Vamos acompanhar o texto sobre a pregação que Lucimar Mazieiro, coordenadora do Ministério de Formação da RCCBRASIL, fez no primeiro dia no ENF 2011. Lucimar falou sobre a temática do ano, do momento vivido pelo Movimento e, sobretudo, das moções que Deus tem inspirado à Renovação Carismática Católica do Brasil, nesse tempo de construção e reconstrução.
Palavra de Deus em evidência
Logo no início de sua fala, Lucimar fez um resgate daquilo que a RCC vem vivendo nos últimos anos, de acordo com O que o Senhor pede que o Movimento faça. “Em 2009, Ele nos fez proclamar o Senhorio de Jesus. No ano passado, nos deu a graça de mergulhar na Palavra, anunciar a Boa Notícia onde a gente estivesse”, disse.
A pregadora mostrou que este ano a Palavra segue em evidência, mas com um novo mandato: o de lançar as redes à evangelização.
Ao basear-se na Constituição Dogmática Lumen Gentium, Lucimar disse que a RCC, como parte da Igreja, recebeu o mandato de Jesus de anunciar a verdade e a salvação aos quatro cantos da Terra. “Mas a nós, Deus colocou um espaço privilegiado de missão. Um espaço onde, primeiramente, alguém nos anunciou a Palavra. O Grupo de Oração é esse espaço privilegiado”, explicou.
Lucimar destacou ainda que é no Grupo de Oração que, muitas vezes, ouvimos e acolhemos a Palavra pela primeira vez. A ação seguinte à escuta e à acolhida da Palavra de Deus é o seu anúncio: “Nós queremos que muitos outros que não conheceram essa Palavra, que não tiveram contato com Ela, possam, através das nossas ações, conhecê-La, receber o Verbo de Deus através da Palavra”, continuou.
Segundo a pregadora, esse mandato não é para amanhã ou depois: é para hoje. “Somos convidados a anunciar essa Palavra, impelidos pelo Espírito Santo. É a Igreja que nos envia”, complementa.
Essa é, de acordo com Lucimar, a palavra de ordem contida no texto que inspira o tema do ano, presente no Evangelho segundo São Lucas, capítulo 5.
A coordenadora do Ministério de Pregação passou então a esmiuçar o trecho, a partir do seu primeiro versículo, até o versículo que conta as consequências do seguimento da ordem de Jesus.
“Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus” (Lc 5,1). Lucimar chamou atenção de como os participantes do ENF estavam em atitude semelhante à daquelas pessoas – os participantes ocupavam todo o ginásio e também seus arredores.
Ela lembrou que podemos ser replicadores dessa mensagem, pois a partir do Batismo no Espírito Santo ficamos apaixonados pela Palavra, somos impulsionados a proclamá-La, fazendo com que mais pessoas se acheguem à Igreja. Assim, podemos lançar nossas redes, proclamando a Palavra no Grupo de Oração e onde esse Grupo possa chegar, através dos seus integrantes.
Lucimar partilhou, neste ponto da pregação, uma experiência que viveu recentemente. A caravana na qual viajava para o Congresso Estadual de São Paulo envolveu-se em um acidente de trânsito e ela quebrou a bacia, o que a obrigou a ficar hospitalizada por certo período.
Por causa dos pesados medicamentos e das fortes dores causadas pelas fraturas, ela não conseguia ler a Bíblia. No entanto, uma irmã do seu Grupo de Oração passou a ler os trechos da Escritura para ela. “Quando a Palavra começou a entrar pelos meus ouvidos, ela entrou no meu coração, como remédio. Toda a agitação do meu ser em função da dor se aquietava ao ouvir a Palavra de Deus”, testemunhou.
“Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, – pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes” (Lc 5,2). Ao ler esse versículo, a pregadora explicou que as barcas não estavam paradas em alto mar, mas sim na margem, na praia. Isto porque estavam buscando restaurar as redes, seus equipamentos de trabalho.
Neste momento, Lucimar lançou um questionamento aos presentes: “Onde está estacionado o seu Grupo de Oração, o seu ministério?”. Ela explicou que a barca foi o lugar escolhido por Jesus para fazer o anúncio do Reino. Naquele momento, a embarcação foi o local privilegiado do qual o Cristo pôde se usar para que a mensagem de Deus chegasse a mais pessoas.
Dessa maneira, assim deve ser o nosso Grupo de Oração: “É da barca do nosso Grupo de Oração que devemos anunciar”, disse a pregadora.
Por isso, é necessário que consertemos os nossos equipamentos de evangelização, busquemos formação, cuidemos da nossa vida de oração, das práticas espirituais. Precisamos cuidar das nossas redes para que elas possam ser lançadas e voltar cheias.
“Jesus subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo” (Lc 5,3). Lucimar chamou atenção para a posição na qual o Cristo ensinava: sentado. Ela lembrou que uma boa conversa se dá nesta posição. É uma posição de acolhida, de escuta. Muitas vezes, o irmão que entra no Grupo de Oração precisa de um desabafo. Muitas vezes nem uma confissão sacramental, mas sim uma conversa franca, na qual possa se fazer ouvido. Isso também faz parte da evangelização, conforme explicou Lucimar.
Proclamar a Palavra, seja qual for a condição
“Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede. Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia” (Lc 5,4-6).
Quando estava começando a contextualização deste trecho, um imprevisto que poderia interromper a pregação ocorreu em Lorena/SP: uma queda de energia deixou o campus do UNISAL sem luz. No entanto, Lucimar não se abateu e não deixou de pregar: “Não adianta ficar parado com a rede vazia. Se eu parasse de falar porque acabou o som, a Palavra não iria chegar. Se é assim, sem som, que Ele quer, assim tem que ser feito!”, exclamou Lucimar.
Ela continuou: “Não adianta nada todo esse equipamento, se não tiver quem anuncie. O maior instrumento de evangelização é a vida”.
Mesmo sem microfone, a voz de Lucimar chegava a todos os cantos do Ginásio Poliesportivo. A cada exortação sua, o povo explodia em aplausos e brados de Glória e Amém!
Finalmente chega ao versículo-tema de 2011, Lucimar deu razão ao questionamento de Pedro: “A reclamação dele tem lógica! Como um carpinteiro falaria de pesca com um pescador?”. No entanto, em seguida ela já respondeu ao questionamento. “Se olharmos a Palavra com nossa visão, a questionaremos. Se olharmos como Palavra de Deus, a gente a obedece, confia”.
Confiando na Voz de Deus e a obedecendo, Ele vai deixar a nossa rede cheia de peixes. “Estamos em tempo de missão”, afirmou Lucimar. O mundo, prosseguiu ela, sente Deus como algo supérfluo, acessório, por isso nossa prioridade é reabrir o acesso das pessoas a Deus, como diz a exortação papal.
“Nós, que ouvimos essa palavra, somos chamados a levá-La àqueles que não têm esperança. Não é hora de ficarmos abatidos olhando para as nossas redes e chorar pelos rombos que encontramos nelas. Este tempo é de olhar para a nossa vida e ver que a mão poderosa do Senhor vai nos ensinar a consertar as redes”, disse Lucimar.
Continuou ela: “Confiar na Palavra de Deus é ver a promessa se realizando no nosso meio. Não pare na rede furada, não pare no cansaço da noite, nem nas tuas dores”.
A pregação foi encerrada com uma oração pela renovação do ‘sim’ de cada um à missão confiada por Deus. Lucimar convidou os presentes a deixar o Senhor curar as brechas deixadas nas redes das suas vidas e Grupos de Oração: “Senhor, pode afastar o meu barquinho da beira da praia, pode tirar o meu Grupo do estacionamento dos carismas, pode consertar as áreas da minha vida, porque eu quero usar essas redes para a missão” rezou ela.