Vaticano divulgou nesta quarta-feira (24) a mensagem do Papa Francisco para o 58° Dia Mundial das Comunicações Sociais o Papa Francisco. Na mensagem intitulada “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”, o Pontífice aborda a rápida difusão da inteligência artificial (IA) e suas implicações na comunicação humana. A mensagem explora ainda questões fundamentais sobre a natureza do homem e o futuro da humanidade diante do avanço tecnológico.

Papa Francisco critica a falsa ideia de que as máquinas podem possuir verdadeira inteligência, destacando que cabe aos seres humanos decodificar o significado por trás dos avanços tecnológicos. 

“Não se trata, pois, de exigir das máquinas que pareçam humanas; mas de despertar o homem da hipnose em que cai devido ao seu delírio de onipotência, crendo-se sujeito totalmente autônomo e autorreferencial, separado de toda a ligação social e esquecido da sua condição de criatura.”

Papa Francisco

Francisco reconhece os benefícios da IA, como facilitar a troca de informações, tornar acessível o conhecimento do passado ou ainda possibilitar a comunicação entre povos de línguas diferentes. No entanto, alerta para os riscos da “poluição cognitiva”, destacando a disseminação de desinformação, deep fakes e narrativas falsas que comprometem a verdade e distorcem as relações sociais.

O Papa faz um apelo à regulamentação ética da inteligência artificial, exortando a comunidade internacional a trabalhar em conjunto “para adotar um tratado internacional vinculativo, que regule o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial nas suas variadas formas. Entretanto, como em todo o âmbito humano, não é suficiente a regulamentação”, reforça o Pontífice.

Ao abordar a transformação das pessoas em dados e a potencial desumanização causada pelo uso inadequado da inteligência artificial, Francisco destaca a necessidade de preservar a singularidade de cada pessoa e sua história. “A informação não pode ser separada da relação existencial: implica o corpo, o situar-se na realidade; pede para correlacionar não apenas dados, mas experiências; exige o rosto, o olhar, a compaixão e ainda a partilha”.

Neste sentido, o Santo Padre chama a atenção para as coberturas jornalísticas de uma guerra – e nas narrativas de desinformação que por vezes são divulgadas sobre ela. Francisco evidencia a importância do trabalho dos repórteres de campo que tornam conhecido o “caráter absurdo de uma guerra” por meio do registro do sofrimento de mulheres, crianças e homens. 

"A utilização da inteligência artificial poderá proporcionar uma contribuição positiva no âmbito da comunicação, se não anular o papel do jornalismo no local, antes pelo contrário se o apoiar; se valorizar o profissionalismo da comunicação, esponsabilizando cada comunicador; se devolver a cada ser humano o papel de sujeito, com capacidade crítica, da própria comunicação"

Papa Francisco

O Papa conclui sua mensagem provocativa, destacando que a resposta ao impacto da inteligência artificial na sociedade depende da escolha humana. Ele apela para que a humanidade não se torne simples alimento para os algoritmos, mas nutra o coração de liberdade para crescer na sabedoria.