“Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo.” (Isaías 50,4b)

O Senhor nos deu uma palavra de sabedoria: “Quero que dês à tua escuta um novo sentido. Emprestarás a Mim teus ouvidos para entenderes o que as pessoas realmente querem dizer. Quero que teus ouvidos sejam o de um discípulo. Ouvirás com o coração, isto é, com o teu coração ligado ao Meu. Escuta. Sê atento e não te apresses em falar. Consagra a Mim o teu ouvir, assim como o teu falar. Faz do ato de ouvir um ato sagrado. Não empresta teu ouvido ao mal, mas deixa que seja usado por Mim.”

Depois de receber esta palavra, veio a moção de mudarmos de assunto sempre que alguém vier nos falar mal dos outros e de chamar ao louvor sempre que alguém reclamar, em obediência à exortação de não emprestarmos o nosso ouvido ao mal. Além disso, toda manhã orar pedindo ao Senhor a graça de termos ouvidos de verdadeiros discípulos. É impressionante como muda o nosso entendimento e também a capacidade de compreender os outros. Outro benefício é de que somos preservados de mal-entendidos. Recebemos realmente uma graça especial de escuta.

Um testemunho: Interrompi o que estava escrevendo para ir à Missa. Durante a Missa, resolvi não deixar para o dia seguinte a consagração dos meus ouvidos ao Senhor. Pedi, ali mesmo, ouvidos de discípulo. No final da Missa, uma senhora se aproximou de mim, porque lembrava de ter me ouvido pregar. Pediu-me orações por uma situação específica. Quando deixava a Igreja, outra senhora veio me pedir orações pela filha, que está doente. Nada demais se eu estivesse na minha cidade, na minha paróquia, mas estava noutra cidade, onde as pessoas não me conhecem. Aos que tem ouvidos de discípulo, Deus dá também língua de discípulo: “O Senhor deu-me a língua de um discípulo para que eu saiba reconfortar pela Palavra o que está abatido.” (Is 50, 4a)

Agora, enquanto escrevo, me vem outra moção, a de fazermos uma caminhada de, no mínimo, um mês durante o qual, todos os dias, vamos pedir a Deus ouvidos e língua de discípulo. Sinto que teremos muitos testemunhos para dar.

Maria Beatriz S. Vargas