“Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” esclarece o apóstolo Paulo na II carta a Timóteo 4,16.
Também Santo Ambrósio nos ensina que “A Palavra de Deus é a substância vital de nossa alma. Ela a alimenta, apascenta e governa. Não existe outra coisa que possa fazer com que a alma do homem viva, a não ser a Palavra de Deus.” E ambos estão cobertos de razão! Como viver sem a Bíblia? Como conhecer o caminho que nos leva a Deus sem lê-la? Nossa intimidade com esta “CARTA DE AMOR” deve ser diária e contínua, pois como nos ensina o Catecismo da Igreja, no número 134: “Toda a Sagrada Escritura é um único livro, este livro é Cristo, fala de Cristo e se cumpre em Cristo.” e é a Ele que queremos, mais nada! Em nosso relacionamento com o Santo Livro, convido você a refletir sobre quatro verbos que devem nortear esta maravilhosa e primordial convivência:
CONHECER
Correlacionados a este importante verbo, que expressa a ação de proximidade com o Senhor, temos os verbos ESCUTAR, LER, COMPREENDER e MEDITAR
Para conhecer, é preciso se aproximar através da leitura, da compreensão e quando isso acontece o próprio Senhor, por meio da oração e da Palavra, fala conosco.
O cristão nunca é tão verdadeiramente cristão quanto quando ele fala e ouve a Deus. Não é a quantidade de palavras, mas a Palavra que tem o poder de mudar a história da nossa vida. A escuta da Palavra é encontro pessoal com o Senhor da vida, um encontro que deve traduzir-se em escolhas concretas e tornar-se caminho e seguimento.
AMAR
Sinônimos a este verbo tão bonito temos: RESPEITAR e OBEDECER.
Nosso amor a Deus e à sua Palavra deve levar-nos à escolha radical de possuir o Senhor como único bem e também de conservar as suas palavras como um dom inestimável, mais precioso que toda a herança e toda a posse terrena. O salmo 118,105 assim nos alerta: “Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho.” o amor do salmista pela Palavra nasce do respeito e obediência a ela, por desejar conservá-la no íntimo, meditando-a, precisamente como Maria, que a conservava em seu coração.
VIVER
No mesmo sentido desse, temos os verbos OBSERVAR e GUARDAR. A Palavra do Senhor será lâmpada para os pés se vivermos com ela em nós! Quanto mais tempo eu e você passamos com ela, mais luz teremos em nosso interior para tomar decisões. O Senhor e a sua Palavra: eis a nossa “terra”, na qual se deve viver na comunhão e alegria.
PREGAR
Ou seja, ANUNCIAR, PROPAGAR, para que Jesus seja conhecido e amado. O apóstolo Paulo exorta: “Prega a Palavra!” (cf. II Tm 4,2) e nos convoca a, como ele, levar a Boa Nova a todos, em todo tempo. O padre Raniero Cantalamessa, pregador da casa Pontifícia, nos ensina em seu livro “O Mistério da Palavra de Deus” que “Deus não tem boca e fôlegos humanos: sua boca é o profeta e seu sopro o Espírito Santo. Assim Ele nos disse através dos profetas: “Tu serás a minha boca” (cf. Jr 15,19) e “porei minha palavra sobre seus lábios” (cf. Jr 1,9). Com a vinda de Cristo, Deus não mais fala só através dos profetas, mas também com voz humana, perceptível ao ouvido. O VERBO foi visto e ouvido! Aquilo que se ouve não é palavra de homem, mas Palavra de Deus, porque quem fala não é apenas a natureza e sim a pessoa de CRISTO. Deus não fala mais de forma indireta, mas pessoalmente na pessoa de CRISTO! Por isso, na Palavra, encontremos O Cristo!
Que este breve texto nos ajude a refletir, de modo sério e comprometido, como anda nosso RELACIONAMENTO cotidiano com a CARTA DE AMOR que o próprio Deus nos escreveu.
Que Maria, nossa mãe amada, MULHER que acolheu e gerou a Palavra, seja a nossa guia e o nosso conforto, e como ela, pela INTIMIDADE COM A PALAVRA DE DEUS, Jesus se faça em nós!
Leandro Rabello
Coordenador Nacional do Ministério de Pregação RCCBRASIL