“Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado. E quando vos puserdes de pé para orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os vossos pecados. Mas se não perdoardes, tampouco vosso Pai que está nos céus vos perdoará os vossos pecados.” – Marcos 11, 24-26.
Certa vez li o testemunho de um pregador que dizia que tudo o que pedia ao Senhor, Ele lhe concedia, porque havia lido a passagem do Evangelho citada acima e resolvera levá-la a sério. Assim, contava ele, nunca se colocava a orar, pedindo alguma coisa a Deus, se tivesse mágoa ou ressentimento no coração. Ele havia praticado tanto o perdão que não se permitia ficar magoado nem por uma hora. Se alguém o magoava procurava logo perdoar a pessoa e orar por ela, assim ele estava sempre pronto para receber do Pai o que pedia em oração.
Normalmente, quando lemos essa passagem do Evangelho segundo Marcos, paramos no versículo 24, sem nos darmos conta de que os versículos 25 e 26 estabelecem uma das condições para sermos atendidos na nossa oração: perdoar. (A outra condição é a fé – acreditar que recebemos o que pedimos).
No dia 26 de novembro, há algumas semanas portanto, perdemos um irmão de caminhada. Ele era pregador e formador e amava profundamente a Palavra de Deus. Nas últimas semanas de sua vida, sabendo que estava em fase terminal, ele chamou as pessoas que tinha que perdoar ou pedir perdão e procurou se reconciliar com todas elas. Ele que gostava tanto de pregar, não tendo mais forças para fazê-lo com a eloquência da palavra, fez a sua última pregação com a eloquência do testemunho. O seu último ensinamento para nós foi que se quisermos contemplar a face do Senhor, temos que perdoar. Ele, conhecedor da Palavra, colocou em prática aquilo que disse Jesus: “Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te interrogue o juiz e te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo; dali não sairás antes de ter pago o último centavo.” (Mt 5, 23-26).
Lembro de uma palavra de exortação que o Senhor nos deu, durante um momento de oração na reunião do Conselho Nacional, em janeiro de 2007: “Se existe entre vós um litígio, Eu pergunto: há possibilidade de conciliação? Se não houver, então Eu, o Justo Juiz, terei que agir.” O interessante é que o Senhor nos falou em termos jurídicos, como se estivéssemos num tribunal.
Noutra ocasião, também no ano de 2007, mas agora em maio, o Senhor nos exortava: “Perdão. Pratica-o sempre, em todos os momentos. Procurarás argumentos para justificar os outros diante de ti mesmo, não o comportamento errado sendo justificado, não passar a mão na cabeça. Não. O grande argumento é o meu sangue derramado. Ele cumpre toda a justiça. Assim teus pensamentos ficarão em paz. Não ficarás pensando que os outros devem ser punidos. Não farás ‘justiça com as próprias mãos’”.
A confirmação veio em Isaías 63, 1b: “Sou Eu, que luto pela justiça e sou poderoso para salvar.”
Creio que essas exortações são suficientemente fortes para nos sacudir, para nos fazer agir, enquanto ainda temos tempo. Mãos à obra!