Depois de caminharmos juntos durante as cinco semanas da quaresma agora adentramos na Semana Santa. Semana em que nós mergulhamos no mistério de nossa salvação e atualizamos em nossa vida a liturgia da paixão e morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.

Esta semana começou com o Domingo de Ramos e, através de sua liturgia, todos nós aclamamos Jesus Cristo como Rei. Ele entra triunfalmente em Jerusalém e toda multidão o acolhe. Esta mesma multidão que o aclama como Rei e Senhor, mais tarde dá a sentença de morte, gritando em alta voz: crucifica-o!

Nos dias que seguem, queremos acolher e aclamar em nossa vida toda a Palavra de Deus para que tenha total significado em nós a passagem da morte para vida nova, da cruz para alegria da ressurreição.

 Durante as cinco semanas da quaresma, fizemos um caminho de reflexão a partir das moções e princípios que tem norteado a Renovação Carismática Católica com a finalidade de unir nossa vida e espiritualidade à vontade de Deus e ao mistério da cruz.

Agora, estamos nos aproximando do grande dia, o dia da ressurreição e o convite é para que nossas reflexões sejam guiadas pela Palavra de Deus.  Utilizemo-nos das Sagradas Escrituras e experimentemos o poder desta proclamação em nossa vida, renovando-nos a fé e fortalecendo-nos na esperança.

Segunda-feira: 18/04
A palavra que ordena nossa vida hoje é Isaías 42,1-7. De maneira especial olhamos para versículo 6:
 Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárceres os que vivem nas trevas. 

A missão salvífica de Jesus acontece em nossas vidas todas as vezes que nos dirigimos a Ele. Esta passagem nos orienta para recordarmos que a nova e eterna aliança foi estabelecida pelo Senhor Jesus: as trevas foram dissipadas de nossa vida, a justiça se levanta na vida dos justos libertando dos cárceres que nos aprisionavam e de todos as situações nas quais o pecado tentou tirar de nós a visão de Deus.

Por isso neste dia, rezemos com base nesta Palavra louvando e bendizendo a Deus por todos os seus prodígios em nossa vida. De maneira especial falemos com Jesus o quanto somos gratos a Ele!

Terça-feira 19/04
O centro de nossa oração neste dia é o Salmo 70. Vamos nos amparar inteiramente no poder de Jesus, por ser Ele nossa esperança, ser nossa rocha protetora, ser Aquele em quem nos apoiamos desde toda nossa existência. Portanto, com base nos ensinamentos do salmo vamos orar:

 Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois minha força e meu amparo, o meu refúgio proteção e segurança! Libertai-me ó meu Deus das mãos do ímpio. Porque sois ó meu Deus minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal o meu amparo.   

Utilizemos este salmo para elevar nossa oração ao Senhor, colocando-nos na condição de quem espera e confia Nele, sem ter reservas, rasgando nosso coração para Ele.

Quarta-feira 20/04
De maneira muito especial, vamos recordar das dores de Nossa Senhora e unir nossa oração as ações de Maria. Com o auxilio de nossa Mãe, peçamos ajuda para saber enfrentar os momentos de sofrimentos em nossa vida.

Primeira dor: Maria acolhe na fé a profecia de Simeão. “Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada transpassará tua alma! E assim serão revelados os pensamentos de muitos corações!”(Lc2,34-35)

Segunda dor: A fuga da Sagrada família para o Egito. “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo. José levantou-se de noite, com o menino e a mãe, e retirou-se para o Egito”. (Mt 2,13-14)

Terceira dor: Maria procura Jesus em Jerusalém. Terminados os dias da festa, enquanto eles voltavam, Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais percebessem. Pensando que se encontrassem na caravana, caminharam um dia inteiro. Começaram então a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Mas como não o encontrassem, voltaram para Jerusalém, procurando-o. (Lc 2,43-45)

Quarta dor: Maria se encontra com Jesus no caminho do calvário. “Enquanto levavam Jesus, detiveram certo Simão, de Cirene, que voltava do campo, e mandaram-no carregar a cruz atrás de Jesus. Seguia-o uma grande multidão do povo, bem como de mulheres que batiam no peito e choravam com ele”. (Lc 23,26-27)

Quinta dor: Maria aos pés da cruz de seu filho. “Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cleofás, e Maria Madalena. Jesus ao ver sua mãe e ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher eis o teu filho!” depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” A partir daquela hora, o discípulo  a acolheu no que era seu (Jo 19,25-27)

Sexta dor: Maria recebe em seus braços Jesus, descido da cruz. “ Ao entardecer veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também se tornara discípulo de Jesus. Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus. então Pilatos mandou que se lhe entregasse o corpo. José tomando o corpo, envolveu – num lençol limpo e o colocou num túmulo novo, que mandara escavar numa rocha. Em seguida rolou, uma grande pedra na entrada do túmulo e retirou-se. Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas, em frente ao sepulcro”. (Mt 27,57-61)

Sétima dor: Maria entrega Jesus para ser sepultado, aguardando a ressurreição. “Eles pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de linho, do modo com que os judeus costumavam sepultar. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, um tumulo novo, onde ninguém tinha sido ainda sepultado. Por ser dia de preparação para os judeus, e como o túmulo estava perto, foi lá quem eles colocaram Jesus”. (Jo 19,40-42)

Quinta-feira Santa 21/04
Inicia-se o Tríduo Pascal. Estamos no ponto mais alto, mais importante da liturgia. Nestes três dias celebramos a morte e a ressurreição de Jesus.
Convidamos todos os que estão acompanhando este retiro quaresmal, para procura em sua paróquia as celebrações desse tríduo. Hoje, em todas as paróquias celebramos a última ceia, é momento em que Jesus institui a Eucaristia. Após a celebração, inicia-se os horários de vigília.

Para nos ajudar a preparar nosso coração, meditemos o Salmo 115:
Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome Santo do Senhor… por isso ofereço um sacrifício de louvor, invocando o nome Santo do Senhor. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido.

Sexta-feira Santa 22/04
Este é um dia de jejum e abstinência de carne.

Seguindo as orientações do tríduo pascal, novamente lembramos a importância de participarmos das celebrações em nossa paróquia. Na sexta-feira santa, temos o momento da adoração da cruz. É o dia que todos os fiéis meditam o Evangelho que relata a paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. É momento de nos voltamos para a cruz, lembrando que ela é sinal de nossa salvação. Vamos refletir na leitura das catequeses de São João Crisóstomo que nos ajudará a mergulhar no sentido nesta celebração.

Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com seu sangue. Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repare de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram o cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.

De seu lado saiu água e sangue. Não quero querido ouvinte, que trates com superficialidades o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi desses sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo.

Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formado Eva, sua esposa.

Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne, que São Paulo refere,  aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão, enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.

Vede como Cristo uniu-se a sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu a luz, também Cristo alimenta sempre com seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.

Sábado Santo 23/04
Estamos à espera da ressurreição. Vamos, neste dia, refletir sobre uma antiga homilia no grande Sábado Santo:

Que esta acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei esta dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo a procura de Adão, nosso primeiro Pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro Pai, ouviu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor esta no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu Espírito”. E tomando-o pela mão disse: “acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará”.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho: por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: sai!;  e os que jaziam nas trevas: vinde para a luz!; e aos entorpecido: levantai-vos!

Eu te ordeno: acorda, tu que dormes, porque não te criei para permanecer na mansão dos mortos. Levanta-te, dentro os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te obra das minhas mãos; levanta-te, oh minha imagem, tu que foste criado a minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui, tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto do céu desci a terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim, fui entregue aos judeus  e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original, vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar conforme a minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti, para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas a árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.

Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono  vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso ,mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constitui anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, pronto e postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparados para ti desde toda a eternidade.

À noite temos a grande noite, a noite da Ressurreição! Celebração da luz! As leituras proclamadas nesta vigília nos atualizam os grandes feitos e as maravilhas do Senhor. Vamos nos esforçar para vivenciar com grande alegria esta celebração!