Depois de caminharmos juntos durante as cinco semanas da quaresma agora adentramos na Semana Santa. Semana em que nós mergulhamos no mistério de nossa salvação e atualizamos em nossa vida a liturgia da paixão e morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta semana começou com o Domingo de Ramos e, através de sua liturgia, todos nós aclamamos Jesus Cristo como Rei. Ele entra triunfalmente em Jerusalém e toda multidão o acolhe. Esta mesma multidão que o aclama como Rei e Senhor, mais tarde dá a sentença de morte, gritando em alta voz: crucifica-o!
Nos dias que seguem, queremos acolher e aclamar em nossa vida toda a Palavra de Deus para que tenha total significado em nós a passagem da morte para vida nova, da cruz para alegria da ressurreição.
 Durante as cinco semanas da quaresma, fizemos um caminho de reflexão a partir das moções e princípios que tem norteado a Renovação Carismática Católica com a finalidade de unir nossa vida e espiritualidade à vontade de Deus e ao mistério da cruz.
Agora, estamos nos aproximando do grande dia, o dia da ressurreição e o convite é para que nossas reflexões sejam guiadas pela Palavra de Deus.  Utilizemo-nos das Sagradas Escrituras e experimentemos o poder desta proclamação em nossa vida, renovando-nos a fé e fortalecendo-nos na esperança.

Sexta-feira Santa 22/04

Este é um dia de jejum e abstinência de carne.
Seguindo as orientações do tríduo pascal, novamente lembramos a importância de participarmos das celebrações em nossa paróquia. Na sexta-feira santa, temos o momento da adoração da cruz. É o dia que todos os fiéis meditam o Evangelho que relata a paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. É momento de nos voltamos para a cruz, lembrando que ela é sinal de nossa salvação. Vamos refletir na leitura das catequeses de São João Crisóstomo que nos ajudará a mergulhar no sentido nesta celebração.
Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com seu sangue. Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.
Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repare de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram o cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.
De seu lado saiu água e sangue. Não quero querido ouvinte, que trates com superficialidades o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi desses sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo.
Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formado Eva, sua esposa.
Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne, que São Paulo refere,  aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão, enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.
Vede como Cristo uniu-se a sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu a luz, também Cristo alimenta sempre com seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.