“Como Jesus morreu e ressuscitou, Deus ressuscitará os que nele morreram.”(1Tes 4,14)

É com esta passagem da Sagrada Escritura que a Igreja inicia, com a antífona[1] de entrada, a Liturgia Eucarística da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, ou seja, pelos Finados.

É interessante notar que a Igreja diz “Comemoração”, mas comemora-se o quê? A morte? A dor? A tristeza? A resposta se encontra no Prefácio da própria Missa[2]:

“Nele (Jesus) brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição.

E, aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola.

Senhor, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada.

E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível.”

Comemora-se, portanto, a Esperança! Esperança que não se baseia em contos de fada, ou em promessas vazias, mas em um fato histórico: Jesus Ressuscitou! E, porque Jesus venceu a morte, os que Nele creem, experimentarão a ressurreição.

Enraizada nesta fé, a Igreja reza pelos que já partiram. Esta oração tem seu fundamento naquilo que a Igreja é, Corpo de Cristo, e por isso, de uma maneira mística há uma comunhão entre o céu e a terra, ou seja, a Igreja peregrina (terrestre) pode oferecer sacrifícios e orações pelos que já partiram desta vida e que estão se purificando (Purgatório).

É a esperança na ressurreição que deve motivar a nossa caminhada diante da perda de alguém querido. O amor que construímos com aqueles que partiram não é destruído com a morte, pois o Amor venceu. A melhor forma de continuarmos amando e honrando os nossos falecidos, é oferecendo-lhes a nossa oração.

O Espírito Santo que nos foi dado pelo batismo é mais uma garantia da nossa ressurreição, pois Nele recebemos as primícias de eternidade, ou seja, cada fiel que vive com consciência o seu batismo já goza, aqui na terra, a sua união com Deus, que será plena no Céu.

A Eucaristia é outra certeza de eternidade, pois ela é o alimento daqueles que caminham para o Céu. É a comida e a bebida para a vida eterna. Como disse Jesus: quem come a minha carne e bebe o meu sangue não morrerá, eu o ressuscitarei. (cf. Jo 6,54). Portanto, quem comunga o Corpo e o Sangue do Senhor aqui na terra, já experimenta a força da ressurreição. Aleluia!

A Virgem Maria é o maior exemplo para a Igreja da glória que está reservada para aqueles que amam o seu Filho. Ela, Mãe da Esperança, nos ensina a não desistirmos, a não nos desesperarmos diante da morte. Mas, nos diz a cremos no seu Filho, pois quem Nele espera não sairá decepcionado.

Nessa Comemoração dos Fiéis Defuntos celebremos a vida, a esperança, a ressurreição. Como proclamamos todos os anos na Vigília Pascal, digamos também hoje:

“Morte, onde está a tua vitória?

Morte, onde está o teu aguilhão?” (cf. 1Cor 15,55)

Deus abençoe.

 

Pe. Carlos Alberto (Pe Carlinhos)

Assessor Eclesiástico da RCC Niterói (RJ)

 



[1]As antífonas são trechos da Sagrada Escritura que são lidos no início da Missa e antes da distribuição da Eucaristia, quando não há canto na celebração.

[2]Prefácio dos Fiéis Defuntos I, Missal Romano.