É sempre noite quando um grupo de crianças veste roupas assustadoras, mas nesta data não são motivo de espanto, quem dirá por seu doce pedido ao serem atendidas ao bater à porta de mais uma casa e perguntar: “travessuras ou gostosuras?” Talvez crianças assim ainda não baterão à porta de muitos aqui no Brasil na noite de 31 de outubro, véspera da Festa de Todos os Santos, mas a cena é familiar no cinema e desenhos animados americanos ao celebrar a data que chamam de “Dia das Bruxas”, que começa a entrar em nossa cultura em muitas realidades.

A história mostra que a data teve origem há cerca de 2.300 anos com o povo Celta (hoje países da Europa Ocidental), que tinha neste dia, o último do verão, também uma passagem para o ano novo. Data em que acreditavam que os espíritos dos mortos sairiam de suas covas para encontrar os vivos e se apossar de seus corpos. O medo destas supostas almas fez com que o povo colocasse na frente de suas casas objetos capazes de assustar as “ameaças”. Na lista de defesa estavam caveiras, ossos, bonecos, abóboras decoradas, entre outros.

Com a cristianização dos celtas, eles conservaram alguns costumes pagãos. Aproveitaram a coincidência com a Festa de Todos os Santos e a celebração de Finados, no dia seguinte, e misturaram tudo. Já o nome foi inspirado na antiga expressão inglesa “All Hallow’s Eve” (Noite de Todos os Santos). “Hallow” é uma palavra do inglês antigo para designar “pessoa santa”, que se tornou “Hallowe’en” em uma versão simplificada e depois “Halloween”. A tradição teria sido levada por imigrantes irlandeses aos norte-americanos em 1840, amplamente difundida em sua versão pagã, especialmente pelos meios de comunicação para o mundo. Na idade média passou a ser chamada de “Dia das Bruxas” na Europa.

Se ainda é noite para alguns, continua sendo dia sob a luz do sol que é Cristo Jesus para nós cristãos que celebramos a Festa de Todos os Santos, distante do ocultismo obscurecido por bruxas, fantasmas, caveiras e variadas formas de expressar o terror. É dia de fazer exatamente o contrário, não cultuar expressões do mal e olhar de forma inspiradora para os extraordinários exemplos de vida dos santos. E mesmo ao celebrar o dia dos Fiéis Defuntos, no dia 2 de novembro, olhamos para a morte com esperança e intercedemos pela salvação das almas, não o medo e ameaça vista pelos conforme os antigos Celtas.

A Igreja não tem hesitado em lançar a luz do Evangelho sobre essa celebração do Halloween, de forma especial neste tempo em que as culturas são difundidas com facilidade pela proximidade dos povos pela web, cinema e TV, em especial. Por meio de um artigo intitulado “As perigosas mensagens do Halloween”, publicado em 2009, o jornal oficial do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, estampava que “o Dia das Bruxas é uma corrente do ocultismo e completamente anticristão”.

Na mesma direção, nos últimos anos vimos atitudes de diversas dioceses pelo mundo orientarem os fieis a olhar de forma diferente para essa festa. Em 2010, a Igreja da Inglaterra fez um convite às crianças para que se vistissem de santos, ao invés de bruxas e diabinhos na data. No México, onde o Dia de Finados é considerado uma das principais celebrações religiosas após o Natal, quando o Halloween começou a influenciar os jovens na mesma época, a arquidiocese da Cidade do México também se manifestou por meio de um artigo no qual alertava que “se procuramos ser fiéis à nossa fé e aos valores do Evangelho, teríamos que concluir que a atual festa do Hallowen não só não tem nada a ver com a celebração que deu origem, mas também é nociva e contrária à fé e a vida cristã”.

São João Paulo II disse à juventude em 2012 queos jovens deveriam ser sal na terra (Cf. Mt 5, 13-14), e que este sal “tem a virtude de não deixar a identidade cristã desnaturar-se mesmo num ambiente duramente secularizado”. Este é o caminho, ser luz pela ação do Espírito Santo no mundo, assim como também exorta São Paulo: “não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito” (Cf. Rm 12,2). Para completar, o papa Bento XVI, ao dirigir à Igreja por meio da Exortação Apostólica Verbum Domini (2010), convoca-nos a sermos “agentes culturais”, a partir dos valores do Evangelho, que ele chama de “grande código para as culturas”, agirmos pela purificação do modo de viver do povo, o que chamamos também em nossa missão como Movimento de semear a cultura de Pentecostes!

 

Wiliam de Paula

Grupo de Oração Jovens Sentinelas-Diocese de Itabira

Membro do Núcleo Nacional do Ministério Jovem