“Mas agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto a santidade; e o termo é a vida eterna” (Rm 6,22).

Caríssimos irmãos e irmãs, revistamo-nos da santidade de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Temos sido evangelizados pela Mãe Igreja e, por tal anúncio, descobrimos que Jesus morreu por nós, para nos redimir do pecado e nos reintroduzir em Seu Reino (cf. Col 1, 13-14). A este respeito, Santo Agostinho nos ensina que o homem é a moeda de Cristo, porém manchada e embaçada pelo pecado… Cristo, com sua vinda, tornou a esculpir Sua imagem nela. Desde então, o homem é moeda de Cristo que ostenta Sua imagem, Seu Nome, Sua graça e porte.

Portanto, resgatados por Cristo, regenerados por Seu amor, diz-nos a Escritura, produzamos como fruto, como consequência, como resultado a santidade. E o que é santidade? São Bernardo de Claraval nos diz que a “santidade é a medida pela qual a Esposa (Igreja) responde com Amor ao dom do Esposo (Cristo)”, isto é, é resposta de amor, ainda que imperfeito, ao próprio Amor. Também o saudoso Papa Bento XVI nos dá uma preciosa pista: “A cultura dominante de nossa época tende a reproduzir personalidades fragmentadas, fracas, inconsistentes. As pessoas vivem como se a verdade não existisse, como se o desejo de ser feliz que está no coração do homem fosse destinado a ficar sem resposta. A força do cristão, a força de todo o ser humano, está em encontrar Aquele que é a Verdade e reproduzir esta Verdade dentro de si e nos seus relacionamentos” (Encontro com líderes de Movimentos e Novas Comunidades, maio/2006). Portanto, santidade é reproduzir em nossa vida o caráter, o pensamento, os sentimentos, os atos, as palavras de Cristo!

Nesta caminhada de inspiração e muita transpiração, o Espírito Santo vem em nosso auxílio. Com efeito, o grande e maior propósito do Espírito Santo em nossas vidas é tornar-nos santos. Os maiores milagres ocorridos em Pentecostes não foram as grandes manifestações carismáticas e os prodígios (curas, ressurreições, eventos sobrenaturais), mas precisamente a grande conversão dos discípulos: a sua profunda mudança de valores, de mentalidade, de sentimentos, etc. O mesmo Simão Pedro que negou Jesus, agora é o Pedro que volta a Roma para confirmar a fé da Igreja em Seu Senhor e ser crucificado de ponta-cabeça; Saulo que outrora perseguia e assassinava cristãos “em nome de Deus”, agora é Paulo, o Apóstolo das Gentes, que se fez tudo para todos a fim de alcançar a todos. Esta é a obra grandiosa de conversão que o Espírito Santo pode e quer realizar em nós. Por isso, urge clamarmos pela contínua efusão do Espírito Santo, pois é Ele quem faz os santos!

Alguns podem pensar que santidade é chamado para alguns “iluminados”. Não! São João Paulo II nos diz: “Este ideal de perfeição não deve ser objeto de equívoco vendo nele um caminho extraordinário, percorrível apenas por algum ‘gênio’ da santidade. Os caminhos da santidade são variados e apropriados à vocação de cada um. Agradeço ao Senhor por me ter concedido, nestes anos, beatificar e canonizar muitos cristãos, entre os quais numerosos leigos que se santificaram nas condições ordinárias da vida. É hora de propor de novo a todos, com convicção, esta ‘medida alta da vida cristã ordinária’” (Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, 31).

Portanto, santidade não é algo inacessível. Somos chamados a ser santos no dia a dia, nas grandes e pequenas coisas, em público e no anonimato, como leigos ou clérigos, como esposos, pais, filhos, profissionais, estudantes, jovens ou anciãos, como católicos que lutam para testemunhar e honrar Aquele que os salvou.

Olhemos, pois, para Maria Santíssima, Rosto e Modelo de santidade para toda a Igreja. Que Ela nos ensine a viver como escolhidos e a caminhar na via da virtude.

 

Veni Sancte Spiritus!

Vinícius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL
G.O Jesus Senhor