É comum vermos no livro dos Atos dos Apóstolos a coragem que os primeiros cristãos tinham em anunciar o Evangelho. Coragem essa que não os permitia parar, nem mesmo diante de tantos obstáculos, eles não podiam “deixar de falar das coisas que tinham visto e ouvido”. Após receberem o derramamento do Espírito Santo em Pentecostes, nada mais os detinha calados. Bento XVI falando sobre esse assunto escreveu aos jovens dizendo:

“O Espírito Santo renovou interiormente os apóstolos, revestindo-os de uma força que os tornou audazes para anunciar sem medo: ‘Cristo morreu e ressuscitou’. Livres de todo o temor, eles começaram a falar com franqueza (Atos 2,29 – 4,13; 4,29-31). De pescadores amedrontados, tornaram-se corajosos anunciadores do Evangelho. Nem sequer os seus inimigos conseguiam compreender como homens ‘iletrados e plebeus’ (Atos 4,13), eram capazes de manifestar uma coragem como esta e suportar as contrariedades, os sofrimentos e as perseguições com alegria. Nada podia detê-los”.

Irmãos, o Papa aponta esse exemplo dos apóstolos para encorajar a nós jovens dizendo que é possível, no poder do Espírito Santo, sermos ousados na evangelização. Os apóstolos receberam do Espírito Santo uma graça especial, que fizeram deles incansáveis anunciadores do Evangelho em qualquer lugar onde estavam”.

Palavras como desassombro, intrepidez, destemor, coragem, são muito comuns no livro dos Atos dos apóstolos. Na verdade desassombro, intrepidez são traduções de uma palavra grega chamada “parresia”. Tanto o verbo como o substantivo correspondente indicam uma qualidade derivada da fé. Uma fé verdadeiramente carismática, uma fé de expectativa produz essa qualidade, que se manifesta concretamente em coragem, firmeza, ousadia, audácia, intrepidez, desassombro, destemor… É um verdadeiro “atrevimento no Espírito”.

Esse destemor no anúncio de Cristo, se estende se for preciso até o enfrentando do martírio. A parresia, dom do Espírito, gera um amor inflamado e compassivo para anunciar a uma multidão de jovens, famílias, homens e mulheres que sofrem por desconhecer a felicidade que é Cristo. Com parresia vai-se ao encontro das pessoas onde elas vivem, convivem, trabalham, sofrem ou se divertem, e com criatividade de meios e linguagem, apresenta-se a feliz verdade de Cristo e da Igreja. É isso que nós precisamos! Precisamos de parresia, de coragem. Pois somente cheios de parresia conseguiremos levar o Evangelho a essa nossa sociedade tão marcada pelo individualismo, relativismo, consumismo, materialismo, hedonismo, e tantos outros “ismos”! Se não tivermos o dom da parresia, se não expressarmos com coragem, alegria e criatividade o Evangelho, dificilmente atingiremos o coração de outras pessoas, muito menos dos jovens. Esse dom era muito pedido pelos apóstolos em suas orações, veja:

“Agora, pois Senhor, olhai para as suas ameaças e concedei aos vossos servos que com todo o desassombro anunciem a vossa palavra. Estendei a vossa mão para que se realizem curas, milagres, prodígios pelo nome de Jesus, vosso santo servo”.

E o que aconteceu?

“Mal acabaram de rezar, tremeu o lugar onde estavam reunidos. E todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus. Nós precisamos pedir esse dom da parresia ao Senhor. É urgente para que aconteça a nova evangelização e estejamos em estado permanente de missão”.

 

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