Sou Luis Renato Soares Ritton, nasci na cidade de Resende, estado do Rio de Janeiro, no dia 16 de março de 1971. Tive uma infância muito tranqüila, apesar da separação de meus pais. Estudei num colégio particular, pois meu pai nunca deixou faltar nada em casa. Como uma criança normal, sempre gostei de jogar futebol, soltar pipa e fazer muita “arte”. Fui crescendo e estudava sempre o necessário para passar de ano, pois normalmente o presente de Natal estava condicionado a aprovação no colégio nunca vi problema nisso, pois sempre era motivado a estudar um pouco mais. Com a adolescência, passei a gostar muito de jogar futebol e namorar. As amizades começaram a conduzir-me para as festas e nelas aprendi a beber

para me soltar um pouco mais. Muitos dos meus amigos, mesmo ainda jovens, já estavam fumando cigarro e usando drogas. Sempre estive diante de situações delicadas, pois quando saíamos, eles usavam drogas e eu ficava num dilema: usar ou não; mas, pela graça de Deus, sempre fui preservado desse mal que atinge a sociedade. No ano de 1990, em um baile de carnaval, tive a oportunidade de conhecer uma pessoa maravilhosa chamada Kelly, minha esposa há 12 anos. No início foi tudo maravilhoso, começamos a namorar e curtir juntos a vida, mas com o passar do tempo um Renato possessivo, que não confiava em nada muito menos em sua namorada, começou a surgir.

Nessa época eu morava no Rio de Janeiro e fazia faculdade de ciências contábeis, mas de lá controlava toda a sua vida, a ponto de “trancá-la” muitas vezes dentro de casa. Diariamente ela me relatava tudo o que havia acontecido — como em um diário — para que eu tomasse ciência de todos os seus atos. Parecia que algo me dominava. Queria vencer aquele espírito possessivo, mas não conseguia. Em 1991 terminei a faculdade e voltei para minha cidade natal, achando que as coisas — ciúme possessivo, desconfianças, brigas — fossem melhorar, mas tudo piorou. Mesmo com tudo dando errado, resolvemos ficar noivos em janeiro de 1993 e marcar o casamento para dezembro de 1994. A partir daí, tudo começou a se transformar. Lembro-me muito bem do dia em que ela me disse:

“Nosso casamento está marcado, mas se você não mudar, deixando para trás principalmente este ciúme que te faz um homem violento, não iremos nos casar, apesar de eu te amar muito”.

Tenho que reconhecer que aquelas palavras foram duras demais e causaram um grande impacto em minha vida, pois continham a força e sabedoria de Deus. Desde aquele momento comecei a tentar mudar, mas nunca imaginei que fosse tão difícil. Aquilo tudo estava entranhado em minha vida, como se fizesse parte dela, mais ou menos como a pele é para o corpo, assim, aqueles sentimentos eram para minha vida; era preciso então arrancar a pele. Hummm, que dor!!!

Percebi que não seria algo tão simples, e que mesmo querendo muito, não teria forças suficientes para mudar aquela situação sozinho; não conseguiria mudar com tanta facilidade, pois eram sentimentos muito fortes que haviam tomado conta da minha vida, e somente eu é que não havia percebido isso. Como uma praga num jardim que cresce enquanto dormimos, e quando percebemos já se alastrou e contaminou tudo; é preciso, então, ter cuidado e dedicação redobrados para eliminá-las, senão ela toma conta de todo o local. Assim também são os sentimentos ruins: eles começam pequenos, mas com o passar do tempo vão tomando conta de nossa vida, passando a conduzir nossos atos, até nos dominar. Quando chegamos nesse estágio precisamos de uma mudança radical, pois somente isso poderá nos resgatar de onde nos encontramos.

O tempo passava e nada mudava em minha vida. Sabia que se não acontecesse uma mudança radical, o nosso casamento não aconteceria. Impelido pelo amor que havia em meu coração procurava de todas as formas (à minha maneira) dominar os meus sentimentos, mas a cada dia percebia com mais clareza que eram eles que me dominavam. Tentei contê-los, mas de muito pouco adiantou. Foi então que percebi que algo novo precisaria acontecer em minha vida, pois sozinho dificilmente conseguiria combater aqueles sentimentos excessivos.

Em agosto de 1994, já como parte dos preparativos para o casamento, tivemos que fazer o curso de noivos, na Paróquia de Santa Cecília, em Resende – RJ. Algo que para muitos seria mais um encontro para cumprir obrigações, para mim não o foi, pois nele encontrei-me com Aquele que mudaria o rumo da minha história. Encontrei-me com o Senhor Jesus Cristo. E mesmo sem saber que poderia dar-me a força necessária para tudo transformar, desejei segui-lo. Fui como que seduzido e pude dizer naquele dia: “Seduzistes-me, Senhor; e eu me deixei seduzir! Dominastes-me e obtivestes o triunfo” (Jr 20,7a).

O dia tão esperado por Deus, aquele em que nos encontraríamos, finalmente chegou e tudo se transformou. Lembro-me muito bem daquela noite após o curso, quando na cama da minha mãe — talvez inconscientemente ou então seduzido — com o intuito de conhecer melhor o novo amigo e estreitar ainda mais os nossos laços, peguei a Bíblia para ler e deparei-me com um folheto do Movimento Sacerdotal Mariano que tinha estampado na capa a fotografia de Maria, assim, resolvi abrir e ler. Falava sobre o terço que eu mal conhecia, então, ainda mais seduzido, resolvi que a partir do dia seguinte rezaríamos — eu e minha noiva — aquela oração. E assim o fizemos.

No dia seguinte, para o espanto de todos, na hora do almoço fui até a sua casa como de costume e pedi para que me ensinasse a rezá-lo. Recordo-me de que não sabia quase nenhuma oração, pois as havia esquecido ao longo da vida. Foi preciso então aprendê-las novamente e resgatar o tesouro da oração dado pela Igreja, tomando posse da herança que havia desperdiçado1 .

A partir daquele momento, outra mulher entrou em minha vida: MARIA, minha mãe querida que não fez outra coisa a não ser conduzir-me mais rápido para o lugar correto e seguro, os braços de seu filho amado, Nosso Senhor Jesus Cristo. O mesmo meio — MARIA — que Jesus utilizou para vir até nós, agora foi utilizado por mim para ir até ele2. Todos os dias eu perdia a hora do almoço, mas ganhava a graça de Deus rezando o terço, afinal de contas, faltavam apenas três meses e meio para o casamento e a transformação em minha vida precisava acontecer.

Uma semana após começarmos a rezar diariamente o terço, minha noiva foi indagada por seu irmão sobre o seu desejo de ser batizada no Espírito Santo3, explicando-lhe com simplicidade do que se tratava. O curioso é que mesmo participando da RCC há algum tempo ele nunca havia se aproximado para fazer tal proposta, mas somente após começarmos a rezar o terço — aí tem a mão da mãe! — mas tudo isso era detalhe porque o essencial é que ela aceitou, foi batizada no Espírito Santo e não esperou um dia sequer para contar-me o acontecido. Eu disse então: Está na Bíblia e aconteceu com você, então precisa também acontecer comigo. Esperei ansiosamente para que seu irmão naquela época cadete do exército chegasse em casa no final de semana para que também eu fosse batizado no Espírito Santo e foi o que aconteceu. Num momento de oração muito simples no seu quarto, onde estávamos eu, minha noiva e seu irmão Marcos, fizemos algumas orações e o milagre de Pentecostes aconteceu. A partir de então, passei a ter a minha vida conduzida pelo Espírito Santo.

Talvez em um primeiro momento, mesmo tendo os meus sentimentos, atos, enfim, minha vida transformada, muitos ainda poderiam questionar-me, mas penso que agora, escrevendo esse texto, após doze anos, posso dizer com toda convicção que naquele bendito dia, em que fui batizado no Espírito Santo, tive minha vida inteira transformada.

No dia 09.12.1994 nos casamos e, pela graça de Deus, estávamos preparados para receber o sacramento do matrimônio com toda a sua graça especial. Costumo dizer que não sei se estaríamos casados até hoje se tudo isso não tivesse acontecido.

Talvez você esteja passando por dificuldades no seu casamento, ou então na sua vida pessoal, ou quem sabe o problema não seja com você, mas com o seu filho, filha ou com seu marido ou esposa. Não importa qual seja o problema, nem com quem está acontecendo; a solução é todos nós sermos batizados no Espírito Santo, pois só com a Sua força conseguiremos superar as adversidades que surgirão no meio do caminho, pois somos fracos e muito limitados.

Notas:
1. Cf Lc 15
2. São Luis Maria Grignion de Monfort
3. Ler Atos dos Apóstolos 4 e 10 para se ter uma melhor compreensão sobre o assunto; para aprofundamento pesquisar em livros de formação da Renovação Carismática Católica.