Leia a terceira carta enviada pela Beata Elena Guerra, ao Santo Papa Leão XIII, seguindo nossa preparação para o Pentecostes.Ela foi extraída do livro “Escritos de Fogo”, que está disponível no site da Editora RCCBRASIL.
Terceira Carta: 1 de Dezembro de 1895
Santíssimo Padre,
O meu pobre coração se alegra, sabendo que estes meus escritos não são nada mais do que um ato de filial obediência a vossa paterna bondade. Para maior glória de Deus, passarei a expor, com toda minha simplicidade, algumas coisas que antes havia apenas acenado.
Há muitos anos, desejava ardentemente que os fiéis se unissem com um só coração para recorrerem ao Espírito Santo, e com uma oração insistente desejassem a feliz renovação da face da Terra. Como este meu desejo até agora foi estéril, o Senhor se dignou vir em socorro da minha inquietude e fazer-me conhecer a Sua vontade, falando-me através de uma irmã de fé.
Ela é uma filha pobre, simples e humilde; mas tocada pelo amor divino. Há dois anos, confessou-me que se encontrou obrigada por Nosso Senhor a dizer-me que Ele desejava que eu escrevesse ao Papa para pedir-lhe que convidasse os fiéis para uma unânime e perseverante oração ao Espírito Santo, que fosse como um novo Cenáculo espiritual, do qual subisse aos céus, a cada dia, fervorosas orações para se conseguir tantos bens quantos são os males com que a infernal maçonaria inunda a Terra.
Porém, eu ainda não ousava escrever a Vossa Santidade e pensei em outros meios, por isto falei ao Mons. Volpi. Tentei de todos os modos informar àquele que faz às vezes de Cristo na Terra e quando fracassaram todas as minhas iniciativas, a minha irmã disse que a vontade de Deus era que o Mons. Volpi (ainda sacerdote) fosse pessoalmente a Roma. Ele respondeu que não havia ocasião para isso. Ela, orando com simplicidade, disse a Nosso Senhor: “Bem sabeis Jesus, que não há mais como continuarmos, porque o Pe. Volpi disse não ter ocasião nenhuma para ir a Roma”, mas Jesus lhe respondeu: “Eu encontrarei a ocasião”. De fato, pouquíssimos dias depois, Mons. Volpi teve que partir rapidamente para Roma porque havia sido eleito decano. Naqueles momentos de angústia, ele não pôde explicar claramente ao Santo Padre o que havia em meu coração e apenas acenou.
Continuei tentando por mais de um ano por outras vias, mas não consegui; contudo, aquela boa filha, pedia-me insistentemente que escrevesse ao Papa.
Ousei escrever a Vossa Santidade uma Carta datada de 17 de Abril deste ano, e Vós, ó Santo Padre, em proximidade da Festa de Pentecostes, mandastes aquele fervoroso convite para todos os fiéis, exortando-os a fazerem a Novena do Espírito Santo. No 5 de Maio (dia em que foi editada a Vossa venerada Carta), aquela minha filha disse-me que através do Vosso ministério estava se realizando aquilo que pedia Nosso Senhor.
Parece-me, porém, que Deus queira uma maior difusão da devoção ao Espírito Santo, e que ao invés só da Novena de Pentecostes, que se estabeleça uma oração universal e ininterrupta. Tudo isso, aquela minha filha ouviu do próprio Nosso Senhor após a Sagrada Comunhão. Eu vejo que se trata sempre de um pedido que Nosso Senhor faz ao Papa, para que abra aos fiéis um novo Cenáculo. Trata-se de recomendá-los, de fazer vossa voz, Santo Padre, ressoar em toda terra para chamar novamente ao Eterno Amor todos os corações.
Depois, ela disse que Mons. Volpi deveria voltar a Roma, e que dessa vez não pensaria em nós. De fato, ele voltou a Roma e de retorno a Lucca, minha filha já sabia, por vias extraordinárias e com certeza, tudo o que havia acontecido. Ela repetia que o Senhor desejava que durante todos os anos, em todas as Igrejas do mundo, fossem feitos nove dias de fervorosas orações ao Espírito Santo, e onde fosse possível, também houvesse a pregação da Palavra.
Disse que assim como os espíritos maus são incansáveis no serviço à Satanás, assim os bons deveriam estar prontos e generosos para fazer o bem.
Disse que a medida da iniqüidade está transbordando, e que o meio sugerido é a última graça que Deus derramaria sobre o pérfido mundo; mas que se não fosse correspondido, mandaria também flagelos.
Frisou que os bons exemplos desta obra devem vir dos sacerdotes e das outras pessoas consagradas e que a oração deles ao Espírito Santo deve combinar-se, de maneira que não seja jamais interrompida, para que o “Veni” ao Paráclito seja incessante.
Disse ainda que Deus espera que o seu Amor não seja mais desprezado; mas ao contrário, seja conhecido, honrado, amado novamente…e outras coisas que não falo para não me alongar mais.
Não posso calar-me diante de uma confirmação que o Senhor lhe deu para cura de uma outra irmã. O Senhor falou, ela pediu e a irmã doente ficou curada. Como posso silenciar-me diante dessa notícia consoladora?
Há poucos dias, conversando com o Senhor, ela lhe disse: “Que recompensa terá o Sumo Pontífice depois de ter estabelecido para o mundo inteiro o novo Cenáculo?”. E ouviu: “Ele será feliz, pois será o precursor de uma obra de salvação. Darei a ele o prêmio oferecido ao meu dileto João; repousará no meu coração e eu repousarei no dele. Será o discípulo do meu amor”.
Santo Padre me perdoe se escrevi muito e com exagerada simplicidade. Mas como poderia ter dentro de mim todas essas coisas sem derramá-las em vosso paterno coração?
Santíssimo Padre, agora não me resta senão orar como sempre faço, para que a face da Terra seja renovada pelo Espírito Santo. E para tal objetivo, nesta piedosa família das Irmãs de Santa Zita, não somente continuaremos nossas orações ao Espírito Santo como suplicaremos também a doce Mãe Maria, para que como orou com os Apóstolos no Cenáculo de Jerusalém, agora também ore por nós, para que cheguemos prontamente àquele dia feliz, no qual todos os fiéis serão como os Apóstolos, unidos ao invocar o Santificador das Almas. E com firme esperança, recorremos a Maria, seguros de que ela nos será propícia, como tem sido Vossa Santidade que tem promovido tanta honra e tanta glória, especialmente reavivando a bela devoção ao santo rosário!
Implorando a vossa bênção apostólica,
Ir. Elena Guerra