O Rosário é uma ferramenta muito frutífera de estudo do evangelho, usada no contexto da oração. Na sucessão harmoniosa das Ave-Marias, o Rosário nos coloca o mistério fundamental da encarnação do verbo divino (Jo 1, 14), em quatro partes. Para torná-lo uma meditação mais completa da vida de Cristo, o Papa João Paulo II acrescentou aos mistérios originais do Rosário (Gozosos, Gloriosos e Dolorosos), os mistérios Luminosos da vida pública de Jesus.
O desdobramento gradual e ordenado do Rosário concentra-se em alguns episódios importantes da vida de Jesus, tirados, em sua maior parte, do Novo Testamento começando com Sua concepção virginal e os mistérios da Sua infância. Nós prosseguimos para a Sua vida de ministério e vida pública para então chegarmos aos momentos culminantes da Sua passagem, morte e ressurreição gloriosa; nós também meditamos sobre os efeitos destes mistérios na Igreja em Pentecostes, e sobre Maria, quando ao final de sua vida terrena, ascendeu em corpo e alma ao céu, como um sinal e promessa de nossa ressurreição dos mortos.
A orientação desta oração do Rosário é claramente Cristo-centrada. O seu elemento mais característico, a sucessão da Ave-Maria sob forma de ladainha, é, em si mesmo, um louvor contínuo a Cristo, que é o objeto derradeiro da saudação dos anjos e da saudação de Isabel: “Bendito é o fruto do vosso ventre” (Lc 1, 42). À medida que se reza, é preciso que se contemple (ver com a imaginação) o acontecimento da vida de Cristo sendo comemorado. Sem este elemento de contemplação, o Rosário é um corpo sem alma, e a sua recitação corre o risco de se tornar uma repetição mecânica de fórmulas.
O Rosário consiste dos seguintes elementos:
a) Contemplação dos mistérios, em comunhão com Maria, expressando a alegria dos tempos messiânicos, o poder e a compaixão da vida pública e dos mistérios de Jesus, o sofrimento salvífico de Cristo, e a glória do Senhor Ressuscitado. Esta contemplação pela sua natureza encoraja a reflexão prática e fornece normas de vida.
b) O “Pai-Nosso”, que está na base de toda a oração cristã, e enobrece ou mesmo enriquece a nossa oração.
c) A sucessão no estilo ladainha da “Ave-Maria” é composta pela saudação do Anjo a Maria (cf. Lc 1, 28) e da saudação a Isabel (cf. Lc 1, 42), seguida da súplica da Igreja “Santa Maria”.
d) A doxologia “Glória ao Pai” conclui a oração com a glorificação de Deus que é uno e trino, de quem, através de quem, e em quem todas as coisas têm sua existência (cf. Rm 11, 36).
O papa João Paulo II propôs a celebração do Ano do Rosário, entre 2002 e 2003. O Santo Padre acrescentou os “Mistérios Luminosos” para serem rezados nas quintas-feiras, enquanto os Mistérios Gozosos, para as segundas-feiras e sábados; os Mistérios Dolorosos, nas terças-feiras e nas sextas-feiras; e os Mistérios Gloriosos nas quartas-feiras e nos domingos. Os novos mistérios luminosos são:
– O batismo de Jesus no Jordão.
– A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná.
– O anúncio do reino de Deus com o convite à conversão.
– A transfiguração do Senhor.
– A instituição da Eucaristia, como a expressão sacramental do mistério Pascal.
Na carta apostólica ‘Rosarium Virginis Mariae’, o Sumo Pontífice João Paulo II pede: “Penso em vós todos, irmãos e irmãs de qualquer condição, em vós, famílias cristãs, em vós, doentes e idosos, em vós, jovens: retomai confiadamente nas mãos o terço do Rosário, fazendo a sua descoberta à luz da Escritura, de harmonia com a Liturgia, no contexto da vida quotidiana.” Leia a carta na íntegra no site do Vaticano.
Quando rezamos o Rosário, que nós possamos receber profunda alegria e amor de Deus nosso Pai e o Senhor Jesus Cristo, que é o verdadeiro centro de todo o rosário. Possa Maria, nossa mãe, rogar por nós e conosco! E possamos descobrir que nossa vida está sendo transformada, na medida em que permitimos que os eventos da vida de Jesus moldem as nossas mentes, corações e comportamentos!
(Contribuição da equipe do Instituto Católico da Bíblia, Mumbai)
Tradução de Eulália M. S. Marcondes