“Um dia, como qualquer outro dia
O Senhor me criou para uma grande missão…
Eu disse sim, ó Senhor
Eu disse sim por amor”
 
Com um pequeno trecho dessa música composta por Dom Pedro Brito Guimarães venho partilhar o testemunho desse belo chamado para ser catequista e a resposta para esse chamado não poderia ser diferente, “um sim por amor”.

Um chamado que faz brilhar os meus olhos e inflama até hoje o meu coração, pois encontro nele o que pude encontrar um dia, o próprio Cristo, ou melhor através dele levamos crianças, jovens e adultos a serem encontrados pelo próprio Cristo.

Como esse chamado chegou em minha vida? Após fazer uma experiência profunda com Jesus, ao entrar em um Grupo de Oração, fui em busca de receber o sacramento que me faltava, queria TUDO que Deus tinha para mim, então me faltava o sacramento da Crisma e eu desejava de todo coração recebê-lo. Nesse tempo dava meus primeiros passos no Grupo de Oração, procurei participar da catequese que seria oferecida pela minha Paróquia, uma turma para jovens adultos e com todo o zelo e amor iniciei essa bela caminhada de fé, ainda participando da catequese, já ajudava muito os catequistas da Crisma, sempre me dedicava em estar preparada para viver cada tema e ajudar na preparação e oração de cada encontro. Esperava cada encontro e os vivia com muita alegria, após um ano de preparação, é chegado o grande dia em que receberia das mãos de Dom Jose Gonzalez Alonso, então Bispo da Diocese de Cajazeiras, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, esse belo sacramento, recebendo assim o selo do Espírito Santo, sendo essa unção rica de significados, o Catecismo da Igreja Católica no número 1294 vai dizer: “Pela confirmação, os cristãos, isto é, os que são ungidos, participam mais intensamente da missão de Jesus e da plenitude do Espírito Santo, de que Jesus é cumulado, a fim de que toda a vida deles exale “o bom odor de Cristo”.

De crismada passei a ser catequista e no ano seguinte, lá estava eu assumindo “uma grande missão”, segundo o Papa Francisco: 1.“Ser catequista não é uma profissão, mas uma vocação”, 2.“Ser catequista requer amor, amor sempre mais forte por Cristo, amor pelo seu povo santo”. Utilizando as duas falas do Santo Padre, lá estava eu, recebendo a vocação de quem ama a Cristo e ao seu povo santo. Cercada de desafios, mas certa desse belo chamado para minha vida.

Lembro de cada rostinho e de como  desejava ver cada um na Igreja servindo com amor, não só durante o período da preparação e formação, mas depois também se engajando nos diversos serviços pastorais, me empenhava em apresentar toda beleza e riqueza da Igreja para que eles pudessem amá-la assim como Cristo a amou, me empenhava em lançar as sementes do evangelho em cada coração que entrava pela porta da catequese, pois entendia com a minha vida a importância de cada um. A cada encontro via como Deus movia suas vidas e isso me animava a perseverar nesse belo chamado, nessa desafiante e grande missão.

No ano de 2013, o Papa Francisco por razão do Ano da Fé, e da Jornada dos Catequistas no Vaticano, fala da catequese como um pilar para a educação da fé e como uma das aventuras educativas mais belas da Igreja. Dessa forma o catequista deve levar crianças, jovens e adultos ao encontro de Jesus, seja por meio das palavras ou pelo  exemplo de sua própria vida, seguindo três pilares:

1. “Ter familiaridade com Cristo, aprender com Ele, escutá-lo e permanecer em seu amor, como Ele mesmo ensinou aos discípulos: “permaneçam no meu amor, permaneçam ligados a mim, como o ramo está ligado à videira. Se somos unidos a Ele, podemos dar frutos”. O coração do catequista deve viver essa união com Ele.

2. Viver o dinamismo do amor, a exemplo de Cristo, no sair de si para ir ao encontro do outro. O dom do catequista o impulsiona sempre para fora de si mesmo, doando-se aos outros.

3. Não ter medo de sair, de ir até as periferias, de ir a quem precisa, sair do comum para seguir a Deus, porque Deus vai sempre além.”

O amor e zelo, me faziam a cada encontro viver experiências profundas através da catequese, lembro que no primeiro encontro da catequese, onde cada catequizando fazia uma breve apresentação, diziam seus nomes, idades, falavam sobre o que fazem e respondiam o porquê que estava na catequese, e muitos diziam: “Porque minha mãe me mandou”, eu com toda a certeza do coração já os adotava em oração, pedindo ao Bom Deus que permanecessem não por uma obrigação e sim por ser um chamado de Amor, em que agora a Mãe Igreja os acolhia e pedia que confirmassem a sua fé e quantos testemunhos posso contemplar desse tempo, ganhei muitos afilhados de Crisma e até hoje tenho uma filha espiritual, que é serva do meu primeiro grupo de oração. Quando vejo todo crescimento dela em sua caminhada de fé, alegra meu coração pois contribui sendo sua catequista. Dessas experiências como catequista, lembro que todas as vezes que encontrava um catequizando que não levava tão a sério a catequese, me empenhava em que ao terminar a catequese esses fossem os mais envolvidos e apaixonados pelo verdadeiro encontro com Cristo, talvez até chegar naquela sala eles pensassem que Cristo era alguém a se admirar, ou alguém de que eles ouviam falar, mas eles precisavam sair dali com desejo de intimidade e profunda amizade, pois Ele é um Deus verdadeiro e os quer como seguidores e verdadeiros cristãos.

Atualmente ainda respondo a esse chamado com um “sim, por amor”, pois apesar de não mais morar na mesma cidade onde fui catequista por muitos anos, sirvo na catequese de minha atual Paróquia levando formação aos catequistas e também evangelizando Crianças e Adolescentes em todo o Brasil, sempre sou convidada a preparar pregações e retiros para a catequese, bem como aprofundar no conhecimento e preparação de material para a catequese. Respondo a esse chamado com o mesmo amor e ardor que respondi desde a primeira vez, olho para a catequese e vejo nela a possibilidade de transformar o mundo e muitas das realidades que contemplamos hoje, consigo contemplar através dela também, jovens que responderão de forma diferente do Jovem Rico (Mateus 19, 16 -22), que um dia convidado por Jesus a abraçar um tesouro no Céu, preferiu os bens terrenos. Nossos catequizados ao ouvirem de Jesus: “Vem e Segue-me”, deverão abraçar todos os tesouros de amor e salvação que são ofertados através da vivência da fé e  Cristo é nosso maior tesouro!

“Sim, eu disse sim por amor” e nesse mês das Vocações já apresento a Deus todos aqueles que se doam por amor e abraçam com todo zelo esse chamado de contribuir no crescimento espiritual, na educação da fé, na formação de consciência para o Céu e no caminho de discipulado, fazendo que crianças, jovens e adultos sejam encontrados nas diversas etapas de sua vida pelo Deus presente que os acolhe. Como um Pai acolhe um filho, assim a catequese acolhe todos os filhos de Deus e deve produzir em suas vidas o desejo de serem verdadeiramente cristãos, vivendo, crescendo e fortificando-se na fé e na santidade,  palavras e testemunhos, alegrias e verdades do chamado de Deus para suas vidas e por toda a sua vida!

 

Anabelly Medeiros Lopes
Coordenadora Nacional do Ministério para Crianças e Adolescentes
Grupo de Oração Família Sopro Divino

 

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