Com frequência o Papa Francisco pede orações às pessoas e grupos que  com ele se encontram. Várias vezes repetiu suas convicções a respeito da força da oração, como o primeiro e decisivo passo da vida cristã, sem a qual não podemos viver. Ao mesmo tempo, suas palavras e seus gestos conduzem a Igreja à  abertura da caridade e do relacionamento entre os próprios cristãos católicos,  com os outros cristãos e com todas as pessoas de boa vontade. Não cessa de ressoar o seu apelo em favor dos mais pobres, numa Igreja “em saída”, que vá ao encontro de todos, superando todas as formas deexclusão.

Se quisermos ter pessoas que se empenhem na Evangelização e na Caridade, duas atitudes devem resplandecer em nossa vida, sendo a oração a primeira delas. “Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos discípulos: ‘A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita’” (Mt 9,36- 38). Os operários para a messe do Senhor nascem do alto, da vontade divina que olha todos os seus filhos e filhas com amor e a todos oferece uma estrada de doação da própria vida. Ninguém pode se fechar ao sérico do Reino de Deus.

À oração se segue o chamado: “Chamando os doze discípulos, Jesus deu- lhes poder para expulsar os espíritos impuros e curar todo tipo de doença e de enfermidade. Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e depois André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João;  Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus” (Mt 10, 1-4). Hoje e até o final dos tempos, a partir da graça do Batismo, Deus continua pronunciando o nome de todos os discípulos amados de Jesus. Temos o nosso nome escrito no Céu e havemos de responder com fidelidade aos apelos que nos são feitos. É magnífica a diversidade de tarefas e vocações existentes na Igreja, todas elas importantes, sem que ninguém se sinta diminuído oudesvalorizado.

Alguns nomes e vocações são oferecidos pela Igreja durante o  mêsde junho, para indicar o exemplo e a oração de pessoas que se entregaram, cada uma a seu modo e lugar, ao serviço do Reino de Deus. Santo Antônio, São João Batista e São Pedro superam com sua vida, coragem e iniciativa as manifestações folclóricas atribuídas aos que são festejados nesteperíodo.

Santo Antônio de Lisboa, de Pádua e do mundo inteiro, resplandece na Igreja como grande pregador do Evangelho, levando a Palavra de Deus de forma competente e corajosa em vários ambientes. Chama atenção o fato de que, precocemente, desde a graça do Batismo recebida logo após o nascimento, até sua consagração a Deus, primeiro como Agostiniano e depois como Franciscano, ter se lançado imediatamente à realização da vontade de Deus que lhe era manifestada. Não dá para perder tempo! Nele está a força missionária, a audácia da pregação, uma fabulosa memória posta a serviço da Igreja, a caridade vivida até as últimas consequências, a sensibilidade diante dos problemas humanos.  Foi por isso que ganhou a fama de “casamenteiro”, justamente por ajudar uma jovem a conseguir meios necessários para o matrimônio. Nele todas as pessoas muito criativas, prontas para a ação e corajosas podem encontrar o estímulo para a descoberta do próprio lugar na Igreja.

De São João Batista, cuja comemoração junina suscitou depois as outras festas, nos chegam luzes para o amor à verdade, a prontidão para renunciar às próprias ideias e abraçar a vontade de Deus, uma forma digna e reta de “perder a cabeça”, exemplo para quando nos apegamos ciosamente aos nossos pontos de vista. Nele, o martírio encontra uma de suas maiores referências, e o desejo de que Jesus cresça mais e mais nos corações e no mundo. Com ele aprendemos a abrir estradas, deixando um rastro pelo qual Jesus possa passar! Santo de extrema atualidade, provocante para nossa juventude!

São Pedro, cuja festa se celebra ao lado de São Paulo, duas colunas da Igreja! Mas vale ressaltar algumas dimensões da santidade de Pedro. Apraz-me colocar em relevo a sua humanidade, tão parecida com a nossa, nas suas inseguranças, sua fé tantas vezes frágil, espontaneidade de quem diz estar pronto a tudo, pouco antes de uma negação vergonhosa, suas lágrimas de arrependimento, sua prontidão a deixar tudo para seguir a Jesus, mesmo sabendo ser um grande pecador. Enfim, a gratificante desproporção entre  a pessoa e a missão recebida, excelente para que ninguém dê desculpas para Deus! Em Pedro ganha luz também o ministério de seus sucessores. Em nosso tempo, Pedro tem o nome de Francisco! E que Pedro Deus escolheu a dedo, mostrando, mais uma vez, que o Senhor toma conta de suaIgreja.

A lista pode continuar! Nos nomes dos outros Apóstolos alguém pode encontrar o apelo de Deus. Nos santos do calendário litúrgico, ou em outros santos, quem sabe, anônimos, encontrados no dia a dia, é possível descobrir as sendas misteriosas de Deus, que chama de novo, através de pessoas que são colocadas como luminares diante de nossos olhos.

Não podemos abandonar a oração pelas vocações sacerdotais, religiosas, missionárias ou de Novas Comunidades, mas, de modo especial, a magnífica vocação dos fiéis leigos e leigas, chamados a fermentar o mundo com a força do Evangelho. Cabe-nos também chamar, em nome de Cristo e da Igreja, para que muitos se ponham à disposição para serem operários da messe, que é muito grande. Estão abertas as inscrições!

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL