Se, num certo sentido, todas as solenidades litúrgicas da Igreja são grandes, maior é o Pentecostes porque, chegando ao quinquagésimo dia, assinala o cumprimento do acontecimento da Páscoa, da morte e ressurreição do Senhor Jesus, através da dádiva do Espírito do Ressuscitado. Estas foram as palavras com as quais Bento XVI começou sua homilia de Pentecostes no ano 2011.
O Espírito Santo é Senhor que dá Vida, como professa solenemente a Igreja desde o IV século. Sem a Sua Força, diz a sequência de Pentecostes, nada de bom existe no homem. Isto significa dizer que nenhum cristão pode viver sem o Espírito Santo! Todo cristão precisa da experiência com o Espírito Santo. O receber o Espírito Santo é constitutivo para ser cristão. Lá onde falta, esta experiência deve ser comunicada. E aqui começamos a entender a graça original, fundante e permanente de Pentecostes!
Pentecostes não é apenas uma festa cristã de origem judaica. Pentecostes é um evento de salvação que inaugura a Igreja e transforma a vida dos primeiros seguidores de Jesus Crucificado e Ressuscitado. A experiência do Espírito prometido a todos os cristãos, produz no homem forças, palavras e obras que não brotam dele mesmo. O homem é revestido do poder do alto, recebe o mesmo Espírito de Jesus! A nossa experiência com Deus nos é garantida pelo Espírito Santo. Tudo nos é franqueado e permitido na vida cristã graças a ação do Espírito Santo.
É de extrema importância entendermos bem esta necessária e estreita ligação entre a experiência com o Espírito Santo e a necessidade do testemunho cristão, pois é a partir daqui que se realiza em nós a verdadeira experiência de Deus. A este respeito, se perguntava o Papa Francisco na oração do Regina Coeli no último domingo 14 de Abril: ”Onde encontraram os primeiros discípulos a força para esse testemunho?Não só. De onde vinha a alegria e a coragem para anunciar, não obstante os obstáculos e a violência? Não podemos esquecer que os apóstolos eram pessoas simples, não escribas, doutores da lei nem pertencentes à classe sacerdotal. Como puderam com seus limites e a oposição das autoridades, encher Jerusalém com seus ensinamentos? É claro que somente a presença com eles do Senhor Ressuscitado e a ação do Espírito Santo podem explicar este fato”.
Esta é a graça sempre nova de Pentecostes: Jesus Ressuscitado derrama sobre nós o Seu Espírito para darmos testemunho! Não há, portanto, nova Evangelização e novos evangelizadores sem Pentecostes. Somente cristãos cheios do Espírito Santo podem renovar a face da Terra e as estrutura do mundo e da Igreja. Como disse Bento XVI na homilia de encerramento do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização: “Há uma urgência de anunciar novamente Cristo onde a luz da fé se debilitou, onde o fogo de Deus, à semelhança dum fogo em brasas pede para ser reavivado, a fim de se tornar uma chama viva que da luz e calor a toda casa”.
Precisamos, necessitamos de um Novo Pentecostes, pedia o documento de Aparecida.
Quando acontece um novo Pentecostes em nossas vidas? Quando nossa vida é um autêntico testemunho de que fomos transformados pelo Espírito e que somos também usados para transformar este pequeno trecho da história que vivemos.
Acolhamos as palavras e o desejo de Bento XVI em Pentecostes de 2008: ” Redescubramos, queridos irmãos e irmã, a beleza de sermos batizados no Espírito Santo (…). Peçamos à Virgem Maria que alcance também hoje para a Igreja um novo Pentecostes, que infunda em todos nós, especialmente os jovens, a alegria de testemunhar o Evangelho”.
Pensando na nossa Arquidiocese não posso esquecer uma das conclusões do último Sínodo dos Bispos: “Todos os fiéis: leigos, religiosos e clero, são chamados a abrir-se a um Novo Pentecostes”.
Que pelas mãos de Maria, Virgem do Cenáculo, venha um Novo Pentecostes sobre nossa Igreja do Brasil, levantando homens e mulheres santos para testemunharem neste nosso tempo. Seja esta a mística de Pentecostes e o nosso compromisso com o Espírito Santo!
Por
Pe. Eduardo Braga (Dudu)
Arquidiocese de Niterói/RJ
Maio 2013