Na Audiência Geral desta quarta-feira (08), com a Praça de São Pedro repleta de fiéis, Papa Francisco falou sobre o Sacramento do Batismo. Leia na íntegra:

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje começamos uma série de catequeses sobre os sacramentos, e o primeiro é o Batismo. Por uma feliz coincidência, neste domingo, será a festa do Batismo do Senhor.

1. O Batismo é o sacramento que sustenta a nossa própria fé e que nos envolve como membros em Cristo e na sua Igreja viva. Com o sacramento da Eucaristia e o da Confirmação, juntos, formam a chamada “Iniciação Cristã”, que é como um grande evento sacramental que nos configura a Deus e nos faz um sinal vivo da sua presença e do seu amor.

Pode nascer em nós uma pergunta: é realmente necessário o Batismo para viver como cristãos e seguir a Jesus? Não é basicamente um ritual simples, um ato formal da Igreja para dar o nome ao menino e à menina? É uma questão que pode surgir. E, nesse sentido, é esclarecedora a forma como o apóstolo Paulo escreve: “Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu do mortos pela gória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova” (Rm 6, 3-4).

Portanto, não é uma mera formalidade! É um ato que toca profundamente nossas vidas. Uma criança batizada ou não batizada, não é o mesmo. Não é o mesmo uma pessoa batizada ou não. Nós, através do Batismo, estamos imersos na fonte inesgotável de vida que é a morte de Jesus, o maior ato de amor de toda a história, e, por causa desse amor, podemos viver uma nova vida, já não à mercê do mal, do pecado e da morte, mas em comunhão com Deus e com os outros.

2. Muitos de nós não temos a menor lembrança da celebração deste sacramento, e é óbvio, se nós fomos batizados logo após o nascimento. Eu fiz esta pergunta duas ou três vezes aqui na praça: aqueles de vocês que sabem a data de seu batismo, levante a mão. É importante saber o dia em que eu estava imerso naquela corrente da salvação de Jesus, deixe-me dar-lhes um conselho. Mas, mais do que um conselho, uma tarefa para hoje. Hoje, em casa, descubra, pergunte a data do batismo, e assim você saberá bem este dia tão bonito do seu Batismo. Saber a data do nosso batismo é saber uma data feliz. O risco de não saber, é perder a memória do que o Senhor tem feito em nós, a memória do dom recebido. Então, chegamos a considerá-lo apenas como um evento que aconteceu no passado – e até mesmo não por nossa vontade, mas dos nossos pais – que já não tem nenhum efeito sobre o presente. Precisamos despertar a memória de nosso batismo.

Somos chamados a viver nosso batismo todos os dias, como realidade atual em nossas vidas. Se conseguimos seguir Jesus e permanecemos na Igreja, apesar de nossas limitações, nossas fraquezas e nossos pecados, é pelo Sacramento, no qual nos tornamos novas criaturas e fomos revestidos em Cristo. É em virtude do Batismo, de fato, que, livres do pecado original, somos enxertados na relação de Jesus com Deus Pai, que somos portadores de uma nova esperança, porque este batismo nos dá uma nova esperança: a esperança de ir pela estrada da salvação, por toda a vida. E esta esperança, nada e ninguém podem nos tirar, porque a esperança não decepciona. Lembre-se: a esperança no Senhor nunca desilude. Através do batismo, somos capazes de perdoar e amar até mesmo aqueles que nos ofendem e nos machucam. Que possamos reconhecer nos últimos e nos pobres o rosto do Senhor que nos visita e se aproxima. O Batismo nos ajuda a reconhecer no rosto dos mais necessitados, o sofrimento, até mesmo do nosso próximo, o rosto de Jesus. Tudo isso é possível graças ao poder do Batismo!

3. Um último elemento, que também é importante. E eu faço a pergunta: pode uma pessoa batizar ela mesma? Ninguém pode ser batizado por si mesmo! Ninguém. Podemos pedi-lo, desejá-lo, mas nós sempre precisamos de alguém que nos conceda este Sacramento em nome do Senhor. Por que o Batismo é um presente dado em um contexto de preocupação e de partilha fraterna. Sempre na história, um batiza o outro, o outro, o outro… é uma cadeia . Uma cadeia de Graça. Mas, eu não posso me batizar só: eu tenho que pedir a outro o batismo. É um ato de fraternidade, um ato de filiação à Igreja. Na celebração do Batismo podemos reconhecer as características mais genuínas da Igreja, que, como uma mãe continua a gerar novos filhos em Cristo, na fecundidade do Espírito Santo.

Peçamos, então, de coração ao Senhor que sejamos capazes de experimentar mais e mais na vida cotidiana, essa graça que recebemos no Batismo. Ao nos encontrar, que nossos irmãos se encontrem com verdadeiros filhos de Deus, verdadeiros irmãos e irmãs de Jesus Cristo, os verdadeiros membros da Igreja. E não se esqueça da tarefa de hoje: descobrir a data de seu batismo. Da mesma forma que eu sei a data do meu nascimento, eu também preciso saber a data do meu batismo, pois é um dia de celebração.

Fonte: Boletim Santa Sé