Dando continuidade ao ensino sobre os Sacramentos, Papa Francisco, nesta quarta-feira, refletiu sobre o Sacramento da Ordem em Audiência Geral na Praça São Pedro em Roma. Leia a íntegra da reflexão do Santo Padre:
Queridos irmãos e irmãs,
Já tivemos oportunidade de recordar que os três sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia, juntos, formam o mistério da “iniciação cristã”, um grande evento de graça que nos regenera em Cristo. Esta é a vocação fundamental que une todos na Igreja como discípulos do Senhor Jesus. Há também dois sacramentos que correspondem a duas vocações específicas: a Ordem e o Matrimônio. Eles constituem duas vias principais pelas quais o cristão pode fazer da própria vida um dom de amor, a exemplo e em nome de Cristo e, assim, colaborar na construção da Igreja.
A Ordem, que compreende os três graus de episcopado, presbiterado e diaconato, é o sacramento que permite o exercício do ministério, confiado pelo Senhor Jesus aos Apóstolos, de apascentar seu rebanho, no poder do seu Espírito e de acordo com seu coração. Apascentar o rebanho de Jesus, não pela força humana ou por seu próprio poder, mas pelo poder do Espírito e segundo o seu coração, o coração de Jesus, que é um coração de amor. O padre, o bispo, o diácono, deve pastorear o rebanho do Senhor com amor. Se não faz com amor, não serve. Neste sentido, os ministros que são escolhidos e consagrados para este serviço prolongam a presença de Jesus se eles fazem isso com o poder do Espírito Santo, em nome de Deus e com amor.
1. Um primeiro aspecto. Aqueles que são ordenados são colocados como cabeça da comunidade. E são a “cabeça” sim, mas para Jesus significa colocar a sua autoridade a serviço, como ele mesmo mostrou e ensinou aos seus discípulos com estas palavras: “Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. Assim como o Filho do homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão” (Mt 20,25-28 / / Mc 10,42-45). Um bispo que não está a serviço da comunidade não faz bem, um sacerdote, um padre que não está a serviço de sua comunidade, não faz bem, é errado.
2. Outra característica que deriva sempre desta união sacramental com Cristo é o amor apaixonado pela Igreja. Pensemos no trecho da Carta aos Efésios, no qual São Paulo diz que Cristo “amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mancha, sem ruga, sem qualquer outro defeito” (cf. Ef 5,25-27 ). Por força da Ordem, o ministro dedica tudo de si mesmo a sua comunidade e a ama com todo o seu coração, é a sua família. O bispo, o padre, ama a Igreja em sua comunidade, e a amam fortemente. Como? Assim como Cristo ama a Igreja. O mesmo dirá São Paulo sobre o Matrimônio: o marido ama sua esposa como Cristo ama a Igreja. É um grande mistério de amor: este do ministério sacerdotal e do matrimônio, dois sacramentos, que são o caminho pelo qual as pessoas habitualmente vão para o Senhor.
3. Um aspecto final. O apóstolo Paulo aconselha seu discípulo Timóteo a não esquecer, de reavivar sempre o dom que está nele. O dom que lhe foi dado pela imposição das mãos (cf. 1 Tm 4:14, 2 Tm 1:6). Quando não se alimenta o ministério, o ministério do bispo, o ministério do sacerdote, com a oração, a escuta da Palavra de Deus, com a celebração diária da Eucaristia, e também com frequentação no sacramento da Penitência, é inevitável perder de vista o verdadeiro significado do seu serviço e da alegria que vem de uma comunhão profunda com Jesus.
4. O bispo que não ora, o bispo que não escuta da Palavra de Deus, que não celebra todos os dias, que não vai confessar-se regularmente, e também o padre que não faz isso, com o tempo, perde a sua união com Jesus, e é uma mediocridade que não é bom para a Igreja. Por isso, nós devemos ajudar os bispos e sacerdotes a rezar, a ouvir a Palavra de Deus, que é o alimento cotidiano, a celebrar a Eucaristia todos os dias e a ir à confissão regularmente. Isto é muito importante, porque diz respeito à santificação dos sacerdotes e bispos.
5. Gostaria de terminar com algo que me vem à mente, mas como se deve fazer para se tornar um sacerdote, onde se vendem as entradas ao sacerdócio? Não. Não se vendem. Esta é uma iniciativa do Senhor. O Senhor chama. Ele chama cada um daqueles que querem se tornar sacerdotes. Talvez existam alguns jovens aqui que ouviram este chamado em seu coração, o desejo de se tornar padres, o desejo de servir aos outros nas coisas que vêm de Deus, o desejo de ter toda a sua vida ao serviço de catequizar, batizar, perdoar, celebrar a Eucaristia, cuidar dos enfermos… E toda a vida dessa forma. Se algum de vocês já ouviu este desígnio em seu coração, é Jesus quem fez este chamado. Cuide deste convite e reze para que ele possa crescer e frutificar em toda a Igreja.
Fonte: Boletim Santa Sé