O Papa Francisco nos ajuda a compreender a Santíssima Trindade em profundida e amor, que perpassa pela história de Salvação. Por fim, nos convida a acolher o amor de Deus, assim como a Virgem Maria, que morada da Trindade. Leia na íntegra.
 
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Festa da Santíssima Trindade, mostra – na linguagem sintética do apóstolo João – o mistério de amor de Deus pelo mundo, sua criação. No breve diálogo com Nicodemos, Jesus apresenta-se como Aquele que cumpre o plano de salvação do Pai a favor o mundo. Afirma: “Deus amou de tal modo o mundo que deu o seu Filho único” (v. 16). Estas palavras indicam que a ação das três Pessoas divinas – Pai, Filho e Espírito Santo – é um desígnio único de amor que salva a humanidade e o mundo, é um desígnio de salvação para nós.
 
Deus criou o mundo bom e belo, mas depois do pecado, o mundo está marcado pelo mal e pela corrupção. Nós, homens e mulheres somos pecadores, todos, por isso Deus poderia intervir para julgar o mundo, para destruir o mal e castigar os pecadores. Em vez disso, Ele ama o mundo, apesar dos seus pecados; Deus ama cada um de nós, mesmo quando cometemos erros e nos afastamos d’Ele. Deus Pai ama tanto o mundo que, para o salvar, doa o que tem de mais precioso: o seu Filho único, o qual dá a sua vida pela humanidade, ressuscita, volta para o Pai e, juntamente com Ele, envia o Espírito Santo. Por conseguinte, a Trindade é Amor, totalmente ao serviço do mundo, que deseja salvar e recriar. Hoje, pensando em Deus Pai e Filho e Espírito Santo, reflitamos no amor de Deus! E seria bom que nos sentíssemos amados. “Deus ama-me”: este é o sentimento de hoje.
 
Quando Jesus afirma que o Pai deu o seu Filho unigénito, pensamos espontaneamente em Abraão e na sua oferta do filho Isaac, do qual o Livro do Génesis fala (cf. 22, 1-14): eis a “medida sem medida” do amor de Deus. E pensemos também em como Deus se revela a Moisés: cheio de ternura, misericordioso, piedoso, lento para a ira e rico de graça e fidelidade (cf. Êx 34, 6). O encontro com este Deus encorajou Moisés, o qual, como narra o livro do Êxodo, não receou colocar-se entre o povo e o Senhor, dizendo-lhe: “Somos um povo de cerviz dura, mas perdoai-nos as nossas iniquidades e os nossos pecados e aceitai-nos como propriedade Vossa” (v. 9). E assim fez Deus enviando o seu Filho. Nós somos filhos no Filho pelo poder do Espírito Santo! Nós somos a herança de Deus!
 
Estimados irmãos e irmãs, a festa de hoje convida-nos a deixarmo-nos fascinar mais uma vez pela beleza de Deus; beleza, bondade e verdade inesgotável. Mas também beleza, bondade e verdade humilde e próxima, que se fez carne para entrar na nossa vida, na nossa história, na minha história, na história de cada um de nós, para que cada homem e cada mulher possa encontrá-la e ter a vida eterna. E isto é fé: acolher Deus-Amor, acolher este Deus-Amor que se doa em Cristo, que nos faz mover no Espírito Santo; deixar-se encontrar por Ele e confiar n’Ele. Esta é a vida cristã. Amar, encontrar Deus, buscar Deus; e Ele procura-nos primeiro, Ele encontra-nos primeiro.
 
Que a Virgem Maria, morada da Trindade, nos ajude a acolher com o coração aberto o amor de Deus, que nos enche de alegria e dá sentido ao nosso caminho neste mundo, orientando-o sempre para a meta que é o Céu.
 
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Fonte: Vaticano