Jesus inicia a sua caminhada para Jerusalém, seis dias antes da Páscoa, correm até ele os pequeninos, trazendo em suas mãos ramos e palmas, iam estendendo suas roupas pelo caminho e em alta voz cantavam em sua honra: “Bendito és tu, que vens com tanto amor! Hosana nas alturas!”

A liturgia do Domingo de Ramos marca o início da Semana Santa, centro do grande acontecimento da nossa fé: o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Entremos nesse caminho junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo. No Evangelho segundo São Lucas 19, 28-40, que é  proclamado no início da liturgia do Domingo de Ramos, vemos que a longa viagem de Jesus a Jerusalém atinge o objetivo quando ele entra vindo do leste, pelos pequenos povoados de Betfagé e Betânia, esse acontecimento marca a aclamação pública de Jesus como o Messias davídico. Esse relato do evangelista São Lucas explica também a menção de paz, montar em um jumento punha ênfase na paz. Os reis iam à guerra montando cavalos; entrar em Jerusalém montado em um jumento indica o tipo de realeza que Jesus exerce. Os dois discípulos são enviados para encontrar um animal no qual ninguém tenha montado antes, quando voltam, os discípulos tomam parte ativa no processo, onde  lançam seus mantos sobre o jumentinho e sobre a estrada e fazem o Salvador montá-lo. Os mantos dos apóstolos, com efeito, simboliza as boas obras, quem caminha sobre os mantos dos apóstolos quem imita-lhes a doutrina e a vida. Quem dentre nós é tão ditoso a ponto de carregar o mesmo Jesus?

Os gritos de louvores no relato de São Lucas salientam que Jesus vem como rei. Os fariseus acham que os discípulos de Jesus foram longe demais, fazendo proclamações que Jesus não ousaria fazer. Mas Jesus responde que chegou a hora da proclamação de sua plena identidade e missão. O plano de Deus precisa ser revelado agora, mesmo que as pedras tenham de ser convocadas para isso.

Nesse contexto que o Santo Evangelho nos apresenta, somos nós também convidados com os nossos ramos nas mãos, acolher aquele que, sendo Deus, vem a nós como humilde servidor, que caminha livremente para Jerusalém, ele que desceu do céu por nossa causa – prostrados que estávamos por terra – para elevar-nos consigo bem acima de toda autoridade, poder, potência e soberania ou qualquer título que se possa mencionar (Ef 1,21). Nos tempos atuais, em vez de mantos ou ramos sem vida, em vez de folhagens que alegram o olhar por pouco tempo, mas depressa perdem o seu verdor, prostremo-nos aos pés de Cristo. Revestidos de sua graça, ou melhor, revestidos dele próprio, – vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo (Gl 3,27) – prostremo-nos a seus pés com os mantos estendidos. Éramos antes como escarlate por causa dos nossos pecados, mas purificados pelo batismo da salvação, nos tornamos brancos como a lã. Por conseguinte, não ofereçamos mais ramos e palmas ao vencedor da morte, porém o prêmio da sua vitória. Agitando nossos ramos espirituais, o aclamemos todos os dias, juntamente com as crianças, dizendo estas santas palavras: “Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei do universo”.

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Ailton Francisco Correia Filho
Ministério para Seminaristas RCCBRASIL