Eu e minha casa serviremos ao Senhor (Josué 24,15), Josué faz uma relação entre a família e o serviço. Ao mesmo tempo que ele declara que sua família pertence a Deus, ele também declara que sua família servira a Deus. Há uma relação direta entre família e servir, isto é, família e vocação.

A vocação nasce na igreja, germina na igreja e dá frutos na igreja. Conforme aprendemos a família é a primeira igreja, o Concílio Vaticano Segundo chamou a família de “igreja doméstica” (LG 11), logo se as vocações vêm da igreja e a família é a primeira igreja, o local primário onde as vocações irão nascer, é a família.

Mas o que são as vocações? Vocação nada mais é do que servir dentro do chamado, do dom que Deus colocou dentro de cada um no momento da concepção, podemos dizer que cada um tem um dom, um chamado, uma vocação, e é preciso que a pessoa no trilhar da sua vida descubra esse dom, diga sim para ele e comece a servir através dele. Aqui estão dois pontos importantes, a pessoa começa a servir nesta vocação porque ela foi criada para isso, é o dom, o chamado dela. Se ela assim não o faz, ela se sentirá incompleta na vida, perdida, logo atender a sua vocação é encontrar e seguir a razão, o seu propósito neste mundo;

O segundo ponto está na palavra servir, Deus coloca uma vocação em cada um, mas a vocação nada mais é do que uma ferramenta de servir ao outro, de fazer o bem, de amar. Começamos a entender o que Santa Terezinha do menino Jesus queria dizer, quando afirmava em seus escritos: “Minha vocação é o amor”. Podemos então dizer que a vocação nada mais é do que amar, amar o próximo, fazer o bem, servir ao outro de formas diversas.

Como vimos até aqui, a vocação é uma missão que cada pessoa recebe. Com esta missão, a pessoa recebe também um dom de Deus para exercê-la. A vocação ao matrimônio, é a missão de formar uma família para que desta cresçam novos servos de Deus e novas vocações. A missão do sacerdócio, da vida religiosa é a missão de servir a igreja e pastorear o povo de Deus ajudando em sua caminhada. Existem pessoas que tem chamado a missão com os pobres outros a missão com doentes, outros na política etc., mas vemos que toda a missão começará, será descoberta e se desenvolverá na igreja e principalmente num cenário ideal, esta descoberta e motivação começará na família.

Aqui vai um ponto importante, nossas famílias têm sido um celeiro de vocações? Temos ajudado nossos filhos, nossos familiares a descobrirem e a viverem sua vocação?

Mas temos ainda outra questão que pode surgir: Como descobrir a vocação? E como ajudar o outro a crescer nessa vocação? Essa resposta é simples, pois se olharmos para todas as vocações, podemos resumi-las na palavra amor. A vocação é sempre uma forma de Deus nos usar para amar o outro, logo podemos dizer que toda vocação se resume em amar. Se vocação é missão, podemos dizer que nossa missão vai sempre se resumir em amar. Aqui está nossa resposta então, para formar nossos familiares, nossos irmãos, basta ensiná-los a amar. Mais uma vez, podemos citar Santa Terezinha do Menino Jesus que afirmava: “No coração da igreja eu serei o amor”, assim, devemos nós também assim como ela ter este desejo de ser e viver o amor

O Papa Francisco nos pede: “Devemos ser discípulos e missionários para anunciar ao mundo, com alegria, o evangelho”, para atendermos a isto, é simples, vimos que a vocação é o encontro do homem com aquilo que ele foi criado para ser, quando vivemos e fazemos aquilo que fomos criados para serem e fazer, somos felizes, alegres. Logo, servimos com alegria, vamos ao outro com alegria. Se não temos alegria no que fazemos é porque ainda não encontramos a nossa vocação ou porque ainda não nos encontramos dentro da nossa vocação. Logo, uma forma de levar alegria aqueles que não tem, é fazê-los encontrar-se com sua vocação. Outra análise que podemos fazer é que se não estamos felizes, se não temos feito com alegria aquilo que fazemos, é preciso rever se estamos de fato no caminho da nossa vocação.

Devemos a partir desta reflexão pensar também se em nossas famílias hoje se vive a alegria, já que a família é o local onde se nasce e se vive as experiências que germinarão vocações, essas famílias precisam ser o lugar onde se vive a alegria. Devemos proporcionar momentos de alegria em nossa família, nos momentos de encontro, nos momentos de sentar à mesa e até nos momentos de dificuldade, pois, a alegria é um dom de Deus que nos ajuda a viver a missão. Devemos trazer também a alegria para nossas igrejas, para nossas reuniões, para nossas partilhas e para nossas missões, já que muitas vezes esquecemos e tornamos, esses momentos cheios de peso, de responsabilidade e seriedade, mas sem alegria. Temos que viver a missão com responsabilidade sim, mas nunca sem a alegria da missão, a alegria do servir.

 

William e Daniela Marinho

Grupo de Oração Raio de Luz

Coordenadores do Ministério

para Famílias da RCC Rio de Janeiro