Oferecemos, a seguir, as palavras que o Papa pronunciou nesse domingo (20), ao introduzir a oração do Ângelus com os peregrinos na Praça de São Pedro.
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Queridos irmãos e irmãs:
Com o quarto domingo do Advento, o Natal do Senhor já está diante de nós. A liturgia, com as palavras do profeta Miqueias, convida a contemplar Belém, a pequena cidade da Judeia que foi testemunha do grande acontecimento: “Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade” (Mq 5, 1)
Mil anos antes de Cristo, Belém tinha sido o lugar natal do grande rei Davi, a quem as Escrituras concordam em apresentar como antepassado do Messias. O Evangelho de Lucas narra que Jesus nasceu em Belém porque José, o esposo de Maria, sendo da “casa de Davi”, deveria dirigir-se a esta cidadezinha para o censo, e precisamente nesses dias Maria deu à luz seu filho Jesus (cf. Lc 2, 1-7).
De fato, a própria profecia de Miqueias prossegue aludindo precisamente a um nascimento misterioso: “Deus deixará seu povo ao abandono, até o tempo em que uma mãe der à luz; e o resto de seus irmãos se voltará para os filhos de Israel” (Mq 5, 2). Há, portanto, um desígnio divino que compreende e explica os tempos e os lugares da vinda do Filho de Deus ao mundo. É um desígnio de paz, como anuncia novamente o profeta, falando do Messias: “Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor e com a majestade do nome do Senhor seu Deus; os homens viverão em paz, pois ele agora estenderá o poder até os confins da terra, e ele mesmo será a Paz” (Mq 5, 3-4).
Precisamente este último aspecto da profecia, o da paz messiânica, leva-nos naturalmente a sublinhar que Belém é também uma cidade-símbolo da paz, na Terra Santa e no mundo inteiro. Infelizmente, em nossos dias, esta não representa uma paz alcançada e estável, mas uma paz fatigosamente buscada e esperada. Deus, no entanto, não se resigna jamais a esta situação e por isso, também este ano, em Belém e no mundo inteiro, se renovará na Igreja o mistério do Natal, profecia de paz para cada homem, que empenha os cristãos a adentrar-se no que está fechado, nos dramas, frequentemente desconhecidos e escondidos, e nos conflitos do contexto no qual vivem, com os sentimentos de Jesus, para ser, em todos os lugares, instrumentos e mensageiros de paz, para levar amor onde há ódio, perdão onde há ofensa, alegria onde há tristeza e verdade onde há erro, segundo as belas expressões de uma conhecida oração franciscana.
Hoje, como nos tempos de Jesus, o Natal não é um conto para crianças, mas a resposta de Deus ao drama da humanidade em busca da paz verdadeira. “Ele mesmo será a paz!” – diz o profeta, referindo-se ao Messias. Cabe a nós abrir, destrancar as portas para acolhê-lo. Aprendamos de Maria e José: coloquemo-nos com fé ao serviço do desígnio do Senhor. Ainda que não compreendamos plenamente, confiemo-nos à sua sabedoria e bondade. Busquemos primeiro o Reino de Deus e a Providência nos ajudará.
Feliz Natal a todos!
[Tradução: Aline Banchieri – ©Libreria Editrice Vaticana]
Fonte: Zenit
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