O mistério celebrado hoje é a conceição do Filho de Deus no seio da Virgem Maria. Na basílica nazaretana da Anunciação, diante do altar, há uma placa de mármore que os peregrinos beijam com emoção e onde está escrito: “Aqui de Maria Virgem fez-se carne o Verbo”.

No texto da Carta aos Hebreus, o hagiógrafo refere ou interpreta a anunciação de Cristo; no texto de Lucas, o evangelista narra a anunciação a Maria. Cristo toma a iniciativa de declarar aquilo que Ele mesmo compreende; Maria recebe uma palavra que vem de fora de si mesma, uma palavra cheia de propostas de um Outro. O paralelismo transforma-se em coincidência na explicitação da disponibilidade de ambos para fazerem a vontade divina; é uma disponibilidade separada por qualidade e quantidade de consciência, mas que converge na finalidade de obediência total ao projeto de Deus: Ecce venio, ecce ancilla, eis-me aqui! Eis a serva!

A atitude de obediência irá aproximar a mãe e o filho, Maria “anunciada” e Jesus Cristo “anunciado”. Ambos pronunciam o seu “Eis-me aqui!”. Ambos se exprimem com voz quase idêntica: “faça-se em mim segundo a tua palavra”, “Eis que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade”. Ambos entram na fisionomia de “serva” e de “servo” do Senhor. Esta sintonia encoraja os discípulos à disponibilidade para servir a palavra de Deus, porque o próprio Filho de Deus é servo e porque a Mãe de Deus é serva; ambos são servos de uma palavra que salva quem a serve e que traz salvação.

Oração
Salve Santa Maria, serva humilde do Senhor, mãe gloriosa de Cristo! Salve, Virgem fiel! Ensina-nos a ser dóceis ao Espírito. Ensina-nos a viver em atitude de escuta da Palavra, atentos às suas inspirações e às suas manifestações na vida dos irmãos, nos acontecimentos da história, no gemido e no júbilo da criação. Virgem da escuta, virgem orante, acolhe as súplicas dos teus servos. Ajuda-nos a abandonar-nos ao Senhor, a unir-nos ao Ecce venio de Jesus e ao teu Ecce ancilla. Ajuda-nos a compreender que já não podemos ter outra vontade que não a do Pai, outra regra que o seu beneplácito. Que, em cada instante, procuremos a vontade de Deus e nos conformemos a ela (cf. Leão Dehon, OSP 3, p. 329).

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Fonte: Dehonianos