Oriunda da língua grega chárisma (χάρισμα), é um substantivo com raiz na palavra ‘char’ (χάρ) que indica coisas que produzem bem-estar e no verbo charízomai (χαρίζομαι) que significa mostrar-se generoso, presentear algo. Tem ligação com a palavra cháris (χάρις) que retrata um favor imerecido, graça, amabilidade, gratidão, beleza, agradecimento, deleite, bondade, serviço prestado, benefício.

Os carismas são dons do Espírito Santo para o serviço da comunidade, edificação dos fiéis e conversão dos que não creem (1 Cor 12,7). São dons concedidos por benevolência, resultado da graça divina. A igreja primitiva usou esse termo para designar dons espirituais extraordinários, concedidos pelo Espírito Santo. Receberam essa denominação por serem fantásticos, fascinantes, prodigiosos.

Os carismas são sinais para os que não creem e capacitação para o trabalho apostólico dos cristãos. Com eles somos revestidos da capacidade de servir e dos instrumentos necessários para executar nossa missão.

O Espírito Santo de Deus é o primeiro dom, o primeiro presente, o primeiro carisma. É Dele que emanam todos os outros. O seu derramar de forma abundante em Pentecostes foi capaz de irromper na alma dos crentes aquilo que a Constituição Dogmática Lumen Gentium n° 12 chamou de “carismas extraordinários”.

As manifestações prodigiosas, tão comuns nas primeiras comunidades cristãs nos tempos apostólicos, permaneceram ainda por muito tempo, como é atestado pela Didaqué e pelos escritos de São Justino Mártir. No século III, ocorreu uma diminuição dessa fruição, em decorrência da institucionalização e do surgimento de heresias, como o montanismo que causou a primeira grande crise da unidade entre carismas e ministérios. Além do macedonismo, joaquinismo, messalianismo, donatismo e outras. Suas ocorrências tornaram-se tímidas, mas não inexistentes. Permaneceram, de modo especial, no monarquismo, nas ordens religiosas, nas ordens mendicantes e na vida dos místicos e santos (Santo Antônio, São Francisco, São Pio de Pietrelcina…), como podemos atestar nos vários relatos hagiográficos.

Após o Concílio Vaticano II, a teologia dos carismas foi retomada vigorosamente por teólogos do mundo inteiro. Motivada pelo novo sopro do Espírito, suscitada nos tempos modernos, pela Beata Elena Guerra e desejada por São João XXIII, quando na sessão de abertura solene clamou por uma renovação dos prodígios e um novo Pentecostes, que foi sentido e acolhido por toda a Igreja, especialmente pelas expressões carismáticas.

A forma de relacionar-se pessoalmente com o Cristo ressuscitado, através da experiência do batismo no Espírito, trazida pela nossa corrente de graça em nossos Grupos de Oração, reacenderam essa chama, que incendiou o mundo inteiro. Propagando e compartilhando a forma de vivenciar os dons carismáticos, ensinando e tornando acessível aos leigos a graça que havia ficado quase que exclusivamente na vida dos místicos.

 “A partir de Pentecostes, a Igreja experimenta de imediato fecundas irrupções do Espírito, vitalidade divina que se expressa em diversos dons e carismas (cf. 1 Cor 12,1-11) e variados ofícios que edificam a Igreja e servem à evangelização (cf. 1 Cor 12,28-29). Através desses dons, a Igreja propaga o ministério salvífico do Senhor até que Ele de novo se manifeste no final dos tempos (cf. 1 Cor 1,6-7). O Espírito na Igreja forja missionários decididos e valentes como Pedro (cf. At 4,13) e Paulo (cf. At 13,9), indica os lugares que devem ser evangelizados e escolhe aqueles que devem fazê-lo (cf. At 13,2)” (Documento de Aparecida nº 150).

 

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Nayana Cavalcante

Coordenadora Estadual do Ministério de Formação da RCC Maranhão

Grupo de Oração Mensageiros da Paz – Arquidiocese de São Luís do Maranhão