Por: Felippe Ferreira Nery
Advogado e Servidor Público Federal
Coord. Nacional do MUR
GOU Nos Braços do Pai (UFAC)
Em que medida este apostolado influencia a nossa vida? Como testemunhamos o Batismo no Espírito Santo – vivenciado por nós de maneira tão real – nas atividades diárias, em especial na vida profissional?
O trabalho é um dom, é uma “tarefa confiada por Deus aos homens[1]”, por meio dele realizamo-nos como seres humanos[2]. Assim, o primeiro efeito que a Graça do Espírito deve gerar em nós é uma profunda gratidão e amor pelo ofício que temos, seja ele qual for.
Infelizmente, muitas pessoas não conseguem contemplar a dádiva que é trabalhar. Uns reclamam do trabalho, do salário e são insatisfeitos; outros, desmotivados, não conseguem cumprir suas tarefas e não dão testemunho de zelo e compromisso com sua profissão.
Como cristãos, temos que ser diferentes: devemos agradecer a Deus por este dom e olhar para o nosso ofício como uma grande oportunidade de servi-Lo e testemunhá-Lo. Além disso, somos chamados a trabalhar com amor verdadeiro[3] em cada atividade, pois somente assim daremos o melhor de nós em nossa profissão, teremos motivação e empenho suficientes para trabalhar com dedicação. Seremos profissionais destacados e daremos, assim, um bom testemunho de Cristo!
De igual modo, é necessário ter cuidado com uma cultura de ativismo profissional que tem crescido no mundo. Frequentemente, vemos pessoas que se acumulam de atividades profissionais e deixam outros bens importantíssimos em segundo plano: família, relacionamento pessoal, vida de oração. Não podemos nos conformar a essa realidade, mas com o auxílio da Graça lutar para transformá-la[4]. O trabalho não é um fim em si mesmo.
Há um texto do século II, que diz: “o que a alma é no corpo, isso são os cristãos no mundo”[5]. Semear a Cultura de Pentecostes no mundo profissional implica em viver essa afirmação! Não podemos permitir que a profissão seja o nosso foco e, de tal modo maçante, que nos tire a força para seguir no caminho de Jesus. O trabalho não é e não pode ser pedra de tropeço para nós, mas, ao contrário, é dom de Deus e espaço, também, para a vivência e testemunho do Evangelho. Devemos ser Profissionais do Reino, sal e luz onde estivermos, servidores que olham seu trabalho como ambiente de amor e serviço ao próximo, de missão e anúncio!
“Deus não te arranca do teu ambiente, não te tira do mundo, nem do teu estado, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional… mas, aí, quer-te santo!”[6] A Igreja ensina que a missão dos leigos é fazer com que as pessoas ao seu redor conheçam e amem a Cristo e que devem cunhar com a sua fé a sociedade.[7] Somos chamados à santidade no trabalho, a sermos profissionais que não fazem somente suas tarefas, mas que são compromissados com a construção da Civilização do Amor. Será que, hoje, temos conseguido cumprir essa missão?
Para implantar a Cultura de Pentecostes temos que ser a alma do mundo, mostrar com a nossa vida e trabalho, nas pequenas e grandes atitudes, que a Graça e o Amor de Deus são reais e transformam as realidades. “Viva de tal maneira que te perguntem por Cristo!”[8]. Que em nosso ambiente de trabalho possamos dar um grande testemunho do Senhor, plantando sementes de Pentecostes diariamente! Que brilhe a nossa luz diante dos homens para que vejam nossas boas obras e glorifiquem o Pai que está nos Céus![9]
MUR apresenta nova edição do projeto 1º de Maio
Há dois anos, a Comissão Nacional de Profissionais do Ministério Universidades Renovadas propõe uma vivência diferente do Dia do Trabalhador. Na data, são promovidas atividades de conscientização e evangelização desta classe. Em 2012, o projeto busca fortalecer-se, ampliando a sua atuação e buscando novas ideias de realização. Leia mais.
[1] Youcat: Catecismo Jovem da Igreja Católica, nº 44.
[2] Laborem exercens, nº 9
[3] A Beata Teresa de Calcutá ensina que Deus não nos julgará pelos atos que fizemos, mas pelo quanto de amor colocamos neles.
[4] Cf. Rm 12, 2
[5] Carta a Diogneto, um dos primeiros escritos sobre os cristãos.
[6] São José Maria Escrivá. Ele ensina como o trabalho é local para a vivência do Cristo, meio para alcançar a santidade.
[7] Youcat, nº 139
[8] Paul Claude, poeta e dramaturgo francês.
[9] Cf. Mt 5,16