Seguindo com seu ciclo de catequeses sobre a história da teologia na Igreja na Idade Média, após a catequese sobre São Francisco de Assis, o Papa Bento XVI dedicou sua intervenção de quarta-feira (03) a falar sobre o outro grande fundador do século XIII: São Domingos de Gusmão.
O pontífice, explicando a história do insigne fundador da Ordem dos Frades Pregadores, o propôs como modelo de pobreza e consagração à evangelização, afastado dos prestigiosos eclesiásticos.
“Este grande santo nos recorda que, no coração da Igreja, deve arder sempre um fogo missionário, que conduz incessantemente a levar o primeiro anúncio do Evangelho e, onde for necessário, a uma nova evangelização”, explicou.
“É Cristo, de fato, o bem mais precioso que os homens e as mulheres de todas as épocas e lugares têm o direito de conhecer e amar!”
Neste sentido, mostrou sua satisfação pelos “pastores e fiéis leigos, membros de antigas ordens religiosas e de novos movimentos eclesiais que, com alegria, gastam sua vida por este ideal supremo: anunciar e dar testemunho do Evangelho”, também na Igreja atual.
O Papa destacou de São Domingos sua renúncia aos privilégios pessoais que poderia ter conseguido em uma promissora carreira eclesiástica, à qual renunciou, dedicando-se humildemente às tarefas que lhe foram confiadas.
“Não seria talvez uma tentação a da carreira, do poder, uma tentação da qual nem sequer estão imunes aqueles que têm um papel de animação e de governo na Igreja?”, perguntou o Papa, recordando suas próprias palavras do último mês de setembro, durante uma consagração episcopal.
“Não procuremos o poder, o prestígio e a estima para nós mesmos. (…) Sabemos como as coisas na sociedade civil e, com frequência, também na Igreja sofrem pelo fato de que muitos deles, aos quais foi conferida uma responsabilidade, trabalham para si mesmos e não para a comunidade”, dizia ele naquela ocasião.
Importância do estudo
Após fundar a Ordem dos Pregadores, que se distinguia por não ter bens a serem administrados e sim por viver mendigando, Domingos, “com um gesto valente, quis que seus seguidores adquirissem uma sólida formação teológica e não hesitou em enviá-los às universidades da época”, explicou o Papa.
Precisamente a dedicação ao estudo “como preparação para o apostolado” é um dos elementos que distingue os dominicanos: “Domingos quis que seus frades se dedicassem a ele sem reservas, com diligência e piedade”.
Trata-se, acrescentou o Papa, de “um estudo fundado na alma de cada saber teológico, isto é, na Sagrada Escritura, e respeitoso diante das perguntas apresentadas pela razão”.
Neste sentido, exortou os católicos, especialmente os sacerdotes, a cultivarem essa “dimensão cultural” da fé, “para que a beleza da vida cristã possa ser mais bem compreendida e a fé possa ser verdadeiramente nutrida, reforçada e também defendida”.
“O desenvolvimento da cultura impõe àqueles que realizam o ministério da Palavra, nos diversos níveis, uma boa preparação”, acrescentou, dirigindo-se particularmente a sacerdotes e seminaristas, por ocasião do Ano Sacerdotal.
“Os sacerdotes, os consagrados e também todos os fiéis podem encontrar uma profunda ‘alegria interior’ ao contemplar a beleza da verdade que vem de Deus, verdade sempre atual e sempre viva. O lema dos Frades Pregadores – contemplata aliis tradere – nos ajuda a descobrir, além disso, um desejo pastoral no estudo contemplativo destas verdades, pela exigência de comunicar aos demais o fruto da própria contemplação”, concluiu.
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