Sonhando com Deus

“O Reino já está presente em mistério aqui na terra. Chegando o Senhor, ele se consumará” (GS 321).

“Vós sois a nossa esperança, os jovens são a nossa esperança! Não permitais que esta esperança morra. Comprometei a vossa vida com ela. Nós não somos a soma das nossas dificuldades e falências; constituímos a soma do amor do Pai por nós e da nossa capacidade concreta de nos tornarmos imagem do seu Filho” (João Paulo II – Homilia JMJ 2002).

“Até mesmo uma pequena chama pode dissipar o obscuro véu da noite. Quanto maior será a luz que vós fareis se, todos juntos, vos unirdes como um só na comunhão da Igreja! Se amais Jesus, amai a Igreja!” (João Paulo II – Homilia JMJ 2002).

“O sal tempera e dá sabor à comida. Segundo Cristo, deveis transformar e melhorar o sabor da história humana. Com a vossa fé, esperança e amor, com a vossa inteligência, fortaleza e perseverança, deveis humanizar o mundo em que vivemos” (João Paulo II – Homilia JMJ 2002).

“O mundo que haveis de herdar tem, desesperadamente, necessidade de um sentido renovado da fraternidade e da solidariedade humanas. Trata-se de um mundo que precisa ser sensibilizado e curado pela beleza e pela riqueza do amor de Deus. O mundo contemporâneo precisa de testemunhas deste amor. Ele tem necessidade de que sejais o sal da terra e a luz do mundo. O mundo tem necessidade de vós, precisa do sal, de vós como sal da terra e luz do mundo!” (João Paulo II – Homilia JMJ 2002).

“O ‘espírito do mundo’ oferece múltiplas ilusões, numerosas paródias da felicidade. Sem duvidar, não existem trevas mais densas do que aquelas que se insinuam na alma dos jovens, quando os falsos profetas extinguem neles a luz da fé, da esperança e da caridade.” (SS João Paulo II – JMJ 2002 Homilia)

“O século XX procurou, com freqüência, subsistir sem esta pedra angular, tentando construir a cidade do homem sem Lhe fazer referência. Na realidade, terminou por edificar uma cidade contra o homem! Os cristãos sabem que não é possível rejeitar ou ignorar Deus, sem diminuir o homem” (João Paulo II – JMJ 2002 Vigília de Oração).

“A expectativa que a humanidade alimenta, no meio da tantas injustiças e sofrimentos é a de uma nova civilização, caracterizada pela liberdade e pela paz. Contudo, para realizar este empreendimento, é necessária uma nova geração de construtores que, animados não pelo medo ou pela violência, mas pela urgência de amor autêntico, saibam pôr uma pedra sobre a outra em ordem a edificar, na cidade dos homens, a cidade de Deus” (João Paulo II – JMJ 2002 Vigília de Oração).

“Estimados jovens, permiti-me confiar-vos a minha esperança: sois vós que deveis tornar-vos estes ‘construtores’. Vós sois os homens e as mulheres do futuro; o porvir está nos corações e nas vossas mãos. É a vós que Deus confia a tarefa, difícil, mas excitante, de colaborar com Ele em ordem a edificar a civilização do amor” (João Paulo II – JMJ 2002 Vigília de Oração).

“Fazei resplandecer a luz de Cristo nas vossas vidas! Não espereis por ser mais idosos, para vos empenhardes no caminho da santidade! A santidade é sempre jovem, como eterna é a juventude de Deus. Fazei com que todos conheçam a beleza do encontro com Deus, que dá sentido à vossa existência. Não hesiteis na busca da justiça, da promoção da paz e do compromisso em ordem à fraternidade e à solidariedade” (João Paulo II – JMJ 2002 Vigília de Oração).

“Ouvi as vossas vozes alegres, os vossos gritos, os vossos cânticos, e compreendi a expectativa profunda dos vossos corações: vós quereis ser felizes! Queridos jovens, as propostas que recebeis de todas as partes são numerosas e aliciantes: muitos falam de uma alegria que se pode obter com o dinheiro, com o sucesso e com poder. Sobretudo, falam-vos de uma alegria que coincidiria com o prazer superficial e transitório dos sentidos. Queridos amigos, ao vosso desejo de jovens de ser felizes, o velho Papa, responde com palavras que não são suas. Elas ressoaram há dois mil anos. Esta tarde nós ouvimo-las de novo: “Bem aventurados…”. A palavra-chave do ensinamento de Jesus é um anúncio de alegria: “Bem aventurados…” (João Paulo II – JMJ 2002 Discurso de Acolhida).
O homem é feito para a felicidade. Por conseguinte, a vossa sede de felicidade é legítima. Cristo tem a resposta para as vossas expectativas. Ele pede-vos que tenhais confiança nele. A verdadeira alegria é uma conquista, que não se pode obter sem uma luta longa e difícil. Cristo possui o segredo da vitória” (João Paulo II – JMJ 2002 Discurso de Acolhida).

“Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade.” (2Tm 4,12).

“Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.” (Mt 5,6).

“Não somos, absolutamente, de perder o ânimo, para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação!” (Hb 10,39).

“Jovens, eu vos escrevi porque sois fortes e a Palavra de Deus permanece em vós e vencestes o Maligno” (1Jo 2,14).

A geração da virada do milênio está desesperançada. O individualismo é característica reinante. Poucos se atrevem a imaginar um futuro diferente. A maioria prefere fazer planos individuais em curto prazo. O amanhã não reserva grandes avanços para os que pensam assim. Muitos perderam a capacidade de sonhar, de esperar. Isso pode ser visto inclusive dentro da igreja. Jovens que não querem nem imaginar como será o mundo daqui a vinte ou trinta anos. Jovens que não querem ter filhos porque o mundo ‘não os merece’. Adolescentes que não querem sonhar para não se decepcionar. “Sem dúvida, não existem trevas mais densas do que aquelas que se insinuam na alma dos jovens, quando os falsos profetas extinguem neles a luz da fé, da esperança de da caridade” (João Paulo II, JMJ 2002).

Quando dizemos que o mundo está perdido, que não tem jeito, que não adianta, estamos repetindo uma condenação que o Mal deseja ardentemente ver realizada (cf. Ap 12,17). Nós, porém, somos chamados a abençoar. “Aquele que afirma permanecer n’Ele deve viver também como Ele viveu” (I Jo 1,6). “Eu vim para que as ovelhas tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Meu irmão, Jesus veio para salvar, para religar, para reconstruir, e não para condenar e destruir.

O Santo Padre nos convida a sermos a esperança da igreja. “Vós sois a nossa esperança, os jovens são a nossa esperança! Não permitais que esta esperança morra. Comprometei a vossa vida com ela”, diz João Paulo II. Como não matar essa esperança se muitas vezes em nós mesmos ela não está presente? “Nós não somos a soma das dificuldades e falências; constituímos a soma do amor do Pai por nós e da nossa capacidade concreta de nos tornarmos imagem do seu Filho.” Creiamos nisso e recobraremos a esperança. Não somos um monte de imperfeições. Em nós está a semente do mundo novo sonhando por Deus. “Estimados jovens, permiti-me confiar-vos a minha esperança: sois vós que deveis tornar-vos estes “construtores”. Vós sois os homens e as mulheres do futuro; o porvir está nos vossos corações e nas vossas mãos. É a vós que Deus confia a tarefa, difícil mas excitante, de colaborar com Ele em ordem a edificar a civilização do amor” (João Paulo II, JMJ 2002).

O Pai nos convida hoje a recuperar nossos sonhos, a sonhar com Ele um mundo novo. Pare um pouco e imagine o que você gostaria que mudasse no mundo, concretamente. Seja bem específico neste momento. Quais são as situações reais que você vê na televisão ou nos jornais que você gostaria que mudassem? Como você gostaria que seus filhos encontrassem o mundo? O que seria diferente? Teria algo a mais? Teria algo a menos? Como seria o seu país? Sua cidade? Sua casa? Vá imaginando… Sem perceber você está sonhando! Sonhando o sonho de Deus para este mundo. Cada desejo sincero de nosso coração ‘cristificado’ para a sociedade é um pedaço bem pequeno do que o Pai sonha todos os dias desde toda a eternidade. Não fuja do sonho. Não tenha medo do sonho. “No amor não há temor, antes o verdadeiro amor lança fora o temor” (I Jo 4,18). Peça a Deus que tire de você todo o medo de sonhar. “O mundo que haveis de herdar tem, desesperadamente, necessidade de um sentido renovado da fraternidade e da solidariedade humanas. Trata-se de um mundo que precisa ser sensibilizado e curado pela beleza e pela riqueza do amor de Deus. O mundo contemporâneo precisa de testemunhas deste amor. Ele tem necessidade de que sejais o sal da terra e a luz do mundo. O mundo tem necessidade de vós, precisa do sal, de vós como sal da terra e como luz do mundo!” (João Paulo II, JMJ 2002).

Quando Adão perdeu para nós o estado inicial de intimidade com o Senhor e de harmonia com a criação, o Pai já planejava o resgate. E ele veio, na Cruz. Em Jesus Cristo, o novo Adão, a humanidade foi elevada novamente ao patamar de intimidade com Altíssimo e foi reconciliado com a natureza criada. E nós que estamos em Cristo somos partícipes de seu mistério redentor. Brilhamos “como luzeiros no mundo, a ostentar a sua palavra” (cf. Fl 2,15). Nele temos toda a condição de construir um mundo novo. “Não somos absolutamente de perder o ânimo para nossa ruína, somos de manter o ânimo para a nossa salvação!” (Hb 10,39). É por isso que o Papa confia e diz sermos ‘a esperança da igreja’. Na juventude gesta-se o amanhã do mundo, que será o que fizermos dele. Se cruzarmos os braços, será como outros o quiserem. Se abrirmos os braços no gesto que Cristo nos ensinou, tomaremos o futuro nas mãos e poderemos construir o Reino. É o Magistério da igreja quem nos diz: “Podemos pensar com razão em depositar o futuro da humanidade nas mãos daqueles que são capazes de transmitir às gerações de amanhã razões de viver e de acreditar” (GS 296). Estes somos nós, irmãos. Nós somos capazes de renovar a esperança porque temos o Rei da Esperança, Aquele que não trai nenhuma esperança, Aquele que veio devolver a esperança aos que estavam sob o jugo da morte: Cristo Jesus! Nele temos razões de sobra para viver e para acreditar!

É preciso ter esperança! Mesmo diante das maiores atrocidades que inventa o gênio humano, é preciso ter esperança. Peça ao Senhor o dom da esperança! O Papa nos promete: “Até mesmo uma pequena chama pode dissipar o obscuro véu da noite. Quanto maior será a luz que vós fareis se, todos juntos, vos unirdes como um só na comunidade da Igreja! Se amais Jesus, amai a Igreja!” (João Paulo II, JMJ 2002).

Se praticarmos o que foi pregado neste encontro seremos homens e mulheres muito parecidos com o que eram Adão e Eva antes do pecado. Esse é o sonho de Deus. Mas esse sonho não ficou só lá atrás, no início da criação. O sonho se encarnou, fez-se homem, gente como nós. É Cristo! Quando somos homens e mulheres íntegros, assemelhamo-nos a Cristo. Ele foi um só e com apenas mais doze apóstolos fez o que fez. Imaginem um exército de homens e mulheres novos. Você é convidado a entrar nessa marcha.

Acreditar que é possível transformar este mundo, que eu posso transformá-lo, é viver como Cristo viveu. “Como Ele é, assim também nós o somos neste mundo” (1Jo 4,17). Como isso é possível?

Primeiro é preciso assumir um firme propósito de cultivar a esperança. Diante de tudo e todos é preciso crer sempre. Isso implica em uma nova atitude diante da vida. É preciso adotar atitudes positivas, deixar de lado o derrotismo e o pessimismo. Depois, devemos ser fiéis ao nosso chamado, à nossa identidade. Se o Senhor te chamou para o seio da igreja através da Renovação Carismática Católica, então, meu irmão, é com essa cara que Ele quer que você seja protagonista do futuro. Seja profundamente carismático, homem ou mulher de oração. Coloque os carismas a serviço da construção do reino. Deixe que o Espírito Santo te impulsione e te dê discernimento para saber como colaborar. Viva diariamente a experiência do Batismo no Espírito Santo. “Eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria” (II Tm 1,6-7). Seja fiel ao seu chamado!

Outro ponto importante são os relacionamentos. Construa relacionamentos equilibrados em sua família, entre seus amigos e no namoro. Que através destes relacionamentos você possa anunciar o Cristo, motivo e motor de toda transformação. E seja fiel à vocação profissional que Deus te deu. Assuma com toda a alma e coração a profissão que você exerce. Seja você estudante, médico, gari, mecânico, zelador, professor, jornalista, advogado, policial, desempregado, pedreiro, ajudante geral, ou o que for, pergunte-se ‘como Cristo exerceria a minha função?’. Peça que o Senhor se coloque no seu lugar e te ensine a ser o melhor que você puder. Seja sempre e onde estiver, o melhor que puder. Dê o melhor de si e você estará dando suas primícias para que o Senhor as multiplique e construa um mundo verdadeiramente novo. “O sal tempera e dá sabor à comida. Seguindo Cristo, deveis transformar e melhorar o sabor” da história humana. Como a vossa fé, esperança e amor, com a vossa inteligência, fortaleza e perseverança, deveis humanizar o mundo em que vivemos” (João Paulo II, JMJ 2002).

Sobre o mundo do trabalho, vale fazer aqui uma reflexão. Usando as palavras do padre Luigi Giussani, fundador do movimento Comunhão e Libertação, “o mundo é como um pedaço de ferro que um hábil ferreiro molda”. O hábil ferreiro é Deus, que desde toda a eternidade vem moldando a criação através do martelar incessante do trabalho humano. Muitas vezes desconhecemos p caráter verdadeiro do trabalho. A igreja nos ensina que ele não é a pena pelo pecado de Adão (cf. Gn 3,17-19). Antes, remidos por Cristo, no trabalho somos ‘co-laboradores’ de Deus no aperfeiçoamento da criação. Laboramos com Deus. “Com o seu trabalho o homem sustenta regularmente a própria vida e a dos seus, associa-se aos seus irmãos e os ajuda, pode exercer a caridade fraterna e colaborar no aperfeiçoamento da criação divina. Bem mais ainda. Pelo trabalho oferecido a Deus, nós cremos que o homem se associa à própria obra redentora de Jesus Cristo” (GS 425). “Trabalhar, portanto, é participar da atividade com a qual Deus realiza o seu desígnio (o reino)” (GIUSSANI, O eu, o poder e as obras, 2000, p.84). E isso vale para qualquer atividade humana, da mais simples à mais valorizada pela sociedade. “Onde Deus te plantou é preciso florescer” dizia Santa Terezinha.

Na família está a semente de um amanhã transformado. O mundo precisa de famílias santas, equilibradas, mergulhadas no amor, na concórdia, no perdão, no diálogo. E o inimigo de Deus quer destruir a família porque sabe que nela reside a força capaz de ensinar às crianças a lei do amor e o temor do Senhor! Queira ser construtor de famílias santas. Seja qual for a sua vocação de vida, no matrimônio ou na consagração, deseje ser artífice de famílias santas, seja a sua ou a dos outros, seja como conjugue ou religioso ou religiosa, sacerdote ou leigo consagrado, valorize a família como o lugar privilegiado onde brota Deus na sociedade.

Não pense que é possível esperar até os seus 25, 30 ou 40 anos. Não! O que você fizer agora, durante a juventude a adolescência terá conseqüências diretas sobre o que será a sua família. Se você quer uma família santa, o seu namoro deverá ser casto, a sua espera deverá ser santa, o seu coração deverá ser inteiro do Senhor hoje. E será mais fácil fazê-lo agora, porque a Palavra nos diz: “Jovens, eu vos escrevi porque sois fortes e a palavra de Deus permanece em vós e vencestes o Maligno” (I Jo 2,14). Glória Deus por isso, meu irmão! “Fazei resplandecer a luz de Cristo nas vossas vidas! Não espereis por ser mais idosos, para vos empenhardes no caminho da santidade! A santidade é sempre jovem, como eterna é a juventude de Deus. Fazei com que todos conheçam a beleza do encontro com Deus, que dá sentido à vossa existência. Não hesiteis na busca da justiça, da promoção da paz e do compromisso em ordem à fraternidade e à solidariedade” (João Paulo II, JMJ2002). Se você contribuir para a santificação das famílias – a sua em primeiro lugar, mas também a dos outros – você estará colocando um importante tijolo na construção da civilização do amor. Esperança sempre!

Meu irmão, minha irmã, “a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma” (Tg 2,17). Somos chamados a ter os dois pés bem postos nos chão e o coração voltado para infinito. Devemos contemplar a realidade e dar a ela a resposta da nossa fé, que nos ensina a transcendência deste mundo. As bem-aventuranças são a nossa escola. Elas nos ensinam até onde o mundo pode ir se nos deixamos contagiar pelo Evangelho. Isso deve acontecer em todas as áreas de atuação humana. A política é o lugar privilegiado de transformação. É através dela que as decisões fundamentais na sociedade são tomadas, leis são criadas ou derrubadas, administra-se para o bem comum ou segundo interesses particulares que prejudicam a maioria. Seja responsável também nessa área. Vote com consciência, acompanhe e cobre sempre o trabalho de seus candidatos eleitos. Não aceite dar seu voto por promessas baratas. Negligenciar o voto é pecar, pois é negligenciar o mecanismo que você tem de colocar no poder políticos identificados com a construção do Reino. Nossa Mãe Igreja sempre tem respostas concretas para os males deste mundo. Uma delas é a ‘Doutrina Social da Igreja’, uma concepção cristã de mundo. Procure conhecê-la através dos inúmeros livros que falam disso. E não se assuste se o Senhor te chamar a uma participação mãos efetiva nessa área. O engajamento político sob a luz do Evangelho é fundamental para a transformação do mundo. Leve a vivência do Batismo no Espírito Santo para todas as esferas da vida pública. A construção da civilização do amor precisa de políticos profundamente comprometidos com os ideais cristãos em todos os níveis de sua vida.

O Magistério nos ensina que ser cristão, agente de transformação da sociedade para a construção da civilização do amor, consiste também, e principalmente, em ser um bom cidadão. Isso mesmo, ser um cidadão consiste de seus direitos e deveres, atuante e responsável. “A transformação profunda e rápida das coisas pede com mais urgência que ninguém, desatento ao curso de acontecimentos ou entorpecido pela inércia, se contente com uma ética meramente individualista. Cumprem-se cada vez melhor os deveres de justiça e caridade, se cada um, contribuindo para o bem-comum segundo as suas capacidades e necessidades dos outros, promover e ajudar também as instituições públicas que estão a serviço de um aprimoramento das condições de vida dos homens. Alguns há que, proclamando opiniões largas e generosas, na prática vivem sempre sem cuidado algum com as necessidades da sociedade. Pior ainda. Muitos, em diversas regiões, menosprezam as leis e prescrições sociais. Não poucos, por diversas formas de fraude e de dolo, não tem escrúpulo de sonegar os impostos justos ou outras contribuições devidas à sociedade. Têm outros em pouca conta algumas normas da vida social, como por exemplo, para a proteção da saúde, ou as estabelecidas para regular o trânsito de veículos, não advertindo que por esta falta de cuidado colocam em perigo a própria vida e a dos outros. Que todos considerem como obrigação sagrada enumerar as relações sociais entre os principais deveres do homem de hoje e observá-las. Com efeito, quanto mais se une o mundo, mais abertamente as funções humanas superam os grupos particulares e estendem-se pouco a pouco ao mundo inteiro. E isto não se pode fazer sem que os indivíduos e seus grupos cultivem em si mesmos as virtudes morais e sociais e as difundam na sociedade. Assim aparecerão, com o necessário auxílio da graça divina, homens realmente novos e construtores  de uma humanidade nova” (GS 293,294).

Por outro lado, a sociedade democrática em que vivemos é rica em mecanismos e instituições de transformação. Sociedades de amigos de bairro, ONGs e entidades sindicais são terreno fértil para homens e mulheres com ardor missionário transformador. Isso sem falar nas atividades pastorais promovidas dentro de nossas paróquias. Engaje-se na luta por melhorias em sua comunidade, isso também é construir o reino.

“O Concílio exorta os cristãos, cidadãos de uma e outra cidade, a procuram desempenhar fielmente sua tarefas terrestres, guiados pelo espírito do Evangelho. Afastam-se da verdade os que, sabendo não termos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura (cf. Hb 13,14), julgam, por conseguinte, poderem negligenciar os seus deveres terrestres, sem perceberem que estão mais obrigados a cumpri-los, por causa da própria fé, de acordo com a vocação á qual cada um foi chamado (2Ts 3,6-13; Ef 4,28).Não erram menos aqueles que, ao contrário, pensam que podem entregar-se de tal maneira às atividades terrestres, como se elas fossem absolutamente alheias à vida religiosa, julgando que esta consiste somente nos atos do culto e no cumprimento de alguns deveres morais. Este divórcio entre a fé professada e a vida cotidiana de muitos deve ser enumerado entre os erros mais graves do nosso tempo. Os profetas do Velho Testamento já denunciaram com veemência este escândalo (cf. Is 58,1-12). E Novo Testamento, o próprio Jesus Cristo o ameaçava muito com grandes penas (cf. Mt 23,3-33; Mc 7,10-13). Portanto não se crie oposição artificial entre as atividades profissionais e sociais de uma parte, e de outra, a vida religiosa. Ao negligenciar os seus deveres temporais, o cristão negligencia os seus deveres para com o próximo e o próprio Deus e coloca em perigo a sua salvação eterna. A exemplo de Cristo, que exerceu a profissão de operário, alegrem-se antes os cristãos, porque podem desempenhar todas as suas atividades terrestres, unindo esforços humanos, domésticos, profissionais, científicos ou técnicos, em síntese vital com valores religiosos, sob cuja soberana direção todas as coisas são coordenadas para a glória de Deus” (GS 333).

Todas essas coisas, caro irmão, cara irmã, são manifestações de um único gesto: a cruz. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). No sacrifício de Cristo tem sentido toda ação humana. Ninguém vai ao céu sozinho, é preciso entregar, dar sempre mais. Como dizia o beato chileno Padre Alberto Hurtado: “É preciso dar até sentir dor”. Doe a sua vida pelo Reino! Esse é o lema que dá sentido a toda existência, porque é a doação da vida por Cristo. É o chamado para todo cristão: entregar-se todo para construir um mundo melhor para os irmãos; para implantar a ‘civilização do amor’.

“Os cristãos, peregrinando para a cidade celeste, devem procurar e saborear as coisas do alto. Isto, contudo, longe de diminuir, antes aumenta a importância da missão que eles têm de desempenhar juntamente com todos os homens na construção de um mundo mais humano. […] Quando cultiva a terra com o trabalho de suas mãos ou por meio da técnica, para que ela produza frutos e se torne uma habilitação digna da família humana inteira, e quando participa conscientemente da vida dos grupos sociais, o homem realiza o plano de Deus, manifestado no início dos tempos, que é o de dominar a terra (cf. Gn 1,28) e completar a criação, e se aperfeiçoar a si mesmo. Observa ao mesmo tempo o grande mandamento de Cristo, que é o de despender-se no serviço dos irmãos” (GS 383,384).
Diga não ao conformismo e ao individualismo. Diga sim à vida e à doação de si. Consuma-se por Deus para um mundo novo. Sonhe com Deus!

Esperamos sim, por um “novo céu e uma nova terra” (cf. Ap 21,1), “contudo, a esperança de uma nova terra, longe de atenuar antes deve impulsionar a solicitude pelo aperfeiçoamento desta terra. Nela cresce o Corpo da nova família humana que já pode apresentar algum esboço do novo século. Por isso, ainda que o progresso terreno deva ser cuidadosamente distinguido do aumento do Reino de Cristo, contudo é de grande interesse para o Reino de Deus, na medida em que pode contribuir para organizar a sociedade humana. Depois que propagarmos na terra, no Espírito do Senhor e por sua ordem, os valores da dignidade humana, da comunidade fraterna e da liberdade, todos estes bons frutos da natureza e do nosso trabalho, nós os encontraremos novamente, limpos contudo de toda impureza, iluminados e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o Reino eterno e universal: ‘reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz’. O Reino já está presente em mistério aqui na terra. Chegando o Senhor, ele se consumará” (GS 321).

Nossa Senhora, Mãe da Esperança, rogai por nós!

QUIROGA, Aldo Flores e FLORES, Fabiana Pace Albuquerque. Práticas de Vida e Relacionamento – Ministério Jovem RCCBrasil. Módulo Serviço – Apostila I. 2ª edição.

Siglas:
CIC – Catecismo da Igreja Católica
DV – Constituição Dogmática Dei Verbum
FR – Carta Encíclica Fides et Ratio
GS – Constituição Pastoral Gaudium et Spes

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