Neste mês vocacional a Igreja é convidada a rezar pela missão de cada fiel, reconhecendo a fecundidade do chamado de Deus. O Padre João Paulo Veloso, pertence a arquidiocese de Palmas (TO), mas atualmente encontra-se em Roma e partilha um pouco do seu despertar para vida sacerdotal.

 

“No serviço eclesial do ministro ordenado, é o próprio Cristo que está presente à sua Igreja, como Cabeça do seu corpo, Pastor do seu rebanho, Sumo-Sacerdote do sacrifício redentor, mestre da verdade. É o que a Igreja exprime quando diz que o padre, em virtude do sacramento da Ordem, age in persona Christi Capitis – na pessoa de Cristo Cabeça”. (CIC § 1548)

 

Se alguém perguntasse qual seria o lugar ideal para uma vocação ao sacerdócio nascer, dificilmente a resposta seria o ambiente universitário. Sabemos muito bem que as nossas universidades, locais de excelência, de produção de conhecimento e de novas tecnologias, padecem do mal que acomete praticamente toda a sociedade ocidental: a completa separação entre fé e vida (aqui compreendida nos seus âmbitos social, político, cultural, educacional). Pensar em Deus na universidade é algo que deixa as pessoas perplexas e não é por acaso que tantos adolescentes, ainda não maduros na própria fé, a perdem na primeira oportunidade.

Esta poderia ser muito bem a minha história. No entanto, Deus planejou um caminho diferente para mim. Foi justamente no ambiente universitário que nasceu minha vocação ao sacerdócio. Cursava jornalismo na Universidade Federal do Tocantins e, por providência, o Grupo de Oração Universitário (GOU) “Sintonia” se reunia semanalmente no mesmo bloco no qual eu estudava. Fui convidado várias vezes a participar, mas sempre recusava, até que um dia eu resolvi ceder. Ali cantaram a música “eu creio nas promessas de Deus” com tanta unção, ainda que bastante fora do tom e com um violão desafinado, que isso produziu um efeito em meu coração que até hoje não sei explicar. Você deve saber que um GOU dura apenas 15 minutos e bastou isso para que minha vida mudasse por completo.

Daquele dia em diante comecei a participar dos Grupos, das atividades e retiros da Igreja, sejam paroquiais sejam diocesanos, sempre com meus amigos que haviam me convidado ao GOU. Aos poucos fui percebendo o chamado do Senhor ao sacerdócio e, após três anos de discernimento e depois de haver concluído o curso de jornalismo, entrei no Seminário Interdiocesano do Divino Espírito Santo, em Palmas (TO). E no final deste mês, mais precisamente no dia 31 de agosto, completarei 6 anos de sacerdócio, para o louvor e com a graça de Deus.

A minha vocação não surgiu da noite para o dia, nem foi fruto de uma exclusiva experiência mística arrebatadora. Ao contrário, é o resultado de um processo de vida em comunidade e vivência diária da fé, escutando e discernindo junto com a Igreja a vontade de Deus para a minha vida. E este processo foi iniciado com um humilde Grupo de Oração de 15 minutos, em uma universidade.

Graças a Deus minha história não é única. Tantos e tantos sacerdotes que eu conheço têm histórias parecidas. Por isso é sempre bom lembrar: por mais humilde que seja o seu Grupo de Oração, seja onde for, não desista dele, pois é uma porta que Deus abriu (cf. Ap 3,8) e pela qual muitas graças passarão, inclusive vocacionais.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!