Como agir diante do impossível? Ao receber do anjo Gabriel o anúncio de que seria mãe do Salvador, Maria ouviu algo impossível aos olhos humanos, por não conhecer homem algum. Mas em vez de duvidar ou questionar, ela respondeu: “Como se fará isso?” (Lucas 1,34). Esse ‘como’ é para frente, no sentindo de qual será o próximo passo. Logo, ouviu do anjo: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com sua sombra” (Lucas 1, 35). Maria é o exemplo da graça que é receber o Espírito Santo, que nos foi dado em Pentecostes. 

E é justamente a terceira pessoa da Santíssima Trindade quem nos dará força para prosseguir, pois diariamente nos deparamos com situações que tendem a nos paralisar. Mas não. Não podemos cair nas ciladas da falta de tempo, do cansaço e das inúmeras dificuldades cotidianas, que todos nós passamos, em maior ou menor grau. É necessário ter a coragem de entregar o nosso tempo, a nossa vida e a nossa família à ação do Espírito, para que não percamos momentos preciosos de intimidade com o Senhor, que alimentam a nossa alma da presença de Deus. 

Lembre-se: é preciso caminhar. Assim como Maria teve um ‘como’ para frente, também temos que ter uma reação positiva, não paralisante, contando com o auxílio do alto, do Espírito que nos impulsiona, suscita em nós as palavras certas e as atitudes que condizem com a vontade do Senhor. 

Para irmos na direção de Cristo, devemos aprender com Maria a obedecer. A partir dessa atitude, seremos surpreendidos pela alegria de fazer a vontade de Deus, como encontramos na página 35, do livro tema do ano da RCC Brasil, ‘O Espírito Santo descerá sobre ti’: “Quando dizemos SIM ao desígnio divino para a nossa vida somos tomados de uma profunda alegria, a obediência à Palavra começa a direcionar a nossa peregrinação neste mundo, nada será motivo de tristeza, pois a vida é uma escola onde tudo concorre para o bem dos que amam a Deus. O ‘faça-se’ gera em nós confiança plena no desígnio divino. A vida no Espírito sempre nos leva ao júbilo, à alegria plena.” 

Mas é importante lembrar que, dificilmente conseguiremos ouvir o Senhor, se continuarmos cedendo ao barulho do mundo. É urgente a necessidade de buscar mais intimidade com Ele. Silenciar as nossas urgências, para ouvir a voz que nos irá mostrar o caminho da salvação. Se será preciso seguir para o deserto no meio da noite, para defender as nossas famílias dos Herodes da vida moderna (apego ao dinheiro, drogas, pornografia, excesso de tecnologia, ausência de diálogo e perdão) que assim o façamos. Pois o anjo não prometeu à Maria luxo, moleza e bem-estar, mas o Espírito que vos dará força. O mesmo que o próprio Jesus prometeu quando subiu aos céus. 

Precisamos nos convencer de que não estamos sozinhos, de que o Espírito habita em nós e, por isso, não podemos andar como no passado, mas para frente, com o olhar fixo em Jesus, na nossa salvação e das nossas famílias. Santo Agostinho já nos ensinava: “Sem o Espírito Santo não podemos nem amar a Cristo, nem observar os seus mandamentos; tanto menos podemos fazê-lo quanto menos Espírito Santo temos, e tanto mais podemos fazê-lo quanto mais abundância temos dele. Não é, pois, sem razão, que o Espírito Santo é prometido não só para quem não o tem, mas também para quem já o possui: a quem não tem para que tenha, a quem já o possui para que o possua em medida mais abundante.” 

A melhor maneira de termos a efusão do Espírito é pedindo, por meio da oração. “Com insistência fervorosa, não vos cansei de pedir; Vinde, Espírito Santo! Vinde! Vinde!”, como São João Paulo II exortava a própria Renovação Carismática. 

Por isso, desde o acordar até a hora de dormir, peçamos ao Espírito que nos guie, para que haja, por onde passarmos, mais caridade, alegria, paciência, paz, mansidão, bondade, fidelidade, domínio próprio, coragem, fé, castidade, perdão e amor.  

 

Laila Pimenta Magesk e Rodrigo Bona Sant’Anna

Grupo de Oração Vida no Espírito – Arquidiocese de Vitória (ES)

Coordenadores estaduais do Ministério para as Famílias do Espírito Santo