Caro irmão, convido você a caminhar comigo numa reflexão muito interessante acerca de umas das figuras mais misteriosas do Novo Testamento: Maria Madalena.

Refletir sobre Maria Madalena, é sempre um esforço em observar tudo o que ela conseguiu fazer por Jesus: Seguiu-O por onde quer que fosse – Mateus 27,55; Subiu com Ele para Jerusalém – Marcos 15,41; Cuidou Dele até mesmo depois da sua morte – Lucas 23,55-56; Foi a primeira a vê-Lo depois da ressurreição – João 20.15-16; Foi a primeira a dar a notícia aos discípulos, de que Ele havia vencido a morte – João 20,18 – e ainda assim, após viver tudo isso, podemos nos questionar: Por que ela, não reconheceu Jesus?

Ora, momentos antes da Ressurreição Gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Maria Madalena reconheceu Nele, o Filho de Deus, o Messias esperado e após Sua morte, enquanto os discípulos Dele fugiam e se escondiam, foi ela quem observou onde o corpo de Jesus estava sendo sepultado por José de Arimatéia, para que após o descanso do Sábado Silencioso, pudesse voltar ao túmulo para ungir o corpo de seu Senhor.

E foi exatamente nesta ocasião meus queridos, que ali, com outras mulheres, Maria Madalena, presenciou o túmulo vazio, pois a pedra tinha sido removida: Decepção? Desespero? Dor? Incompreensão? Roubo? Tudo passou pela cabeça aflita de Maria, menos a possibilidade da ressurreição…

Fatos curiosos tomam conta desta cena, visto que a dor de Maria Madalena era tão grande, que mesmo encontrando o Senhor Ressuscitado, ela não O reconheceu, confundindo-O com o jardineiro.

Aqui queridos, podemos nos perguntar mais uma vez: Por que ela, não reconheceu Jesus?

Pode ser porque estava escuro ainda naquela madrugada ou até mesmo, por ceticismo, ou ainda por desgosto, pois ela chorava e seus olhos estavam marejados e nem mesmo a voz de Jesus ela reconheceu, quando Ele perguntou: “Mulher, por que choras? A quem procuras?”.

Entretanto, meus queridos, algo maravilhoso acontece nesta passagem do Santo Evangelho: quando Jesus a chama pelo nome, Maria Madalena, imediatamente O reconhece e Lhe responde com a maior reverência da face da terra: “Rabboni”.

Naquele instante, Maria Madalena, tem renovado em seu coração, tudo aquilo que havia vivido com o seu Ilustre Senhor e Mestre, até porque Jesus expulsou dela sete demônios, deu-lhe vida nova, curou o coração de uma mulher gravemente enferma – Lc 8,2.

Ao exclamar “Rabboni”, este pronome que acontece só mais uma vez no Novo Testamento, em Mc 10,51, onde o cego de Jericó, Bartimeu, reporta-se a Jesus, respondendo à Sua pergunta: “Que queres que Eu te faça?”, ele diz: “Mestre [Rabboni], que eu torne a ver.” – Maria Madalena, proclama com toda força de sua alma, aquilo que nos garante o Salmo 22/23 – O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará…

Em Jo 20,16, Jesus a chama pelo nome com que sempre a havia chamado – talvez do mesmo jeito e com o mesmo tom de voz. Que coisa bela! Ele nos chama pelo nome. Nos dá dignidade. Nos ama.

Meus queridos, neste Tempo Pascal, onde podemos cantar autorizados pela Santa Madre Igreja, nossa Mãe e Mestra Católica, passado o tempo da dúvida, do choro, do desespero, assim como na vida de Maria Madalena, também nós, precisamos ter uma plena confiança no Cristo Ressuscitado, que não surge de uma hora para outra. É gradativa. Vai crescendo aos poucos, vai se apoderando de nós, vai se avolumando, vai preenchendo a distância entre nosso coração e o Coração que venceu a morte.

Estejamos amarrados a Deus, e não aos problemas que nos tolhem a alegria de viver, pois a confiança em Deus é especialmente válida em circunstâncias adversas e em situações difíceis.

Estou certo de que é preciso confiar em Deus mesmo que andemos pelo vale da sombra da morte e ainda que um exército se acampe contra nós. Mesmo assim, aprendamos a confiar e a não desanimar com as crises de falta de fé. Levantemo-nos depois das quedas, quantas vezes for necessário, e sigamos adiante. Em marcha! Vibrantes… Alegres.

Enfim, por que Maria Madalena não reconheceu Jesus?

Quem nos responde é o querido Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium n.3: “O crente é, fundamentalmente uma pessoa que faz memória…” – Maria Madalena devido ao choro incontido perdeu a memória de quem crê e se alegra com aquilo que crê.  Desta forma, tomou do veneno predileto do diabo: a tristeza.

Desejo a você, que nunca perca a feliz memória de que somos convidados a comungar o Corpo e o Sangue do Senhor, pois quando isso fazemos, nos garante Santo Efrén: “Comemos Brasa, nos alimentamos de Fogo… bebemos do Espírito Santo de Deus”.

Feliz Páscoa! Deus abençoe. Pise o chão, pois Ele, o Cristo Ressuscitado, lhe concederá novos caminhos…

Com carinho e benção,

seu amigo Pe. Rodrigo Silva Pereira, Diocese de Osasco/SP