Comemora-se, hoje, em toda a Igreja o dogma mariano da Imaculada Conceição de Maria proclamado em 1854, pelo Papa Pio IX, que declara:
“A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus, onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original”(cf. DS 2803).
A grandeza desse dogma enfatiza que Deus, pelo seu Eterno Poder, em vista da Encarnação de seu Filho, concedeu Àquela que o geraria na carne, uma graça singular do seu Espírito: a de ser preservada de toda mancha do pecado original, neste sentido, na Imaculada Conceição de Maria percebemos a ação da Santíssima Trindade, operando para a salvação dos homens.
A Igreja para chegar a essa definição passou por um processo longo e secular, que vai do “sensus fidei”, ou seja, do “senso da fé” das primeiras comunidades cristãs, passando pela reflexão teológica da patrística e do período medieval, até chegar a sua conclusão sob o magistério do Papa Pio IX, indicando que o dogma da Imaculada é um evento eclesial, confirmando o que Jesus ensinou: que o Espírito Santo conduziria a sua Igreja à plena Verdade (cf. Jo 16,13).
Podemos nos perguntar, o que o dogma da Imaculada Conceição nos ensina? Ensina-nos que Maria, por causa da sua íntima comunhão de vida com Cristo foi envolvida desde o primeiro momento de sua existência pelo amor do Pai, pela graça do Filho e pelos resplendores do Espírito Santo, sendo assim, preservada de toda a sujeição do mal. Portanto, somos convidados a viver essa mesma comunhão de vida com a Trindade, por meio dos sacramentos, que são graças que nos fortalecem na nossa luta contra o Maligno.
Ensina-nos que a Imaculada Conceição é o começo de um mundo novo animado pelo Espírito; é a plenitude do amor, superabundância de realidade cristã, paraíso reencontrado, indicando que pelo nosso batismo entramos também nesse mundo novo e, podemos, assim, esperar pelo Céu.
Ensina-nos que pela sua Imaculada Conceição Maria foi plena do esplendor do Espírito, mas isso não lhe tirou a concretude de sua condição humana, ou seja, Maria continuou sujeita as limitações e condicionamentos culturais, aos sofrimentos, ao caminho de amadurecimento e a peregrinação na fé, indicando que a vida no Espírito, não nos tira a nossa humanidade e é nessa condição, por vezes, cercada de sofrimentos, que Deus nos chama a fidelidade.
A Imaculada Conceição de Maria ensina-nos que a santidade é um projeto de vida, que se constrói na docilidade ao Espírito Santo, que faz com que renovemos o nosso “sim” a Deus diariamente.
A Beata Elena Guerra nos ensina:“Nela, a graça não encontrou obstáculo, até mesmo porque, pela bela alma de Maria não passou o sopro daninho da antiga serpente, e Nela nunca se manifestou tumulto de paixões, desvio de afetos e nem sombra de culpa, de modo a levar à plenitude da benéfica torrente da divina graça.” (cf. A Ave-Maria: comentada e meditada pela Beata Elena Guerra. Editora Cenáculo Universal: 2014)
Neste sentido, ser devotos de Maria Imaculada é ser antes de tudo homens e mulheres do Espírito, que em Maria encontrou espaço para agir, quer, também, em cada alma encontrar a mesma disposição.
Deus abençoe e Nossa Senhora proteja!
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Pe. Carlos Alberto (Pe. Carlinhos)
Assessor Eclesiástico da RCC Niterói (RJ)