisco antes de entrar na Igreja do Pai-Nosso dentro do complexo penitenciário.
Na igreja, o Papa encontrou outros 300 detentos; 150 mulheres, incluindo 15 mães com as crianças, e 150 homens. Durante a celebração lavou os pés de doze deles: seis mulheres e seis homens, dos quais um brasileiro. Um dos momentos mais emocionantes foi quando Francisco lavou inclusive os pés de uma criança que estava no colo da mãe detenta.
“Eu também preciso ser lavado pelo Senhor, e por isso rezem durante esta Missa para que o Senhor lave também as minhas sujeiras”: foi o que disse o Papa Francisco, momentos antes de para lavar os pés dos doze detentos concluindo a sua breve homilia.
Na época de Jesus, disse Francisco pronunciando uma homilia sem texto escrito, “era costume, era hábito” lavar os pés dos hóspedes, “porque as pessoas quando chegavam em uma casa tinham os pés sujos de pó da estrada. Não existiam – disse -, os paralelepípedos naquele tempo. E na entrada da casa, se lavava os pés. Mas isso não era feito pelo dono da casa, eram os escravos que faziam isso: era trabalho de escravo. E Jesus lava como escravo os nossos pés, os pés dos discípulos. E por isso diz a Pedro: o que eu estou fazendo agora você não entende, você vai entender mais tarde.
Jesus é tanto amor que se fez escravo para nos servir, para nos curar, para nos limpar. Hoje nesta Missa – continuou Francisco – a Igreja quer que o sacerdote lave os pés de doze pessoas, em memória dos doze apóstolos. Mas no nosso coração devemos ter a certeza, devemos estar certos de que o Senhor, quando lava os nossos pés, nos lava totalmente, nos purifica. Nos faz sentir novamente o seu amor.
Na Bíblia há uma frase, no Profeta Isaías, muito bonita: pode uma mãe se esquecer do seu filho? Se uma mãe se esquecesse de seu filho eu jamais me esquecerei de você. Assim é o amor de Deus por mim. E eu vou lavar hoje os pés de doze de vocês, disse em seguida o Papa. Mas nestes irmãos e irmãs estão todos vocês, todos, todos, todos os que vivem aqui. Vocês representam eles. Mas eu também preciso ser lavado pelo Senhor, e por isso rezem durante esta Missa, para que o Senhor lave também as minhas sujeiras, para que eu me torne mais escravo de vocês, mais escravo no serviço das pessoas, como foi Jesus”, finalizou Francisco.
Fonte: Rádio Vaticano