Queridos irmãos e irmãs,

Como já estamos cientes, em muitos lugares do mundo, milhões de católicos não podem participar da Missa ou mesmo visitar o Santíssimo Sacramento em Igreja, e esta realidade também diz a respeito a nós, família carismática de todo o Brasil.

Diante dessa realidade que estamos enfrentando, decorrente dessa Pandemia mundial do COVID-19, a Igreja nos convida durante esse tempo a fazermos a Comunhão Espiritual. O que seria, então, essa comunhão? “Esse seria um ato de desejo interior, de plena e séria consciência de receber a Sagrada Comunhão e, mais especificamente, de se unir a Deus. Ela pode ser feita por palavras ou por pensamentos interiores que nos levam a uma íntima união com Cristo, e Jesus não deixará de nos conceder as suas copiosas bençãos” (Leonardo de Porto Maurício – “As Excelências da Santa Missa”).

Alguns Santos da nossa Igreja falaram sobre o assunto. São Leonardo Porto afirma que: “quanta à maneira de fazer a Comunhão Espiritual é preciso saber que se pode receber o Santíssimo Sacramento de três modo: sacramentalmente, espiritualmente, ou sacramentalmente e espiritualmente ao mesmo tempo”. Nosso Senhor Jesus Cristo, em uma de suas aparições à Santa Margarida Maria Alacoque descreve um pouco o que acontece em nós quando fazemos a Comunhão Espiritual: “para mim é de tão modo querido o desejo que alma tem de me receber que eu me precipito nela cada vez que ela me chama com seus desejos”.

O Magistério da Igreja, através do Concilio de Trento em seu decreto sobre o Sacramento da Eucaristia afirma: “para aqueles que, impossibilitados de receber sacramentalmente o Corpo de Nosso Senhor o recebem em Espírito, fazendo atos de fé viva e ardente caridade, e com um grande desejo de se unirem ao soberano Bem, e, por meio disto, se põem em estado de obter os frutos do Divino Sacramento” (Hünermann Denzinger – “Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral”).

Por fim, temos as disposições necessárias para obtenção dos frutos alcançados pela recepção da Comunhão Espiritual. A primeira coisa é estar em estado de graça, ou seja, ter confessado a pouco tempo. Se você está em pecado mortal ou faz muito tempo que não se confessa, o Papa Francisco nos orientou a como receber o perdão sem o sacerdote durante esse tempo de Pandemia: “Se você não encontra um sacerdote para se confessar, fale com Deus, ele é seu Pai. Diga-lhe a verdade: Senhor, eu fiz isso e aquilo. Perdoa-me. Peça-lhe perdão de todo o coração, com o Ato de Contrição e prometa-lhe: Depois, eu vou me confessar, mas perdoa-me agora. E logo você retornará à graça de Deus. Você mesmo pode se aproximar, como o Catecismo nos ensina, do perdão de Deus sem ter um sacerdote. Pensem nisso: este é o momento! E este é o momento certo, o momento oportuno. Um Ato de Contrição bem feito e a nossa alma se tornará branca como a neve” (Papa Francisco, 20 março de 2020).

A segunda coisa, “é preciso um ato de desejo de receber sacramentalmente a Cristo e de unir-se intimamente com Ele, este desejo consiste formalmente na Comunhão Espiritual. A terceira coisa seria uma petição fervorosa, pedindo ao Senhor que nos conceda espiritualmente os mesmos frutos e graças que nos outorgaria a Eucaristia realmente recebida”(Leonardo de Porto Maurício – “As Excelências da Santa Missa”).        

A Igreja, durante esse tempo, tem nos ensinado uma oração belíssima de comunhão espiritual e que está sendo recitada pelo Papa Francisco no final de cada Missa na Capela da Casa Santa Marta no Vaticano: “Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Amém!”

 

Diácono Charles Jáder
Comunidade Canção Nova

 

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Referências sobre a Comunhão Espiritual:

Hünermann Denzinger – Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral.

Leonardo de Porto Maurício – As Excelências da Santa Missa, conforme a ed. romana de 1737 dedicada a S.S. o Papa Clemente XII, pp. 51-54.

Padre Paulo Ricardo – Como comungar espiritualmente?