No dia 28 de outubro, a Igreja Católica celebra a memória de dois apóstolos que, embora menos conhecidos que outros discípulos de Cristo, tiveram um papel importante na propagação do Evangelho: São Simão, o Zelote, e São Judas Tadeu. Os dois eram primos de Jesus, o que os tornavam próximos tanto no plano familiar quanto no espiritual. A história desses santos é marcada por dedicação, martírio e, no caso de Judas Tadeu, uma devoção forte até os dias de hoje, por ser considerado o padroeiro das causas desesperadas.
São Simão, chamado o Zelote ou Cananeu, é um dos apóstolos mais enigmáticos do Novo Testamento. O apelido “Zelote” pode remeter ao seu fervor religioso ou à sua associação com o grupo dos zelotes, um movimento judaico que lutava pela liberdade de Israel sob o domínio romano. Pouco se sabe sobre sua vida antes de seu chamado apostólico, mas a tradição afirma que ele viajou por várias regiões para pregar o Evangelho, incluindo a África e a Grã-Bretanha. Simão é lembrado por sua dedicação à salvação das almas, praticando a obediência e a compaixão.
Judas Tadeu, por sua vez, era filho de Alfeu, irmão de São José, e de Maria de Cléofas, prima da Virgem Maria. Também conhecido como Lebeu, que significa “homem de coração”, Judas Tadeu se destacou por sua prudência e devoção. Durante a Última Ceia, ele fez a Jesus uma pergunta crucial: “Senhor, como é possível que te manifestes a nós e não ao mundo?” (Jo 14,22), evidenciando seu desejo de compreender o mistério da manifestação divina. Após a ascensão de Cristo, Judas Tadeu evangelizou diversas regiões, incluindo a Mesopotâmia e a Armênia, onde, segundo a tradição, encontrou Simão.
A missão e o martírio
Simão e Judas Tadeu uniram forças na antiga Pérsia (atual Irã), onde converteram muitas pessoas ao cristianismo. O trabalho missionário dos dois apóstolos encontrou forte oposição e ambos foram presos e levados ao templo do Sol, onde as autoridades pagãs exigiram que eles renunciassem a Cristo. Ao recusarem e denunciarem a falsidade dos ídolos pagãos, os apóstolos foram brutalmente assassinados. A tradição afirma que Simão e Judas Tadeu receberam a palma do martírio e foram enterrados juntos em Suanir, na Pérsia.
A Igreja guarda as relíquias dos dois apóstolos na Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde são venerados por milhares de fiéis. São Judas Tadeu, em particular, tornou-se muito conhecido como o padroeiro das causas desesperadas. Sua intercessão é procurada por aqueles que enfrentam grandes aflições e desafios aparentemente impossíveis. Isso se deve, em parte, a relatos de visões místicas, como as de Santa Brígida, que afirmavam que Jesus prometeu atender às orações daqueles que recorressem a Judas Tadeu nas horas de maior necessidade.
A importância dos primos de Jesus
Na festa de São Simão e São Judas Tadeu, os fiéis têm a oportunidade de refletir sobre o poder da fé e a importância de seguir a Cristo, independentemente das adversidades. Seus exemplos nos lembram que o verdadeiro discípulo é aquele que constrói pontes de fé e caridade, tal como fizeram esses dois apóstolos, cujas ações ainda ecoam nos corações dos cristãos ao redor do mundo.
Hoje, a devoção a São Judas Tadeu é amplamente difundida, com muitas igrejas e capelas dedicadas a ele ao redor do mundo. Ele é especialmente invocado em momentos de grandes dificuldades, sendo reconhecido como intercessor poderoso e guia para os aflitos. São Simão, embora menos popular, também é um exemplo de zelo apostólico e dedicação, especialmente entre aqueles que buscam viver uma vida de obediência e serviço ao próximo.