No dia 8 de outubro, a Igreja Católica celebra o Dia do Nascituro, uma data que ressalta a importância de proteger e valorizar a vida desde o momento da concepção até o seu declínio natural. Em uma mensagem que destaca a centralidade do Evangelho da vida, a Igreja enfatiza que a defesa da vida vai além da oposição ao aborto, abrangendo também a crítica à falta de políticas públicas e outras dinâmicas sociais que ameaçam a existência de cada pessoa.

O Dia do Nascituro nos lembra que todos têm o direito de viver dignamente e que a vida é um presente que deve ser protegido e valorizado. É uma chamada para que a sociedade brasileira, em conjunto, busque novas lógicas e narrativas que promovam a vida, afastando-se de cenários de desigualdade e injustiça social.

Padre Tiago Gurgel do Vale, graduado em Teologia e Medicina, com residência em Pediatria, Mestre e Doutor em Bioética, nomeado recentemente como Assessor da Comissão de Bioética da CNBB, enfatiza que essa celebração é de extrema importância tanto para a sociedade quanto para a Igreja como um todo. “Pelo princípio da dignidade humana se estabelece que todas as pessoas, sem reservas, devem ser tratadas com respeito, igualdade e liberdade. Esse princípio orienta a proteção dos direitos humanos e a busca por uma sociedade justa e inclusiva, independentemente das características pessoais dos indivíduos”.

A Igreja Católica tem se manifestado em defesa da vida desde o século passado, e, segundo Padre Tiago, essa preocupação não é apenas religiosa, mas também ética, filosófica e jurídica. A Igreja se posiciona a favor dos nascituros, que não podem se defender por si mesmos. “Sob o ponto de vista moral, é um pecado grave correr o risco de um homicídio, mesmo que haja dúvidas sobre quando exatamente uma pessoa se torna humana”, defende o padre.

A mensagem da Igreja ressalta que a fé cristã autêntica não pode ser dissociada do compromisso com a defesa da vida em todas as suas fases. Os discípulos de Jesus são chamados a se incomodar com desigualdades e práticas que ameaçam a inviolabilidade da vida, especialmente entre os mais vulneráveis. A mensagem de alerta que foca apenas em uma etapa da vida, ignorando as crueldades impostas a outras, representa um desequilíbrio perigoso. Como explica padre Tiago, “A questão do aborto vai além da Igreja, abrangendo a dignidade de todas as vidas, incluindo crianças nascidas, pessoas vulneráveis, idosos abandonados e outros grupos em situação precária”.

O Dia do Nascituro nos lembra da importância de valorizar a vida em todas as suas fases e de agir em prol da justiça social e da defesa dos mais vulneráveis. Como destaca o Papa Francisco, “ninguém se salva sozinho”. Ou seja, não se trata de uma celebração religiosa, mas de uma oportunidade de reflexão sobre a importância de proteger a vida em todas as suas etapas e de se engajar na promoção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

 

COMISSÃO DE BIOÉTICA DA CNBB

A Comissão de Bioética da CNBB desempenha um papel fundamental na promoção da vida e na luta contra a descriminalização do aborto. “A comissão especial de bioética da CNBB ela está dentro de uma comissão maior que é a comissão Vida e Família. No que diz respeito ao nascituro nós estamos vivendo um momento muito particular no nosso país por conta da ADPF442 que quer justamente ampliar a questão da descriminalização do aborto, onde favorece o abortamento até a 12ª semana de gestação. A comissão está muito atenta a isso e tem acionado diversas frentes parlamentares para se manifestarem contra a questão da descriminalização do aborto”. Além disso, o assessor da CNBB explica que “uma comissão está trabalhando em ações formativas para embasar seus argumentos no debate contra o aborto e a favor da vida, envolvendo agentes pastorais, o clero e os bispos em todo o país”.

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