“A busca de Deus é a busca da felicidade. O encontro com Deus é a própria felicidade” (Santo Agostinho)

 

O homem está à procura de Deus. Pela criação, Deus chama todo ser do nada à existência. “Coroado de glória e esplendor” (Cf. Sl 8,6 – CIC 2566).

Ao olhar para toda história da humanidade desde Adão até os tempos de hoje, pode-se ver que Deus chama a todos, sem distinção, à vida.

Deus é o primeiro a chamar o homem. Ainda que o homem esqueça seu Criador ou se esconda longe de sua Face, ainda que corra atrás de seus ídolos ou acuse a divindade de tê-lo abandonado, o Deus vivo e verdadeiro chama incessantemente cada pessoa ao encontro misterioso (Cf. CIC 2567).

E não diferente, desde Adão, que nos submeteu ao pecado original, o homem tende a se afastar de Deus, buscando uma falsa realização pessoal, uma felicidade que o mundo tenta dar, mas que não completa, ao contrário, cada vez mais vai esvaziando o homem do que ele realmente foi chamado a ser e viver.

Ora se somos chamados por Deus, o único que pode nos completar e saciar a nossa razão de ser é esse Criador. Isso deveria entusiasmar e animar cada um a dar o melhor de si mesmo para crescer rumo àquele projeto, único e irrepetível, que Deus quis, desde toda a eternidade, para ele: “antes de formar-te no seio de tua mãe, eu já te conhecia, antes de saíres do ventre, eu te consagrei”(Cf. Jr 1,5 – Exortação Apostólica Gaudete Et Exultate § 13).

Uma das mais conhecidas narrativas do evangelho de encontro pessoal com Deus vivo, é o encontro da mulher samaritana com Jesus no poço ao meio dia, quando quase não se encontrava ninguém na rua (Cf. Jo 4, 1-26).

Neste encontro a mulher achava que necessitava de água para matar a sede, no entanto, Jesus se dá como fonte de água Viva. Ali no poço a mulher experimentou muitas coisas, teve que lidar com o sofrimento de sair escondida, o medo de ser encontrada, o medo dos seus erros e pecados, ali ela foi lavada pelo perdão, não foi acusada, mas amada como nunca poderia imaginar. A partir daquele dia a mulher nunca mais abandonou esta fonte. “Se conhecesses o dom de Deus!” (Cf. Jo 4,10 – CIC § 2560). A maravilha da oração se revela justamente aí, à beira dos poços onde vamos procurar nossa água; é aí que Cristo vem ao encontro de todo ser humano, é o primeiro a nos procurar, e é Ele que pede de beber. Jesus tem sede, seu pedido vem das profundezas do Deus que nos deseja. A oração, quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede dele.

O que temos vivido neste tempo? Onde o mundo inteiro está tendo que parar, se isolar com medo de um vírus. Quantas pessoas, tinham se esquecido de Deus? Com vidas duplas, achando que somente o homem se basta, com todas as tecnologias e facilidades do mundo, que servem e geram “felicidade”. Assim não buscam mais a Deus, o pecado vai tomando conta de suas vidas. “Porque meu povo cometeu uma dupla perversidade: abandonou-me, a mim, fonte de água viva, para cavar cisternas, cisternas fendidas que não retêm a água” (Jr 2,13).

O Senhor está nos chamando a viver a experiência da mulher samaritana, sozinhos, neste isolamento social, o Senhor nos chama a ir à fonte de água viva, beber da água pura. O Senhor está com saudade da humanidade, de que tenhamos sede Dele.

E quando o Senhor nos chamar para a eternidade, poderemos então encontrar com a verdadeira felicidade, o bem supremo, aquele nos criou para Ele e deseja que um dia vivamos a plenitude dos tempos. Como disse Santo Agostinho: “Senhor, fizeste-nos para Vós e nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós”.
——————-

Cristiane Schmitz Voges
Coordenadora Estadual do Ministério de Formação – RCC Santa Catarina
Grupo de Oração Rainha da Paz – Arquidiocese de Florianópolis