Crente e ao mesmo tempo inconformista, o escritor e jornalista católico Vittorio Messori casou-se com o Evangelho porque, simplesmente, era inevitável. Ele mesmo explicou isso no dia 26 de fevereiro, em um encontro em Roma promovido pela Libreria Editrice Vaticana.

Apresentando a nova edição da obra Cose della vita, último dos quatro volumes da casa editorial – junto a Pensare la storia; La sfida della fede e Emporio Cattolico –, Messori relatou as razões de sua fé, apesar de todo peso que a razão teve em sua formação.

Nascido em Sassuolo, e licenciado em Turim com Alessandro Galante Garrone (“que não me perdoou ter-me tornado católico”), pupilo de Norberto Bobbio (“grande nome do laicismo puro”), após a descoberta da fé nos anos universitários, Messori dedicou sua atividade literária à busca da verdade do Evangelho. Com mais de um milhão de exemplares vendidos na Itália, o primeiro de seus livros, Hipóteses sobre Jesus, foi traduzido a dezenas de idiomas e ainda hoje é reeditado. Muitos outros best seller internacionais vieram com o tempo.

Um dos fatores do êxito editorial de Messori é devido a sua capacidade de captar as dúvidas e as perguntas de muitos católicos e também de muitos ateus. “O ateu é um crente – explica –, faz todo o possível para demonstrar que Deus não existe”. O ateu “sempre corre o risco da conversão”, enquanto que ele, nos tempos de agnosticismo, não tinha nada “contra” a religião. “Era uma subcultura da qual não me ocupava”.

De formação anticlerical, “à maneira emiliana” (da Emilia Romagna, região italiana), a primeira pessoa a quem Messori, em 1976, teve de explicar sua “iluminação” foi sua mãe. Muitos se surpreendiam do Messori religioso. “Não me convinha ser católico. Tratava-se de começar do zero. Foi algo a que tentei resistir, mas, já se sabe, o homem propõe e Deus dispõe. Assim, rendi-me à evidência”.

Messori estava tão longe das coisas sagradas que “para buscar a paróquia à qual pertencia minha casa tive de recorrer às páginas amarelas”. Desde então, abriu-se o caminho até se converter em incômodo, em politicamente incorreto. Um episódio para todos: “na metade dos anos 70, lançar um livro como o meu significava no máximo terminar na estante secundária das Paulinas. Nos mostradores principais estavam o manual do bom sindicalista e o Jesus revolucionário”.

Ninguém se perguntava sobre as origens da fé. Ao contrário, o debate voltava-se sobre suas consequências e, portanto, perguntava-se como enfrentar os problemas econômicos à luz do Evangelho. Como apologeta, Messori pretendeu em contrapartida explicar os motivos de crer. “A apologética é um dom de Deus, como a razão, da qual não há que renegar. No fundo, o último passo da razão está precisamente em compreender que muitas coisas a superam”.

(Mariaelena Finessi)

 Fonte: Zenit