Duas datas por ano, dentro do nosso calendário litúrgico, são dedicadas a refletir sobre a presença da vida religiosa consagrada na Igreja: o dia 2 de fevereiro, instituído pelo papa João Paulo II em 1997 como o dia mundial da vida consagrada, e o terceiro domingo de agosto, mês vocacional. Diante disso surge a pergunta: O que é a vida consagrada e qual é a sua importância para a Igreja?

São João Paulo II traz uma definição extremamente bela na Exortação Apostólica Vita Consecrata (2011, nº.1, p.5):

“A vida consagrada, profundamente arreigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito. Através da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus — virgem, pobre e obediente — adquirem uma típica e permanente visibilidade no meio do mundo, e o olhar dos fiéis é atraído para aquele mistério do Reino de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena realização nos céus”.

Em outras palavras, Vida Religiosa Consagrada é Prefiguração da vida futura nos céus. Nas diversidades de carisma e missão das comunidades religiosas carismáticas há um único anseio, reinflamar a chama de Pentecostes, visto que segundo o documento Vita Consecrata (2011, nº.19, p.36): “deixando-se guiar pelo Espírito num caminho ininterrupto de purificação, tornam-se, dia após dia, pessoas cristiformes, prolongamento na história de uma especial presença do Senhor Ressuscitado”.

A vivência da espiritualidade carismática faz com que as comunidades religiosas se coloquem a disposição e a serviço da Igreja, em amor oblativo, generoso e concreto, buscando atender suas diversas necessidades espirituais e assistenciais. Segundo o documento Vita Consecrata (2011, nº.76, p.152): “A vida consagrada mostra eloquentemente que quanto mais se vive de Cristo, tanto melhor se pode servi-lo nos outros, aventurando-se até aos postos de vanguarda da missão, abraçando os maiores riscos”

As comunidades religiosas carismáticas na Igreja, são também construtoras da comunhão, diálogo e unidade com o corpo de Cristo, para que possam verdadeiramente se colocarem a serviço da Igreja, tendo um só coração: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”, nunca sozinhas, mas guiadas e direcionadas pela Igreja. Também não se isolam, se abrem à partilha que fortalece a espiritualidade, a fraternidade e a missão entre as diversas expressões com seus carismas específicos, essa é uma experiência que temos no Ministério para as Religiosas da RCC, a cada encontro, retiros e tantas iniciativas do ministério, como também nas formações e comunhão com a Conferência dos Religiosos do Brasil.

É importante ressaltar o que nos diz o RCC Responde (2021, nº.12, p.16): Muitas religiosas e consagradas tiveram sua experiência pessoal com Deus no grupo de oração, e ali houve um despertar ou a confirmação de sua vocação. Como instrumento de graça, faz-se importante cultivar a espiritualidade de Pentecostes que foi semeada na vida das consagradas.

Cultivar a espiritualidade de Pentecostes que foi semeada para bem viver a vocação, o carisma específico e servir a Igreja na missão, que são designadas as comunidades religiosas carismáticas. “Onde quer que haja consagrados, aí está a alegria!” Diz o nosso querido Papa Francisco e realmente é uma grande verdade!

Ir. Flávia de Souza Santos, sjs.

Formadora do Instituto das irmãs Salvistas