Imagem: Sara Gomes

 

Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia, será elevada aos altares no dia 13 de outubro, em celebração presidida pelo Papa Francisco, em Roma, no Vaticano. O anúncio aconteceu na manhã desta segunda-feira, dia 1º de julho, quando o Papa presidiu, na Sala Clementina, no Vaticano, o Consistório Ordinário Público para a canonização da bem-aventurada e de outros quatro beatos. Em Salvador (BA), inúmeros fiéis se uniram aos jornalistas, durante coletiva de imprensa realizada no Santuário da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, para ouvir a emocionante notícia dada pelo arcebispo de Salvador (BA) e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger.

“Quero lhes dizer que foi oficialmente declarado que a canonização da nossa bem-aventurada Dulce dos Pobres será no dia 13 de outubro de 2019. Neste dia, às 10h, no Vaticano, numa celebração presidida pelo Papa Francisco a nossa Irmã Dulce passará a ser, oficialmente, chamada de santa e, a partir daí, poderão ser celebradas missas e a oração particular. No dia seguinte, portanto 14 de outubro, às 10h, na Igreja Santo Antônio dos Portugueses, em Roma, nós teremos a missa da Santíssima Trindade, agradecendo este dom que a Igreja receberá no dia anterior. No dia 20 de outubro, às 16h, na Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), será a primeira missa oficial no Brasil”, disse Dom Murilo.

Com muitas palmas, os fiéis que estavam no Santuário celebraram o anúncio da data e com a ainda mais palmas comemoraram o nome pelo qual Irmã Dulce passará a ser invocada: Santa Dulce dos Pobres. “Ela será a primeira santa brasileira de nossa época. É o terceiro processo de canonização mais rápido da Igreja Católica. O primeiro foi o do Papa São João Paulo II, que foi canonizado 9 anos após a sua morte; depois, madre Tereza de Calcutá, que foi canonizada 19 anos após a sua morte; e agora veio Irmã Dulce dos Pobres, que será canonizada após 27 anos de sua morte e no ano que esta Obra Social [Obras Sociais Irmã Dulce] comemora 60 anos”, disse o Arcebispo, completando que o dia litúrgico da Santa Dulce dos Pobres será celebrado em 13 de agosto.

Entre os momentos de emoção para os fiéis que estavam no Santuário, um foi ainda mais marcante. Com a imagem de Irmã Dulce nas mãos e ao som da Ave Maria tocada pelo acordeonista Waldonys, embaixador de Irmã Dulce, o maestro José Maurício Bragança Moreira se dirigiu até o altar. Foi ele que recebeu a graça por intercessão de Irmã Dulce. “Eu sou paciente de glaucoma muito grave e ele me cegou durante 14 anos. Em 2014 eu estive em uma situação muito complicada. No dia do milagre, 10 de dezembro daquele ano, o meu coral ia cantar, mas a minha esposa nem me deixou sair de casa por causa do derrame que eu tive nos olhos devido a uma conjuntivite viral. Eu passei a noite sem conseguir dormir e por volta das 4h eu peguei a imagem de Irmã Dulce, que fica na cabeceira da minha cama, e coloquei nos meus olhos e pedi a ela que aliviasse a minha dor, porque estava muito difícil, já que eu estava a quatro dias sem conseguir dormir. Nesse mesmo momento, quando eu coloquei a imagem de volta, eu já bocejei. Então, ela já me fez dormir e acredito que ela tenha operado durante o meu sono. Quando eu acordei de manhã, a minha esposa me deu umas compressas de gelo e foi quando eu comecei a enxergar o gelo e a ver a minha mão, e aos poucos a visão foi voltando. O momento que começou o retorno da visão foi pouco tempo depois da oração. É um milagre”, afirmou.

Embora tenha voltado a enxergar, os exames clínicos do miraculado continuam como sendo de um paciente cego. “Eu ouvi de médicos que eu nunca ia voltar a enxergar porque a visão perdida do nervo ótico não se recupera. Eu nunca pedi para voltar a enxergar, pois eu tinha consciência de que era impossível. O que Irmã Dulce me deu foi muito mais do que a cura da conjuntivite ou o alívio da dor. Ela atendeu a minha oração. É uma gratidão infinita, pois eu nunca imaginei que isso ia acontecer em minha vida”, disse o miraculado.

De acordo com Dom Murilo, a santidade de Irmã Dulce confirma que é possível ser santo nos dias atuais. “Irmã Dulce foi em nossa frente para dizer: a santidade em nossa época é possível; a santidade em nossa época não é algo irrealizável, não é para um grupinho de pessoas privilegiadas: é para todos. E ela veio nos mostrar isso amando, amando a Jesus, servido a Jesus nos pobres. É possível sermos santos!”, afirmou Dom Murilo. “Nós vamos ter um exemplo muito concreto de como agradar a Deus. Agrada a Deus quem faz a Sua vontade, a vontade de Deus é que a gente O ame sobre todas as coisas, e ame ao próximo de forma muito concreta. Então, agora nós vamos seguir com mais carinho, com mais disposição, nos voltar para os necessitados, que são muitos em nossa cidade, em nosso país, cada um fazendo o que estiver ao seu alcance. Muitos, talvez, em números fizeram mais do que Irmã Dulce, mas poucos fizeram com tanto amor e é isso o que caracteriza o trabalho dela: o amor que ela colocou naquilo que ela fez”, completou o arcebispo.

Preparativos

Os preparativos para a primeira missa que será celebrada no Brasil em honra a Santa Dulce dos Pobres – 20 de outubro – já começaram, 500 crianças do Centro Educacional Santo Antônio já estão ensaiando uma apresentação. “As crianças estão se preparando para apresentar uma grande peça musical contando a história dos 60 anos das Obras Sociais. A minha sensação é de dever cumprido, missão cumprida. Os sonhos continuam e eu quero continuar realizando os sonhos dela na ajuda aos mais pobres, porém, a minha missão foi cumprida”, disse.

No Santuário, além de três sobrinhas, entre elas Maria Rita, estava presente a única irmã viva da bem-aventurada, Ana Maria Lopes Pontes; além de religiosas da Congregação da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, a qual Irmã Dulce pertencia, e da Congregação Filhas de Maria Serva dos Pobres, fundada por ela. “É uma emoção muito grande de graças, de bênçãos. Ter uma fundadora como santa é uma graça muito grande, são bênçãos de Deus. Eu não a conheci, mas cheguei na congregação no mesmo mês que ela faleceu. Pelos testemunhos e pela história é como se eu tivesse conhecido Irmã Dulce. Eu bebo dessa fonte a cada dia aqui no hospital, é como se eu estivesse caminhando junto com ela. É um momento muito forte, de graça e de alegria”, afirmou a Irmã Josinete Maria Costa, da congregação fundada por Irmã Dulce.

Fonte: Arquidiocese de São Salvador da Bahia