“Até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo.” (Ef 4, 13)

 

Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Este trecho da Carta aos Efésios realça o nosso chamado batismal a atingirmos a maturidade de Cristo, a medida de Sua estatura. Em outras palavras, Cristo é o nosso modelo e precisamos ser cada dia mais parecidos com Ele. Atingir a maturidade de Cristo é sermos santos como Ele é Santo! Nossas atitudes, escolhas, missão, nossa vida como um todo devem ser pautadas em Cristo e em Sua Palavra.

Atingir a maturidade de Cristo significa corresponder a esse chamado primeiro: a santidade. Nenhum aspecto de maturidade se alcança com a negação desta vocação universal, que é o chamado à santidade de vida. O maduro busca ser santo, e o santo é, sem dúvida, uma pessoa madura!

O Concílio Vaticano II nos trouxe, com grande ênfase, essa importante verdade: “todos os cristãos, seja qual for sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um no seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai” (Lumen Gentium, 11).

Nesse sentido, Santa Teresa d’Ávila, em sua Obra “As Moradas” nos apresenta uma espécie de degraus espirituais ou passos que damos dentro do nosso Castelo Interior para o encontro definitivo com o Rei. Antes da Primeira Morada, a alma está totalmente desconectada de Deus, vivendo uma falsa liberdade que é, na verdade, pura escravidão. Já a Primeira Morada é a entrada no Castelo Interior, isto é, a decisão de buscar Deus verdadeiramente. Na Segunda Morada tomamos a decisão de romper nossa relação com o mundo e escolhemos Deus. Já na Terceira Morada passamos a nos conhecer mais profundamente, num rico processo de autoconhecimento, essencial para uma conversão sincera.

A Quarta Morada é a compreensão profunda do mistério de amor de Deus, que nos seduz e atrai a Si; na Quinta Morada vivemos conscientemente a frase de São Paulo: “Já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim!” (Gálatas 2,20). Na Sexta Morada já estamos no caminho da perfeição, pois abandonamos há tempos o pecado e as pequenas faltas, vivendo Cristo em nós. Esta morada é marcada muitas vezes pela sensação da Noite Escura, sentimento de ausência de Deus, mas esta sensação, não raro, se alterna com uma experiência muito profunda da presença de Cristo. Já Na Sétima Morada a alma torna-se esposa, com a união definitiva com Deus. A união com Deus é uma participação profunda no desejo de Deus de salvar todas as pessoas. Através deste matrimônio espiritual, tudo fica transformado e se recebe um renovado desejo de viver assumindo a própria condição e os próprios compromissos terrenos de maneira ainda mais concreta e sem fugir da realidade.

Com efeito, somos chamados a dar estes passos de maturidade em todas as áreas da nossa vida. Maturidade na vida pessoal significa viver em retidão, agir em todos os momentos com filho da luz, eliminar as contradições em nossa vida; maturidade na vida espiritual significa buscar Deus de todo o coração pela via excelente da oração, das Escrituras, das práticas espirituais; maturidade na missão significa apresentar alto nível de comprometimento diante do chamado amoroso de Deus, que não brincou ao nos chamar, significa ser-Lhe fiel mesmo nas perseguições, prisões, martírio moral ou físico, significa agir como um recrutado pelo Senhor e não como um mero voluntário; maturidade eclesial implica em ser Igreja na sua concretude – Assembleia dos Convocados por Deus para ser sal da terra e luz do mundo, a partir do relacionamento com Ele e com os irmãos –. Num estágio de maturidade supõe-se a superação dos rompantes da infância e da adolescência: não há mais espaços para desobediências, rebeliões, convulsões interiores que levam à divisão, mas uma abertura sincera à comunhão, fazer-se fermento na massa, construtor da Civilização do Amor.

Portanto, maturidade evoca um jeito de ser consciente, que age com sabedoria e reflexão, um ser virtuoso, prudente, equilibrado, cheio de bom senso e discernimento, uma pessoa sábia, enfim, uma pessoa santa.

Que Maria Santíssima, A Madura, interceda sempre por nós Seus filhos e filhas amados.

Veni Sancte Spiritus!

Vinícius Rodrigues Simões

Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL

G.O Jesus Senhor

Dê o play e ouça a carta: