Jo 15,16: “não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais frutos, e o vosso fruto permaneça.”
O objetivo deste ensino é orientar aqueles que assumem uma coordenação sobre a importância de compreender a cooperação entre a graça e a natureza no ministério de coordenação, e tratar de algumas funções práticas pertinentes ao coordenador.
1- MINISTÉRIO DA COORDENAÇÃO
Coordenação vem da palavra latina cordinatione que significa: “ dispor sobre a certa ordem ou método, organizar o conjunto, pôr em ordem e desconjunto”. É uma “co-operação”, uma ação de co-responsabilidade entre iguais. A coordenação promove união de esforços, de objetivos comuns e de atividades comunitárias, evitando paralelismo, o isolamento na ação evangelizadora.
A coordenação tem por finalidade criar relações, facilitar a participação, comprometer na co-responsabilidade, realizar a interação e tornar eficaz o conjunto da caminhada do Movimento. São se trata de um ministério de privilégios, mas de serviços práticos, objetivos.
A função de coordenar, a princípio, é uma capacidade humana, um talento que pode ser buscado, desenvolvido, aperfeiçoado. O líder será capaz de coordenar de modo louvável determinado grupo de pessoas, conseguindo alcançar os reais objetivos pretendidos.
Existem técnicas e métodos avançados que ensinam de forma eficaz como uma pessoa pode transformar-se em um grande coordenador ou líder. Mas quando se trata de uma ação evangelizadora, é preciso recordar-se que “as técnicas da evangelização são boas, obviamente, mas ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada poderia fazer sem ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E ,ainda, o mais bem elaborados esquemas de base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se demonstram desprovidos de valor” (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, n. 75).
O próprio princípio de Deus, na escolha daqueles que iam dirigir o seu povo, não obedece a critérios humanos.
• I Cor 1, 26-31
Isto não descarta, obviamente, a colaboração do homem, isto é, o empenho em desenvolver ou aprimorar as suas potencialidades humanas. Porém, diante da realidade espiritual que é um Ministério de Coordenação, não se pode contar apenas com a capacitação humana.
Coordenador (conceito eclesial): pessoa cheia do Espírito Santo e conduzida por Ele, eleita por Deus, mediante confirmação da comunidade, para conduzir uma parcela do povo de Deus, empregando métodos de coordenação segundo carisma do amor.
A missão do coordenador é antes de tudo “divina, por isso para realizá-lo deve estar unidos a Jesus (Jo 15,1-8) e conduzida pelo Espírito Santo.”
2 – O CARISMA DA COORDENAÇÃO
O Senhor disse a Moisés: “Tens todo o meu favor” e “minha face irá contigo, e serei teu guia” (cf. EX 33, 12; 14). Podemos entender o carisma como sendo o “favor” ou “auxílio” dado por Deus para o vocacionado.
Sem o carisma, ficamos impossibilitados de responder à essa vocação. Ele é o “auxílio a nossa fraqueza” (Rm 8, 26) sem o qual nossas razões tornam-se vazias e infrutíferas.
O carisma é o alicerce para o exercício do ministério. A graça em ação = chárisma, que pressupõe a natureza, conforme Santo Agostinho. Trata-se de uma complementaridade entre divino e humano, em vista da missão.
“O carisma da coordenação se manifesta nas ações administrativas realizadas pelos coordenadores. No âmbito do nosso Movimento, ações administrativas são, especialmente: planejamento, organização, direção e pastoreio”.
3 FUNÇÕES DO COORDENADOR
a) Evangelizar
MC 16,15 – “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”.
Conceito de evangelizar = vem de Evangelho: Boa Notícia = evangelizar é anunciar uma Boa Notícia (Is 9,1-6; Lc 24, 1-43).
Podemos definir três espécies de evangelização:
1.Sacerdotal – Palavra celebrada;
2.Régia – Palavra vivida – testemunho (instauração do Reino de Deus no mundo);
3.Profética – Palavra proclamada.
Lembramos que todo o batizado tem as unções sacerdotal, régia e profética.
Evangelizar é a principal função do coordenador. Tudo na coordenação, planejamentos, propostas, projetos, eventos devem ser orientados para a evangelização.
b) Administrar
Latim ad (direção, obediência) e minister (subordinação) = aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, aquele que presta serviço a outrem.
Administrar significa ainda o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos.
Elementos da administração:
•Planejamento;
•Organização;
•Direção;
•Execução;
•Controle;
•Avaliação
c) Pastorear
Jo 10,11: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.
•Busca os irmãos transviados;
•Reanima os desanimados;
•Conduz o rebanho;
•Ouve, ama, orienta, ora;
•Supervisiona os planejamentos e tarefas
d) Liderar
Jo 11,16: “A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: ‘Vamos também nós, para morrermos com ele’”.
•Precede os irmãos na caminhada, primeiro na santidade, no amor, no perdão e no serviço.
•Dá sempre o primeiro passo.
•Não tem subordinados. Ele não dá ordens, mas todos fazem o que ele deseja.
•Transmite segurança, confiança.
•Transmite senso de justiça.
•Sabe que não deve fazer tudo sozinho.
e) Formar
Lc 11,1-11: “instruções aos discípulos”
•Com exemplo, testemunho de vida;
•Valoriza e promove meios para o crescimento espiritual e humano dos membros do grupo;
•Encaminha os servos do grupo para os encontros específicos de formação de cada ministério;
•Forma novos líderes.
NEEMIAS
Neemias foi um líder da época do pós-exílio que soube planejar, organizar, motivar e exercer liderança sobre quem vivia em Jerusalém e nas redondezas da cidade. Ele serve como um modelo de coordenador que assume a pratica a liderança com responsabilidade e praticidade. A partir das situações vividas soube:
•Equilibrar o planejamento prático com a confiança em Deus;
•Conviver com as críticas não merecidas;
•Resolver conflitos de personalidade e dificuldades no relacionamento humano;
•Enfrentar sérias pressões financeiras;
•Lidar com líderes antigos e algumas vezes machucados.