“In persona Christi Capitis”

A configuração a Cristo por meio da consagração sacramental coloca o sacerdote dentro do Povo de Deus, fazendo-o participar do tríplice múnus de Cristo de uma maneira sua própria e em conformidade com a estrutura orgânica da comunidade eclesial. Agindo in persona Christi Capitis, o presbítero apascenta o Povo de Deus, conduzindo-o rumo à santidade. Daí surge “a necessidade do testemunho da fé por parte do presbítero em toda a sua vida, mas sobretudo no modo de avaliar e de celebrar os mesmos Sacramentos”. Ocorre ter presentes a doutrina clássica, retomada pelo Conc. Vaticano II, segundo a qual, “embora a graça possa levar a termo a obra da salvação também por ministros indignos, no entanto prefere Deus, ordinariamente, manifestar as suas maravilhas através daqueles que se fazem mais dóceis ao impulso e à direção do Espírito Santo, pela íntima união com Cristo e a santidade de vida, e que podem dizer com o Apóstolo: “E, se vivo, já não sou eu, mas é Cristo que vive em mim”. (Gl 2,20)

Ministros da Eucaristia: “o centro mesmo do ministério sacerdotal”
(…) Podia Jesus porventura manifestar-nos a sua amizade de modo mais eloqüente do que permitindo-nos, como sacerdotes da Nova Aliança, agir em seu nome, in persona Christi Capitis? Ora, é o que acontece em todo nosso serviço sacerdotal, sempre que administramos os Sacramentos e especialmente quando celebramos a Eucaristia. Repetimos as palavras que ele pronunciou sobre o pão e o vinho, e através do nosso ministério, realiza-se a mesma consagração por ele realizada. Poderá haver uma prova de amizade mais completa do que esta? E ela encontra-se mesmo no centro do nosso ministério sacerdotal”.
A exemplaridade do sacerdote celebrante é fundamental: “celebrar bem constitui uma primeira e importante catequese sobre o Santo Sacrifício”. (…) É evidente que todas as manifestações – que não pertencem a formas de vago “espiritualismo”, mas revelam uma devoção teologicamente bem fundada – serão possíveis somente se o sacerdote for realmente um homem de oração e de autêntica paixão pela Eucaristia. Somente o pastor que reza saberá ensinar a rezar, enquanto saberá também atrair a graça de Deus sobre aqueles que dependem do seu ministério pastoral, de maneira a favorecer conversões, propósitos de vida mais fervorosa, vocações sacerdotais e de consagração especial. Em definitivo, somente o sacerdote que experimenta diariamente a “conversatio in coelis”, que faz da amizade com Cristo à vida da sua vida, estará em condições de imprimir um impulso real a uma autêntica e renovada evangelização.

Ministro da Reconciliação com Deus e com a Igreja
A nova evangelização deve poder contar com um número adequado de sacerdotes: a experiência plurisecular ensina que grande parte das respostas vocacionais positivas surgem graças à direção espiritual, juntamente com o exemplo de vida dos sacerdotes interior e exteriormente fiéis à própria identidade. “Todo sacerdote reservará um particular cuidado à pastorar vocacional, não deixando (…) de apoiar iniciativas apropriadas mediante a relação pessoal que faça descobrir os talentos e saiba descobrir a vontade de Deus em ordem a uma escolha corajosa no seguinte de Cristo. (…) É exigência insuprimível da caridade pastoral que – secundando a graça do Espírito Santo – cada presbítero se preocupe em suscitar ao menos uma vocação sacerdotal que lhe possa continuar o ministério”.
(…) Todo o serviço à Igreja será extremamente mais fácil se forem os próprios sacerdotes os primeiros a se confessar regularmente. Condição indispensável para um generoso ministério da Reconciliação é, com efeito, o recurso pessoal do presbítero ao Sacramento, como penitente (…). Em um sacerdote que não se confessasse mais ou se confessasse mal, o seu ser padre e o seu agir como padre se ressentiriam muito rapidamente, e também a comunidade, da qual ele é pastor, o perceberia”.
Entre as virtudes necessárias para um frutuoso desenvolvimento do ministério da Reconciliação é fundamental a prudência pastoral. Assim como ao administrar a absolvição o ministro participa da ação sacramental com eficácia instrumental, assim também nos demais atos do rito penitencial, a sua tarefa é pôr o penitente diante de Cristo, auxiliando, com extrema delicadeza, o encontro misericordioso. O que implica evitar discursos genéricos que não levem em consideração a realidade do pecado, e por isso torna-se necessária, no confessor, a ciência oportuna.

(“O Presbítero” – Mestre da Palavra, Ministro dos Sacramentos e Guia da comunidade em vista do 3o. Milênio)