Todos nós conhecemos a parábola do filho pródigo, aquele filho que tendo saído de casa, gastou os seus bens nos prazeres do mundo, mas, um dia arrependido caiu em si e voltou. Ao se aproximar, aquele jovem ensaiava seu discurso e seu pedido de perdão, quando alguém lhe salta ao pescoço e o cobre de beijos.Era seu pai, o pai que por ele tinha sido declarado morto e que agora manda fazer festa. Anel no dedo, sandálias aos pés e vestes novas, assim o PAI o recebe, aquele que estava perdido e foi encontrado…

Esta é a história de muitos e também a minha. Sou o filho do meio de uma família de cinco pessoas (Pai, mãe e três filhos), até os meus 14 anos eu era um jovem caseiro e estudioso até que conheci os garotos mais populares da escola, com quem fiz “amizade” para me tornar também popular. Desde então eu já não era aquele garoto caseiro, troquei os vídeos games de casa pelas festas e bailes de rock.

Não demorou muito para que conhecesse as drogas ilícitas, pois as lícitas (álcool e cigarros), me apresentaram a elas. Ainda aos 14 anos já chegava carregado em casa por causa do abuso de bebidas alcoólicas e foi rápido que passei a usar drogas como solventes, maconha, calmantes, alucinógenos e cocaína. Por causa das drogas eu parei de estudar logo após ter terminado o ensino fundamental e fui cada vez mais me tornando um estranho, dentro da própria casa. Sem estudar, meu pai mandou que eu fosse trabalhar e me ajudou a conseguir um emprego.No primeiro pagamento que recebi, gastei tudo com drogas e assim se seguiram os outros meses, até que saí deste e procurei outro melhor.

Sabia que tinha de sustentar os meus vícios e continuei trabalhando até que fui pego pelos seguranças da empresa que eu trabalhava com um saco de cocaína. Eles me expulsaram, mas não chamaram a polícia. Se tivessem chamado, eu teria ficado um bom tempo preso, pois não seria a primeira vez, eu já tinha sido pego com drogas no portão da casa de meus pais. Sem emprego, eu busquei alternativas para manter meus “prazeres” e passei a traficar cocaína. Saía da minha cidade e ia para outra comprar quantidades maiores e revender os papelotes nas noites e nos bailes ‘funks’. Passei então a conhecer pessoas do crime organizado, de facções criminosas e matadores profissionais, que logo passaram a ser meus heróis. Presenciei jovem morrendo por causa de pequenas quantidades de dinheiro, andei armado, dei tiros, fugi da polícia por várias vezes, roubei e o pior, perdi minha dignidade. Passei a mentir para meus pais, trocava a noite pelo dia e mal me alimentava.

Neste período, minha mãe voltou a participar da vida da Igreja e conheceu a RCC. Passou a freqüentar o grupo de oração da paróquia e fazer parte do grupo de intercessão, que a ensinou a orar e acreditar no impossível.

Nas madrugadas em que eu me drogava e fugia da polícia, ela rezava seu rosário por mim e dizia na Paróquia que eu em breve estaria no grupo de oração.E quando isso acontecesse, ela iria participar de uma Missa de joelhos. O tempo foi passando e minha situação se agravando, mas, como Santa Mônica, a minha mãe tinha uma certeza de que o Senhor estava comigo mesmo nas “bocas de fumo”.
Muitos foram os convites de minha mãe para que eu participasse da Missa e do grupo de oração. Mas eu fugia, até que um dia, cansado de sofrer, cansado de fugir, cansado das noites sem dormir, eu resolvi fazer um desafio a Deus. Ele teria só uma chance para me mudar e o melhor foi que Ele aceitou.

Era um dia de quinta-feira às 19h30min, Paróquia N.SRª. Senhora de Lourdes (minha cidade/Macaé/RJ), o Senhor me esperava como aquele pai da parábola, ainda no portão contando as horas. Entrei naquele grupo com menos de dez pessoas e sentei, aconteceu o louvor, o perdão e eu parado, até que veio o louvor em Línguas e me chamou a atenção: como é possível, eles falam enrolado ?! Neste momento, eu senti que talvez Deus realmente existia e estava acontecendo algo no mínimo sobrenatural!

Chegou a pregação e logo após, o pregador nos convidou a irmos à frente,todos aqueles que queriam receber uma Efusão do Espírito Santo e eu senti minhas pernas tremerem,mas aceitei o convite, mesmo sem entender o que era essa tal Efusão. Fui à frente, três jovens me impuseram as mãos e rezaram por dois minutos em Línguas e pronto. Voltei para o meu lugar ainda meio “tonto” e me sentei. Comecei a chorar como nunca antes e ao mesmo tempo uma grande alegria invadia meu coração, era a “tal” Efusão no Espírito, mudando minha vida para sempre. As pessoas que rezaram não tinham idéia de quem eu era e todos ficaram me observando, a minha mãe me abraçou e chorou comigo anos de dependência química, sofrimentos e dor. Naquele momento eu entendi o que Jesus sentiu quando viu o céu se abrir e o Pai dizer: “ Este é meu filho muito amado…”

Seis anos se passaram e desde aquele dia, a minha vida tem sido do Senhor, conheci a Igreja, a sua riqueza e os Dons que Deus me concedeu para o servir. Conheci a Vagna minha esposa, nos casamos e temos agora um casal de filhos, frutos do Amor de Deus em nós. Atualmente, sou coordenador Vicarial da RCC na minha Diocese (Nova Friburgo) e sinto que não posso deixar de falar do que tenho visto e ouvido e dizer que Deus não faz obras pela metade!

Há pouco tempo, conversando com um especialista em drogadição, ele me dizia que eu sou um milagre do Espírito Santo, porque não apresentei crise de abstinência, não passei por internação e até hoje, mantenho uma vida totalmente normal. Aleluia!!!!

Hoje falo como testemunha do Amor de Deus, sou um novo homem, fruto de um encontro pessoal com Jesus que aconteceu dentro de um grupo de oração carismático, mas foi preciso fazer o percurso do filho pródigo, porque sempre é tempo de voltar.

Cristiano Souza da Silva, membro do Conselho Estadual da RCC / RJ.