Em 19 de março a Igreja celebra solenemente a festa de São José. Neste dia se interrompe por um momento o espírito quaresmal para honrar à fidelidade aos planos de Deus deste homem.

No Brasil a devoção ao santo é uma das mais populares, em especial no nordeste do país. No Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) “José” era o nome de  5,7 milhões de brasileiros, muitos certamente por conta da forte devoção ao santo.

A celebração do dia sempre foi muito significativa para a Igreja pelo fato de José ter sido escolhido por Deus para proteger o menino Jesus e Sua Mãe, Maria. Neste sentido, o Papa Pio IX em 1870 o proclamou como “Patrono Universal da Igreja” (Decreto Quemadmodum Deus, 08/12/1870) e, no ano seguinte, instaurou prerrogativas litúrgicas para a solenidade.

Seu sucessor, o Papa Pio X, no ano de 1909, aprovou para uso público dos fiéis a Ladainha de São José. Nela encontramos 24 invocações ao pai adotivo de Jesus valorizando as virtudes e o papel desempenhado na história da nossa salvação. Destacamos uma delas e seu significado: “Ilustre filho de Davi”.

A narrativa da genealogia de Jesus de São Mateus, o evangelista faz a opção de atribuir a descendência do Messias à “Casa de Davi” a partir do carpinteiro de Nazaré. Mateus chama Jesus de “Filho de Davi” (Cf. Mt 1, 1) e discorre a genealogia até “José, esposo de Maria“. São Lucas, explica que José “era da casa e família de Davi” (Cf. Lc 2, 4).

O vínculo estabelecido de descendência a partir da paternidade de José respalda, dentro da tradição judaica, a ligação do salvador ao rei Davi, conforme a profecia de Isaías 9,6 estabelecera, por exemplo. O mesmo é  ratificado pela boca do anjo Gabriel: “Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi” (Lc 1, 32)”. Desta forma, São José, apesar de vida simples e modesta, é descendente ilustre daquele rei.

José é “ilustre” pelo fato de ter recebido de Deus tão nobre missão de entre os filhos da casa de Davi garantir a descendência real de Jesus, de forma legítima através de sua paternidade, e por lhe dar o nome como ordenou o anjo (Cf. Mt 1, 21).

O fato de José “dar nome” ao salvador tem grande significado. Era o chefe da casa, o pai, quem escolhia o nome do filho. José, obedecendo as ordens do anjo, chama o menino de Jesus (Yeshua), que significa “Javé é a Salvação”. O simbolismo por trás deste ato remete, sobretudo, à missão daquele menino, “filho de José de Nazaré” (Cf. Jo 1, 45), “filho do Deus altíssimo” (cf. Lc 1, 32)

Jesus, de origem humilde e simples, é o Salvador. Ao chamá-lo assim, o justo José é o primeiro dos descendentes da Casa de Davi a reconhecê-lo tal como a tradição judaica esperava o Messias que havia de vir de descendência real para salvar o seu povo.

Neste sentido, o Papa Francisco no início de seu pontificado no dia 19 de março de 2013, dia de São José, afirmou sobre o ilustre carpinteiro:  “Pelo seu lugar singular na economia da salvação como pai de Jesus, São José de Nazaré (…) contribuiu generosamente à missão recebida na graça e, aderindo plenamente ao início dos mistérios da salvação humana, tornou-se modelo exemplar”.

Os homens e as mulheres de nosso tempo, os “josés e marias” de hoje, participantes agora da descendência real de Cristo, pelo sacramento do Batismo, que lhes garantiu tal múnus real, são convidados nesta solenidade a reconhecerem Jesus, como seu Salvador. Reconhecê-lo como “Deus Salvador” de suas vidas tal como São José e por este motivo dedicou sua vida.

Jefferson Souza

Grupo de Oração Ágape – RCC Amapá

Diocese de Macapá(AP)