A Igreja vivencia a semana mais importante do calendário litúrgico para os católicos: a Semana Santa. É um momento de renovação da fé e do compromisso com Deus, além de ser um tempo de arrependimento, perdão, reconciliação e de viver a mensagem de amor e solidariedade que Jesus deixou para os seus seguidores.

Nestes dias, assim como em todas as igejas católicas do mundo, o Vaticano e o Papa Francisco realizam celebrações que ajudam a meditar sobre os momentos finais da vida de Jesus, desde sua entrada triunfal em Jerusalém até sua morte na cruz e ressurreição no domingo de Páscoa.

  

                                           

 

“Com Cristo renasce a esperança!”

 

Missa Pascal e Benção Urbi Et Orbi

Na manhã do dia mais importante para os cristãos, Papa Francisco presidiu missa do domingo, desejou Feliz Páscoa e abençoou a todos em sua mensagem Urbi Et Orbi (a Roma e a todo o mundo).

Diante de cerca de 100 mil fiéis, o Santo Padre, mais uma vez, relembrou o significado de Páscoa, que quer dizer passagem. Neste caso passagem da morte à vida, do pecado à graça. “Que seja para cada um, sobretudo para os sofredores, uma passagem da tribulação à consolação. Afinal, não estamos sós: Jesus, o Vivente, está conosco para sempre. Alegrem-se a Igreja e o mundo, porque podemos celebrar, por pura graça, o dia mais importante e belo da história, desejou Franciso a todos.

Com esta analogia, o Santo Padre transmitiu em sua mensagem um pedido de paz ao Oriente Médio e a Ucrânia dizendo “ajuda o amado povo ucraniano no caminho da paz. Difunde a luz pascal sobre o povo russo. Conforta os feridos e todos os que perderam entes queridos por causa da guerra e faz com que os prisioneiros regressem sãos e salvos às suas famílias. Ajuda os que foram atingidos pelo violento terramoto na Turquia e na Síria. Oremos pelos que perderam familiares e amigos e ficaram sem casa. Que possam receber o conforto de Deus e a ajuda da família das nações”.

O Sumo Pontífice continuou a mensagem chamando atenção para o aumento da tensão no oriente médio, “neste dia confiamos-Te a cidade de Jerusalém, primeira testemunha da Tua ressurreição. Manifesto uma séria preocupação pelos ataques destes últimos dias que ameaçam o desejado clima de confiança e de respeito recíproco necessário para reatar o diálogo entre israelitas e palestinianos. Que a paz reine na cidade santa e em toda a região”, terminou.

O Santo Padre encerrou dizendo: “Irmãos, irmãs, voltemos também nós a encontrar o gosto do caminho, aceleremos o pulsar da esperança, saboreemos a beleza do Céu! (…) Sim, temos a certeza: verdadeiramente Cristo ressuscitou. Acreditamos em Vós, Senhor Jesus, acreditamos que convosco renasce a esperança, o caminho continua. Vós, Senhor da vida, encorajai os nossos caminhos e repeti, também a nós, como aos discípulos na noite de Páscoa: ‘A paz esteja convosco’.”                                  

 

 

                                           

“A mãe de todas as vigílias”

 

Vigília Pascal

Mais uma vez a Vigília pascal, neste sábado Santo, foi presidida pelo Papa Francisco. Iniciada na Basílica Vaticana, onde aconteceram a celebração da luz, a bênção do fogo e preparação do círio pascal, o Santo Padre conduziu a procissão que, em silêncio e de velas acessas, percorreu a nave central,até o diácono proclamarpela terceira vez “Lumen Christi” e as luzes da Basílica seremacesas.

Na homilia, o Pontíficerelembrouo episódio narrado em Mateus 28, em que as mulheres, ao verem o túmulo vazio, abandonam o sepulcro e correm para avisar aos discípulos que Jesus ressuscitou eos espera na Galileia.De acordo com o Papa, na vida destas mulheresaconteceu a Páscoa. Com uma explicação sobre o significado da palavra páscoa, que quer dizer passagem, o Santo Padre diz que, de fato, aquelas mulheres passam do caminho triste rumo ao sepulcro para uma corrida jubilosa até junto dos discípulos.“Também nós caminhamos tristes presos em ódios, rancores, desilusões, fracassos, lutos não só em nossa vida pessoal, mas também social, ao lidarmos com o câncer da corrupção, a propagação da injustiça, os ventos gélidos da guerra”, comparou.

O Santo Padre continuou exaltando que cada um conhece o próprio lugar da ressurreição interior“lugar inicial, fundante, que mudou as coisas. Não podemos deixá-lo no passado, o Ressuscitado convida-nos a ir até lá, para celebrar a Páscoa”. Por fim o Santo Padre faz um convite a todos os cristãos: “irmãos, irmãs, sigamos Jesus até à Galileia, encontremo-Lo e adoremo-Lo lá onde Ele espera cada um de nós. Revivamos a beleza daquele momento em que, depois de O ter descoberto vivo, O proclamamos Senhor da nossa vida. Voltemos à Galileia, cada um volte à sua própria Galileia, a do primeiro encontro, e ressurjamos para uma vida nova!”, encerrou.

Ainda durante a cerimônia, depois da Liturgia da Palavra, foi realizada a Liturgia Batismal, com o batismo de oito catecúmenos: três albaneses, dois estadunidenses, um italiano, um nigeriano e uma venezuelana.O batizado mantém o ritual que vem sendo realizado nos últimos anos. 

 

 

 

                                  

“Deus é a verdade que Transcende”

 

Celebração da Paixão do Senhor

No dia que a igreja celebra a Paixão do Senhor, no Vaticano, o Santo Padre presidiu a celebração litúrgica na Basílica de São Pedro com a presença de mais de 4 mil pessoas, entre fiéis, cardeais, bispos e padres.

Como de costume, a homília foi conduzida pelo pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa que trouxe para a homília a reflexão sobre a existência de uma narrativa diversa para a morte de Deus, “ideológica, não histórica”, proclamada pelo anúncio que Nietzsche põe na boca do “homem louco”. E diante disso, o cardeal reforçou o convite para que os fiéis continuem “mais convictos do que nunca às palavras que dizemos a cada missa há dois mil anos, após a consagração: Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”.

O cardeal Cantalamessa finalizou a homília dizendo que “fomos nós – você e eu – que matamos Jesus de Nazaré, mas também destacou que a ressurreição de Jesus “nos assegura que este caminho não conduz à derrota, mas, graças ao nosso arrependimento, conduz àquela ‘apoteose da vida‘, em vão buscada em outros lugares”.

 

Via-Sacra

Ao final desta Sexta-feira Santa, foi celebrada a tradicional Via-Sacra no Coliseu em Roma. De maneira particular neste ano, o Santo Padre não esteve presente para preservar sua saúde, mediante o frio romano.
 
A Via-Sacra foi presidida pelo vigário para a Diocese de Roma, cardeal Angelo De Donatis. As meditações deste ano foram feitas a partir de testemunhos e histórias que o Papa ouviu durante suas peregrinações. As temáticas permearam vítimas de guerras, injustiças e pobreza.
 
O momento encerrou-se com uma oração de louvor que elencou quatorze motivos para agradecer a Deus. “Obrigado, Senhor Jesus, pela luz que acendeste nas nossas noites e, reconciliando todas as divisões, tornaste-nos a todos irmãos, filhos do mesmo Pai que está nos céus”, rezou a última prece.

 

 

                               

 

A quinta-feira Santa, insere os cristãos no âmago do Mistério pascal de Cristo.

 

Missa do Crisma

A “Missa do Crisma” ou “Missa Crismal” é uma espécie de prelúdio do Tríduo Pascal e é momento de valorização dos sacramentos na vida da Igreja.

Na celebração desta missa, na Basílica de São Pedro, Papa Francisco iniciou sua homília com o versículo do evangelho de Lucas que diz “O Espírito do Senhor está sobre mim” e refletiu com os sacerdotes e fiéis presentes sobre o Espírito do Senhor: “pois sem ele não há vida cristã e, sem a sua unção, não há santidade”, disse o pontífice.

Basicamente, a homília do Santo Padre girou em torno da premissa de que as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da ordenação necessitam ser valorizadas e preservadas. Disse que é preciso reconhecer que o Espírito Santo deve estar na origem do ministério, da vida e da vitalidade de cada Pastor.

“O Espírito é o protagonista e é bom hoje, no dia do nascimento do sacerdócio, reconhecer que Ele está na origem do nosso ministério, da vida e da vitalidade de cada Pastor. Sem Ele, nem sequer a Igreja seria a Esposa viva de Cristo, mas, no máximo, uma organização religiosa”, alertou o Santo Padre.

 

Santa Missa da Ceia do Senhor 

Na segunda celebração do dia, Papa Francisco foi ao Instituto Penitenciário para Menores de Casal del Marmo, localizado na periferia de Roma, para presidir a Santa Missa da Ceia do Senhor.
 
Em sua homilia, o Santo Padre explicou que lavar os pés era um costume comum na época de Jesus, pois as estadas eram empoeiradas, então, antes das refeições, os escravos lavavam os pés de seus patrões. “Era um trabalho de escravos. Imagine a surpresa dos discípulos quando Jesus começou a fazer o trabalho de escravo! Mas, eles entenderiam a mensagem num dia depois, Ele morreu como escravo para pagar a dívida de todos nós”, disse o papa.
 
“Jesus hoje, com esta celebração, quer nos ensinar a nobreza do coração.Cada um de nós poderíamos dizer: ah, se o papa soubesse o que tem dentro de mim! Jesus sabe e nos ama assim como somos e nos lava os pés. Jesus não se assusta com nossas fraquezas. Jamais se espanta, porque Ele já pagou. Simplesmente, Ele quer nos acompanhar, nos tomar pela mão para que a vida seja não tão dura para nós”, completou. 
 
Em seguida, Papa Francisco se dirigiu a 12 jovens – homens e mulheres residentes do centro penal de recuperação para menores – dos quais lavou os pés repetindo o gesto de Jesus. Num momento muito bonito e emocionante, o Santo Padre lavava os pés e os beijava e, por sua vez, os jovens beijavam sua mão e com sorrisos e olhos marejados faziam essa bonita experiência de amor e misericórdia.