“De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” 

(João 3,16.)

A Sexta-Feira Santa é, por excelência, um dia de penitência, jejum e oração, em que “através dos textos das Escrituras Sagradas e orações litúrgicas, nos reunimos no Calvário para celebrar a Paixão e a Morte redentora de Jesus Cristo.  Adorando a Cruz, reviveremos o caminho do cordeiro inocente imolado, para a nossa salvação”. (Papa Francisco)

A liturgia nos convida a meditar sobre as virtudes da Cruz de Cristo. Olhando para o Crucificado, para o Seu lado aberto, de onde jorraram sangue e água, a primeira Virtude que Jesus nos dá é a Vida Eterna, “para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” O mundo tem nos apresentado uma vida cheia de ilusões, cheia de esforços para preencher o nosso coração, mas que não tem conseguido corresponder aos anseios de nossa alma, pois a nossa alma tem sede do eterno, do sagrado, tem sede de Deus! Precisamos, irmãos, passar pelo lado aberto de Cristo toda a nossa vida, para que possamos nascer de novo para uma vida nova.

A Virtude da Esperança é um dom extraordinário para os nossos tempos de desesperos. Nos dias de hoje, nós não sabemos mais esperar, não temos paciência, tudo tira a nossa calma, com facilidade nos sentimos perdidos. Falta-nos esperança, porque nos falta Deus, a Esperança dos homens. Que nos ensina a paciência, nos ensina a esperar, a crer que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus”. (Rm 8,28)

A Virtude da Fé, perpassa todo o Mistério da Cruz. Somente pela fé podemos entender um Deus que oferece o seu Filho único para morrer por nós, que não merecemos.

A maior de todas as Virtudes da Cruz é o AMOR: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu filho único”. São João nos fala, em sua primeira carta que a essência de Deus é o amor, pois “quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é Amor.” (I Jo 4,8).

A cruz, para os cristãos, torna-se o caminho de seguimento de Jesus. Significa empenhar-se por um mundo de paz e justiça; renunciar ao poder em todas as suas dimensões; denunciar situações que geram exclusão e morte; assumir a causa dos pequeninos; doar-se todos os dias pela causa da vida em plenitude, sem exclusão. A cruz, para nós, é sinal de salvação. Não nos esqueçamos nunca, irmãos, das palavras do Senhor: “Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser me seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, depois vem e segue-me.” (Mt 16,24)

Renunciar-se a si mesmo, nos leva a viver plenamente o 1.º Mandamento da Lei de Deus: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Leva-nos a atender ao chamado do Senhor, feito através de São Mateus (6,33-34): “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado.”

Tomar a cruz de cada dia é assumir as dores e tribulações do nosso dia a dia. São João Paulo II, na Carta Apostólica Salvifici Doloris (1984), nos ensina que “Tal é o sentido do sofrimento: verdadeiramente sobrenatural e, ao mesmo tempo, humano; é sobrenatural, porque se radica no mistério divino da Redenção do mundo; e é também profundamente humano, porque nele o homem aceita-se a si mesmo, com a sua própria humanidade, com a própria dignidade e a própria missão. O sofrimento faz parte, certamente, do mistério do homem.”

“Um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água”. (Jo 19,34). O mundo tem sede de Deus, de beber do manancial da salvação, que é o Coração aberto de Jesus na Cruz. O sangue de Jesus Cristo nos lave de Todo o mal, de todo o pecado, e nos conceda a Vida, a saúde e a paz.

Rezemos: “Eterno Pai, eu vos ofereço o Corpo e o Sangue a Alma e a Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e dos pecados do mundo inteiro. Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.”

Pe. Heldeir Gomes Carneiro

Arquidiocese de Palmas/TO,

Assessor do Brasil no CONCCLAT 

e da Secretaria Latinoamericana de Joven