Na Audiência Geral desta quarta-feira (12), o Papa Francisco prosseguiu sua catequese sobre o ministério dos bispos, coadjuvados pelos presbíteros e pelos diáconos. Eis o texto na íntegra:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia.

Evidenciamos nas catequeses precedentes como o Senhor continua a apascentar o seu rebanho através do ministério dos bispos, coadjuvados pelos presbíteros e pelos diáconos. É neles que Jesus se faz presente, no poder do seu Espírito, e continua a servir a Igreja, alimentando nela a fé, a esperança e o testemunho da caridade. Estes ministros constituem, então, um grande dom do Senhor para cada comunidade cristã e para toda a Igreja, enquanto são sinais vivos da sua presença e do seu amor.

Hoje queremos nos perguntar: o que é pedido a estes ministros da Igreja, para que possam viver de modo autêntico e fecundo o próprio serviço?

1. Nas “Cartas pastorais” enviadas aos seus discípulos Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo se concentra com cuidado na figura dos bispos, dos presbíteros e dos diáconos – também sobre a figura dos fiéis, dos idosos, dos jovens. Concentra-se em uma descrição de cada cristão na Igreja, delineando para os bispos, os presbíteros e os diáconos aquilo a que foram chamados e as prerrogativas que devem ser reconhecidas naqueles que são escolhidos e investidos nesses ministérios. Ora, é emblemático como, junto aos dotes inerentes a fé e a vida espiritual – que não podem ser negligenciados, porque são a própria vida – são elencadas algumas qualidades puramente humanas: o acolhimento, a sobriedade, a paciência, a mansidão, a confiança, a bondade de coração. É este o alfabeto, a gramática de base de cada ministério! Deve ser a gramática de base de cada bispo, de cada padre, de cada diácono. Sim, porque sem esta predisposição bela e genuína a encontrar, a conhecer, a dialogar, a apreciar e a se relacionar com os irmãos de modo respeitoso e sincero não é possível oferecer um serviço e um testemunho realmente alegre e credível.

2. Há depois uma atitude de fundo que Paulo recomenda aos seus discípulos e, por consequência, a todos aqueles que são investidos pelo ministério pastoral, sejam esses bispos, sacerdotes, presbíteros ou diáconos. O apóstolo exorta a reviver continuamente o dom que foi recebido (cfr 1 Tm 4, 14; 2 Tm 1, 6). Isto significa que deve estar sempre viva a consciência de que não se é bispo, sacerdote ou diácono se é mais inteligente, melhor que os outros, mas somente em força de um dom, um dom de amor dado por Deus, no poder do seu Espírito, para o bem do seu povo. Esta consciência é realmente importante e constitui uma graça a pedir todos os dias! De fato, um pastor que é consciente de que o próprio ministério surge unicamente da misericórdia e do coração de Deus não poderá nunca assumir uma atitude autoritária, como se todos estivessem aos seus pés e a comunidade fosse a sua propriedade, o seu reino pessoal.

3. A consciência de que tudo é dom, tudo é graça, também ajuda um Pastor a não cair na tentação de colocar-se no centro da atenção e de confiar apenas em si mesmo. São as tentações da vaidade, do orgulho, da suficiência, da soberba. Ai de um bispo, um sacerdote ou um diácono se pensassem saber tudo, ter sempre a resposta correta para cada coisa e não precisar de ninguém. Pelo contrário, a consciência de ser ele por primeiro objeto de misericórdia e da compaixão de Deus deve levar um ministro da Igreja a ser sempre humilde e compreensivo nos confrontos dos outros. Estando na consciência de ser chamado a proteger com coragem o depósito da fé (cfr 1 Tm 6, 20), ele se colocará em escuta do povo. É consciente, de fato, de ter sempre algo a aprender, mesmo com aqueles que podem ser ainda distantes da fé e da Igreja. Com os próprios irmãos, depois, tudo isto deve levar a assumir uma atitude nova, com o compromisso da partilha, da co-responsabilidade e com a comunhão.

Queridos amigos, devemos ser sempre gratos ao Senhor, porque na pessoa e no ministério dos bispos, dos sacerdotes e dos diáconos continua a guiar e a formar a sua Igreja, fazendo-a crescer ao longo do caminho da santidade. Ao mesmo tempo, devemos continuar rezando para que os Pastores das nossas comunidades possam ser imagem viva da comunhão e do amor de Deus.

Fonte: Zenit